Com arte em diversas metrópoles e a ONG paulistana Pimp My Carroça, Mundano trabalha contra problemas sociais e ambientais
Anna Mota Publicado em 10/07/2017, às 17h00 - Atualizado às 17h22
“Mundano" é um adjetivo que, dentre outros significados, expressa o que é próprio dos aspectos mais triviais da vida urbana. É também a assinatura do grafiteiro Thiago Mundano, que escolheu o termo pela conexão com os motivos que o fizeram querer marcar os muros da cidade. Além de artista, ele é o criador da ONG Pimp My Carroça, que visa melhores condições de trabalho aos catadores de lixo, por meio de ações como exposições, mutirões e passeatas.
“Nas carroças eu encontrei um meio legítimo de expor minha arte, dar um novo sentido a ela, aumentando a autoestima e a visibilidade dos catadores, que prestam um serviço público”, explica Mundano. Em comemoração aos cinco anos de existência, a Pimp faz uma festa no Auditório Ibirapuera no próximo dia 15. A celebração traz a exposição Mini My Carroça, com mais de 150 miniaturas de carroças feitas à mão, pintadas por Mundano e outros grafiteiros como Mauro, Enivo, Gatuno, Iskor, Dédo, Magrela e pelo rapper Emicida. O evento também marca o lançamento do aplicativo Cataki, que conecta os catadores às pessoas que buscam coleta seletiva. “Queremos aumentar a renda deles e ajudar na legitimação da profissão.”
“Os homens das cavernas pichavam as cavernas para ilustrar o próprio cotidiano. Eu, da mesma maneira, comecei a rabiscar as ruas para deixar minha marca, e passar uma mensagem que interferisse na bolha individualista das pessoas”, explica o artista, que começou a carreira há 18 anos. Nos murais espalhados por São Paulo, cidade natal dele, e em outros 17 municípios mundo afora (incluindo Nova York, Tóquio e Istambul), é possível observar um padrão de figuras humanas, cores vibrantes e frases políticas. É o que Mundano chama de “‘grafite papo reto’, que impacta as pessoas instantaneamente."
Para ele, “o grafite é uma arte democrática, que entra em contato com a população de um país onde a arte é elitizada”. Suas criações tratam de deficiências sociais e infraestruturais de grandes centros urbanos. “Escolho temas e lugares que se relacionam com a realidade das pessoas, procurando entender e amplificar as necessidades da população, que não chegariam a uma audiência tão grande senão pelo grafite”, defende. São frases e desenhos que estampam a realidade de moradores de rua, do trânsito caótico e da corrupção.
Calcado nessa convicção, o grafiteiro entrou em conflito com o prefeito de São Paulo, João Dória, em janeiro. Mundano queria manter uma mensagem que pintou em um muro no Largo da Batata. “Não dê vexame, São Paulo não é Miami”, dizia a frase apagada, que fazia referência à proposta de Dória da criação do “grafitódromo” inspirado no bairro artístico de Wynwood, em Miami.
Como protesto, Mundano foi até o local para limpar a tinta que cobria o texto, e fez um vídeo do momento em que lavava a parede. O registro alcançou 700 mil visualizações no Facebook. “Fui lá recuperar meu direito de liberdade de expressão, que deveria ser garantido pela Constituição”, afirma. As críticas ao governo não são exclusividade da gestão atual. “O [Gilberto] Kassab, que começou com isso de Cidade Linda, e o [Fernando] Haddad censuraram meus murais diversas vezes.”
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