<b>JUNTO E MISTURADO </b> Siba buscou uma pegada mais roqueira ao seu som regional - TALITA MIRANDA/DIVULGAÇÃO

Avante pela Guitarra

Acompanhado de banda e sem a rabeca, Siba mostra assinatura sonora original em novo disco

Lucas Nobile Publicado em 13/02/2012, às 11h48

O desapego é o atalho mais curto para a evolução. A toada de fugir da estagnação sempre guiou Siba, e, não à toa, seu novo disco solo foi batizado de Avante. “Em algum momento eu percebi o quanto que era importante, pra mim, não estar apegado a uma imagem que eu fiz de mim mesmo, algum modelo que eu tinha perseguido”, explica o cantor e compositor, em cena do documentário No Balé das Tormentas – feito por Caio Jobim e Pablo Francischelli sobre o processo de concepção do álbum –, que deve estrear no Festival de Cinema de Recife.

Depois de cinco anos vivendo na região de Nazaré da Mata, em Pernambuco, Siba achou que não era mais viável continuar lá e decidiu se mudar para São Paulo. Mais do que isso, passou a se questionar e a tentar descobrir um novo formato estético para sua música, mesmo que não soubesse ao certo o que buscava. O caminho honesto que encontrou apareceu pela guitarra. “A rabeca não daria conta. Tive de passar por uma reconstrução da cultura da guitarra e retomar de um jeito atual. Nisso, teve muita influência de como usavam o instrumento na África, principalmente no Congo, que eu vinha escutando muito, com vibrafone, kalimba”, diz, lembrando também da importância de Fernando Catatau, que também assina a produção do disco, na seara para que ele se reencontrasse como guitarrista. “O Catatau foi um interlocutor. Ele é mais oitentista, diferente de mim, mas foi muito importante”, ele conta.

Com tantas mudanças na cabeça, Siba precisava encontrar um meio de amarrar o disco e conferir uma unidade a ele. Para isso, manteve, naturalmente, sua essência de compor as letras – aprendizado no motor de gerar poesia dos cantadores, violeiros e do maracatu –, além de definir a formação (inusitada) da banda que o acompanharia. Convocou, então, músicos que, assim como ele, não são apenas instrumentistas, mas também criadores: Antonio Loureiro, no vibrafone, Léo Gervázio, na tuba, e Samuel Fraga, na bateria (substituído nos shows por Serginho Machado). “O show vai ser mais pesado que o disco. É como animal, você precisa domar para depois soltar”, diz Siba sobre o resultado do álbum, diferente de seus trabalhos com Roberto Corrêa, Mestre Ambrósio e Fuloresta, mas que mantém sua assinatura particular.

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