<b>Opostos Complementares</b><br> Momo lança canções mais alegres, mas ainda com um quê de melancolia - Divulgação

Balanço Lusitano

Com ajuda de Marcelo Camelo, Momo valoriza groove em disco gravado em Portugal

Lucas Brêda Publicado em 07/05/2017, às 11h31

Penúltimo álbum de Momo (codinome do mineiro Marcelo Frota), Cadafalso (2013) tem capa desfocada e em preto e branco, é inteiro reproduzido em voz e violão e é ancorado na languidez de faixas como “Sozinho”. O sucessor, Voá, quinto álbum dele, lançado em fevereiro, é uma resposta a esse “antigo” e sombrio Momo, que vem agora cheio de groove, algumas letras esperançosas e uma atmosfera solar. “Perdão, o meu destino não é solidão”, canta ele logo na abertura, “Esse Mar”.

“[Thiago Camelo] escreveu essa música em cima de uma melodia minha e fez pensando em mim”, conta Momo, falando do irmão do ex-Los Hermanos Marcelo, que também é coautor de faixas de Voá. “Essa foi minha primeira parceria com o Thiago. Eu tinha acabado de voltar de Chicago, cheguei no Rio de Janeiro sem saber muito o que fazer. Aí ele diz: ‘Meu destino não é a solidão’. Não é à toa que ela inicia o disco.” Depois de uma temporada na cidade norte-americana em 2014, Momo encontrou o casal Marcelo Camelo e Mallu Magalhães e foi convencido a tentar uma vida em Lisboa, onde vivem.

Voá é resultado da mudança para o bairro de Alfama, na capital portuguesa – não só tematicamente, mas também de maneira prática: o álbum foi produzido e gravado por Marcelo no estúdio dele. “Quem construiu a seção rítmica foi o Marcelo”, explica Momo. “Era uma preocupação nossa: os beats, os andamentos. Foi um movimento diferente do que eu vinha fazendo. Existem sambas e balanços assumidos. Antes, eles não eram explorados.” Além dos irmãos Camelo, Momo contou com a ajuda de Wado na composição de “Nanã”. O lusitano Camané – para o mineiro, o “melhor cantor de fado” – empresta a voz à ode geográfica “Alfama”.

Apesar de representar um caminho significativamente mais iluminado para Momo, Voá ainda é majoritariamente composto em tons menores, garantindo a presença, ainda que em segundo plano, da melancolia característica da obra do artista. “Por mais que tenhamos alguém – uma esposa, um esposo –, a solidão é uma condição do ser humano”, pondera, como se não permitisse que o momento jubiloso lhe tirasse os pés do chão. “Quando a gente vai deitar à noite, somos nós com nós mesmos. Nós e nossos monstros e demônios.”

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