Academia da Berlinda cria conexão latino-pernambucana para fazer dançar colado
José Julio do Espirito Santo Publicado em 08/05/2008, às 11h28
Uma brincadeira que deu muito certo foi a origem da Academia da Berlinda. Para animar a festa de inauguração da casa de um amigo, músicos que se conheciam desde pivetes se reuniram para tocar covers de clássicos brega. Era abril de 2004. Em pouco tempo, o septeto nascido em Olinda criava um repertório próprio, repleto de referências dançantes, como merengue e afrobeat. "É massa porque a gente bota os amigos para dançar agarradinho", entusiasma-se Alexandre Urêa, responsável por parte da percussão e das vozes da Berlinda. Ele também toca no Eddie e todos os membros da Academia se orgulham de estar em bandas que formam a rica cena musical de Pernambuco, independente em sua essência. Gabriel (guitarra) faz parte da Aparelhagem, projeto do DJ Dolores; Tom Rocha (percussão) toca no Mundo Livre s/a; Yuri (baixo) e Irandê (bateria) integram A Roda; Tiné (voz) e Hugo Gila (teclados) são membros da Orquestra Contemporânea de Olinda. "Rola um trabalho de logística maior", Yuri comenta para explicar a sincronização de agendas dos seis grupos.
No ano passado, eles gravaram o primeiro álbum, homônimo, que contou com várias participações. Entre elas, vocais de Fred Zeroquatro, do Mundo Livre s/a, Jorge DuPeixe, da Nação Zumbi, e China."No começo era o brega. Depois vieram a cumbia e a salsa", Yuri revela os temperos da salada, "então a gente foi colocando coisas daqui - como ciranda e coco - misturando ritmos". Dentre as faixas do disco, uma improvável homenagem a Ivete Sangalo. Sem axé, a Academia toca o coração da baiana rimando "Ivete" com "canivete". "Fiquei sabendo que ela ouviu a música e pirou porque o apelido dela era mesmo Ivete Canivete quando era pequena."
Mesmo entrando de cabeça em estilos megapopulares, a banda não compactua com o vocabulário dominante atualmente, em que mulheres são cachorras. "Hoje em dia tem muita música brega que trata a mulher de forma pejorativa", aponta Urêa. "Dizem que é brega, mas acho mais uma mistura de ragga com parte do rap norte-americano que denigre a mulherada nas letras." Isso não é aprovado pela Academia da Berlinda. "A gente quer chamar para dançar, mas com classe", ele completa.
Ainda assim, é música para deixar "envernizado", coisa que acontece bem com a aproximação dos corpos, como nos melhores bailes de forró. Urêa explica: "Quando a gente vai dançar com uma menina, a coisa pode esquentar e aí vem a envernizada". Não à toa, uma das canções que fazem mais sucesso nos shows deles leva esse nome. "A gente queria fazer um som que desse essa mesma sensação que o forró causa, mas explorando outros ritmos."
Todos os ritmos presentes na Academia da Berlinda já os levaram para shows em modernas casas noturnas no Sudeste e no Sul e para os mais tradicionais bailes de Olinda, no Clube das Pás e no Bela Vista. "Na primeira vez que a Academia da Berlinda tocou no Clube das Pás, foi engraçado porque o presidente de lá achava estranho a molecada fazer um som antigo assim", lembra Yuri, e conta que, naquela festa, assim como é a banda hoje, era uma noite especial "old school vs. new school".
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