Um Guns e um Stone - “É engraçado ver o Axl Rose usando esta camiseta com o Keith Richards estampado”, diz John Varvatos. “Desconfio que ambos estavam intoxicados nas duas ocasiões” - Divulgação

Atitude com Estilo

O estilista John Varvatos tem uma longa história junto ao Rock and Roll. No novo livro, Rock in Fashion, ele mostra como a moda e a música atravessam décadas de mãos dadas

Paulo Cavalcanti Publicado em 30/01/2014, às 13h48 - Atualizado às 14h06

O estilista e empresário John Varvatos está por trás de uma série de produtos masculinos de sucesso que levam o nome dele, como roupas, calçados, fragrâncias e todo tipo de acessório. Por trás do homem que cria e supervisiona itens sofisticados também existe um roqueiro de corpo e alma. A loja de Varvatos em Nova York está localizada no mesmo espaço onde existiu o antigo clube CBGB, um dos berços do punk norte-americano. A paixão dele pelo rock e pela moda gerou o livro John Varvatos – Rock in Fashion (Harper Design, coescrito com Holly George-Warren, ainda sem previsão de lançamento no Brasil), que radiografa cinco décadas de música e estilo. As fotos, algumas icônicas e outras produzidas especialmente para a obra, foram escolhidas e editadas por Varvatos em um trabalho que levou dois anos. “Todas as minhas noites e finais de semana se foram nesse processo”, ele conta. Detroit, a cidade-natal de Varvatos, teve papel importante na origem do livro: “Eu cresci entre os rebeldes. Em Detroit, tínhamos uma cena musical excitante e revolucionária: Motown, MC5, Iggy Pop & The Stooges, Alice Cooper... Eu logo absorvi tudo e sempre tentei colocar esse espírito em meu trabalho”.

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Para o estilista de 47 anos, desde o começo é impossível desassociar o rock e a moda. “A partir dos anos 50, o rock mudou totalmente a dinâmica entre moda e showbiz”, afirma. “Antes, os músicos das grandes orquestras se vestiam como corretores de seguro, com ternos convencionais. Com Elvis Presley dando o pontapé, a ideia era projetar uma imagem sexy e anticonvencional. E assim tem sido.” Varvatos exibe um olhar preciso sobre as mudanças na percepção da música e do conceito de estilo. “Muitas vezes a moda pode parecer ridícula”, decreta. “Nos anos 70, bandas usavam calças boca de sino, bigodões, costeletas, coisas exageradas. Já o glam definiu o que era ser um astro do rock diferente, com as bandas trajando até vestimentas de mulher. Mas se falam mal da década de 70, ainda acho que os anos 80, com a new wave e as cores chocantes, foram ainda mais extremos. Sem contar a cena de Los Angeles, com as bandas da Sunset Strip, o Mötley Crüe, entre outras. Eu admiro esses caras, isso sim é que era atitude de rockstar.”

Analisando os artistas recentes, Varvatos acredita que as coisas mudaram muito – talvez até para melhor – na moda roqueira. “O Nirvana, o Pearl Jam e o estilo grunge tinham uma atitude totalmente antifashion”, comenta. “Isso veio do Neil Young, que era um cara sem glamour e que achava que era melhor subir ao palco com as roupas do dia a dia. Mas algumas pessoas do grunge mudaram, como o Chris Cornell, que com o tempo se tornou um cara sofisticado.”

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