A onipresença do rock, a força das vozes femininas, as referências sessentistas, o foco nas pistas de dança: os ingredientes indispensáveis das grandes canções nacionais e internacionais do ano que passou
Redação Publicado em 22/02/2010, às 17h42
Confira depoimentos dos artistas sobre seus trabalhos.
1 "My Favorite Way" Black Drawing Chalks
A melhor canção do rock brasileiro em 2009 é... cantada em inglês. O empolgante hit do quarteto goiano é uma pérola certeira em todos os quesitos: a batida é irresistível. Os riffs esbanjam personalidade. O vocal, agressivo na medida, canta uma letra no limite do nonsense. Com energia e maturidade adquiridas na estrada, o Black Drawing Chalks criou um cartão de visitas digno da mais grata surpresa do ano.
2 "Cangote" Céu
A voz delicada de Céu fica em segundo plano neste reggae psicodélico cantado em marcha lenta. Entre os versos sussurrados de maneira preguiçosa, se sobressaem as texturas sonoras geradas por teclados, sopros e um baixo sempre marcante.
3 "Cover" Erasmo Carlos
No ritmo do country rock e sem se preocupar em soar presunçoso, o eterno Tremendão faz uma ode divertida e louvatória à sua própria originalidade. Talvez agora surjam os tais covers de Erasmo, que, segundo ele, inexistem no país.
4 "O Tempo" Móveis Coloniais de Acaju
Melhor faixa de C_mpl_te, segundo disco do grupo brasiliense, que revela de uma só vez todo o potencial musical do octeto: os metais suntuosos, a voz equilibrada e afável de André Gonzales, as pausas precisas e um refrão inesquecível.
5 "Me Adora" Pitty
Em uma carta-resposta endereçada a seus detratores na imprensa, a cantora evoca a jovem guarda e os grupos vocaiscriados pelo produtor Phil Spector para cometer o refrão mais lembrado do rock nacional em 2009.
6 "Invejoso" Arnaldo Antunes
Com uma letra recheada de boas rimas e melodia puxada sem pudor para o brega clássico, Arnaldo Antunes descomplica sua música, abraça o pop com carinho e se descobre mais acessível do que jamais foi antes em sua carreira.
7 "O Nada"
Cidadão Instigado
Em uma espécie de ode singela ao desprendimento, Fernando Catatau pontua esta marchinha psicodélica com distorções de guitarra e súplicas desafinadas e desesperadas.
8 "Só Isso" Emicida
Enquanto descreve suas tortuosas peregrinações pelos extremos diversos de São Paulo, Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, revela sutilmente as origens do combustível que resultam em suas rimas exterminadoras.
9 "Assinado Eu" Tiê
A combinação básica de violão e a voz intimista e convidativa da cantora paulistana ganha profundidade e delicadeza em uma balada sincera que expõe as agruras dos relacionamentos platônicos sob a ótica de uma mulher.
10 "Bee on the Grass" Mallu Magalhães
Não são poucos os artistas que tentam - em vão - fazer referências aos Beatles, à psicodelia ou ao tropicalismo. Mallu, porém, explora os clichês com criatividade, ousadia e graça ao narrar o passeio despreocupado de uma abelha.
11 "Hemisfério" Vanguart
Amores não compreendidos e rejeição são temas recorrentes no cotidiano musical. Mas escrever sobre o assunto com sutileza e profundidade é proeza para poucos - Hélio Flanders, porta-voz do Vanguart, consegue.
12 "Beleza" Mariana Aydar
Para fugir do lugar-comum na música nacional, a paulistana utiliza um criativo jogo de palavras para narrar as práticas do amor, em uma canção carregada de sensualidade e calor feminino.
13 "Incompatibilidade de Gênios" Caetano Veloso
O samba-desabafo composto por João Bosco e Aldir Blanc é desconstruído por Caetano e a Banda Cê e ganha ares modernos, com uma levada de bateria quebrada e guitarras distorcidas com indisfarçável apelo indie.
14 "Cira, Regina e Nana" Lucas Santanna
Fazendo uso apenas de violão, sampler e munido de uma letra bem elaborada, o músico baiano presta homenagem às suas musas em uma canção que poderia muito bem estar em um álbum de Jorge Ben Jor.
15 "Bubuia" Céu
Permeada por uma levada hipnótica e instigante, Céu convoca as vozes de Anelis Assumpção e Thalma de Freitas para, juntas, se deixarem levar pela força da canção. A parceria de impacto cresce, até se tornar apoteótica.
16 "Longe" Arnaldo Antunes
Arnaldo deixa de lado qualquer relação com o concretismo para entregar uma balada singela e direta, cujo delicado arranjo à moda da jovem guarda faz justiça ao título do álbum, Iê Iê Iê.
17 "Esconderijo" Ana Cañas
Tal qual um folk ingênuo de trilha sonora de filme norte-americano açucarado, a cantora narra com delicadeza as esperanças geradas por uma nova paixão.
18 "6 Minutos" Otto
Sob um instrumental denso e soturno, Otto expurga seus medos e demônios pessoais em uma das letras mais doloridas e confessionais de 2009.
19 "Balada do Paulista" Lulina
Carregando no escracho, a compositora pernambucana enfileira as gírias utilizadas pelos nascidos em São Paulo. Os versos, cantados no ritmo de cantigas, explodem em um refrão carnavalesco.
20"Horses Can't Dance" Mickey Gang
O quarteto de Colatina (ES) não tevemedo de soar datado ao permear esta faixade riffs de guitarra e frases de teclado deliciosamente bregas. O resultado cumpre seu intuito: fazer dançar sem culpa.
21 "Menos" Porcas Borboletas
Menos é mais neste rock quase primitivo: levado por baixo e bateria minimalistas e conduzido por uma letra de cunho existencialista, remete aos áureos momentos do BRock dos anos 80.
22 "Para Fazer Sucesso" Romulo Fróes
Ironia é a palavra de ordem nesta balada quebrada que abre o lado mais sambista do disco de Fróes: uma carta de intenções ao avesso sobre as concessões que os artistas são obrigados a fazer.
23 "Adeus" Móveis Coloniais de Acaju
A canção mais inusitada já gravada pela big band de Brasília se afasta ligeiramente do tradicional ritmo de festa: o clima é de despedida, e a letra homenageia os fãs, sempre tão participativos nas concorridas apresentações ao vivo.
24 "Modern Kid" Júpiter Maçã
Flávio Basso esquece a psicodelia que marcou seus trabalhos mais famosos e aposta em um glam-rock suingado que poderia perfeitamente fazer parte da trilha de um filme de Quentin Tarantino.
25 "Pavão Macaco" Wado
Destoando do clima afoxé que permeia seu quinto disco, Atlântico Negro, Wado resume em uma balada de lamento a solidão proporcionada pelos relacionamentos interpessoais no mundo moderno.
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