Desenhista de saga dos quadrinhos consagrada revela seu lado da história
Por Pablo Miyazawa Publicado em 11/03/2009, às 17h08
Entrevista: Dave Gibbons
Se você percebesse em 1986 o quão importante Watchmen se tornaria, seu trabalho fi caria mais difícil?
A gente meio que trabalhava em uma bolha. Alan [Moore] escrevia o roteiro, eu desenhava, John [Higgins] coloria e mandávamos para a [editora] DC. O único comentário que recebíamos era: "Está ótimo, parabéns!" A gente não sabia o que eles achavam de verdade. Foi quando visitamos os Estados Unidos após as três primeiras edições que tivemos um retorno. E foi dos mais positivos! Havia pressão, mas o cronograma era tão apertado que não havia tempo de sentar e pensar nisso. Ninguém imaginava que o negócio iria além, que iria durar até hoje ou que seria feito um filme baseado nele.
Há músicos que odeiam escutar a própria música. Quando foi a última vez que você leu Watchmen inteiro?
[Risos] Tenho que admitir que faz uns 15 anos que não me sento para ler Watchmen. Estou pensando em fazer isso no avião a caminho para os Estados Unidos, para quando eu escutar certas perguntas não me sentir um total idiota.
Os fãs sabem mais sobre a história do que você mesmo?
Minha esposa nunca havia lido Watchmen. Quando soubemos que viraria fi lme, ela disse: "Parece que agora vou ter que ler, né?" E eu: "Sim, porque é isso que vai pagar o aluguel daqui em diante!" Daí ela leu antes de visitarmos o set do filme. Entre as filmagens, os atores ficaram me fazendo perguntas complexas, e eu não sabia responder. Foi ela quem me lembrou de vários detalhes [risos]. Ao que parece, agora ela é a especialista, e não eu!
Os Bastidores de Watchmen
Recheado de esboços, fotos inéditas e com acabamento primoroso, Os Bastidores de Watchmen não apenas é o perfeito guia de referência da HQ mais importante e conceituada de todos os tempos, como serve de combustível para o hype - o filme baseado na obra estreou em 6 de março. O desenhista Dave Gibbons, sempre colocado como o coadjuvante em se tratando de Watchmen (os louros sempre fi caram com o escritor Alan Moore), tem aqui a chance de defender seu peixe e reforçar sua versão dos fatos. A saborosa narrativa, escondida em meio às páginas ricamente rabiscadas, é recheada de curiosidades e detalhes que desmistifi cam positivamente os meandros do processo criativo da dupla. Dificilmente o público ocasional - aquele que vai ao cinema esperando ver um clone qualquer de X-Men - irá se interessar, mas, para fãs de verdade, é luxo obrigatório.
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