Black Drawing Chalks é o mais novo produto feito pela agitação roqueira de Goiânia
Por Leonardo Dias Pereira Publicado em 13/10/2009, às 16h04
A apresentação dos goianos do Black Drawing Chalks em um conhecido clube de rock paulistano chegava próxima ao fim quando, em uma das pausas, uma garçonete sobe ao palco com vistosas canecas de cerveja irlandesa para cada integrante da banda. O guitarrista Renato Cunha, fazendo jus a seu tamanho, vira a dele em uma golada. Os irmãos Douglas e Dênis de Castro, baterista e baixista, também bebem rapidamente, enquanto o vocalista e guitarrista Victor Rocha beberica tranquilamente. A plateia então resolve instigá-lo, gritando incessantemente o corinho de "vira, vira, vira". E Victor vira, mas tudo no peito do baterista Douglas, solta um sonoro palavrão e emenda os acordes de "Don't Take My Beer". "Esse lance de derrubar bebida a gente aprendeu com o pessoal do MQN. Se você vir um show deles perto do palco, certamente vai sair molhado", conta Victor.
A veterana banda goiana e toda a agitação roqueira da capital daquele estado tiveram um papel importante para a formação do Black Drawing Chalks. Quando morava em Jataí, interior do estado, Victor se esforçava para formar uma banda, "mas a galera só queria fazer covers e nunca rolava algo legal". Quando ele se mudou para Goiânia, em 2003, o ambiente ajudou. "Vi que todo mundo tinha banda, achei maravilhoso", conta. "Conheci o Douglas lá e a coisa engrenou logo." Já o nome da banda veio antes, durante uma aula do curso de design. "Numa aula de observação nós vimos uma amiga com uma caixa de lápis alemã que tinha esse nome e achamos muito chique. Na hora falamos: cara, isso é nome de banda." Quatro anos depois, com Dênis e Marco Bauer na formação, eles entraram em estúdio para gravar o primeiro álbum, Big Deal (Monstro Discos), produzido por Gustavo Vasquez, baixista do MQN, que não chegou a atrair tantos holofotes para a mistura de heavy metal setentista com a sujeira sonora do stoner rock feita por eles. "O motivo certamente foi porque não fizemos muitos shows pelo país naquela época, ficamos mais restritos a nosso estado", explica Victor. Mas durante esse período, a banda pegou uma cancha maior no palco, Renato entrou no lugar de Marco e começou a burilar as músicas do sucessor. O auge ocorreu no começo deste ano, quando os garotos fizeram uma turnê pelo Canadá, tocando em festivais que tinham em sua escalação nomes como The Ting Tings e Bloc Party. "Quando falávamos que éramos brasileiros, eles não acreditavam. Eu e o Douglas até ganhamos uma tatuagem por lá. O cara do estúdio queria fazer de qualquer forma, ficava falando que a gente iria ficar famoso e tal." No meio do ano, novamente sob a batuta de Gustavo Vasquez, e com a coprodução do também MQN Fabrício Nobre (que inclusive se tornou empresário do quarteto), eles gravaram em duas intensas semanas o elogiado Life Is a Big Holiday for Us, aprimorando a fórmula de seu anterior. "O Gustavo e o Nobre testaram conosco uns timbres novos, menos caretas, e o resultado fi cou incrível", diz Victor. A banda acabou com três indicações no VMB 2009, da MTV Brasil.
O grande trunfo do disco é a dançante "My Favorite Way", faixa que destoa completamente das demais e que conta com um clipe feito por animações produzidas pelo coletivo Bicicleta Sem Freio (que tem Douglas e Victor entre seus integrantes) e a produtora goiana Nitrocorpz. O difícil foi convencer o baixista Dênis na hora de gravá-la. Conta Victor: "Ele é o mais metaleiro da banda e fica querendo disparar mil acordes por segundo. Então a gente teve meio que amarrar os dedos dele. Aos poucos o convencemos falando, 'vai bicho, faz um trem mais fácil pra na hora do show você poder dar salto mortal carpado no palco sem errar'".
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