Em meio a diversos entreveros com Ozzy Osbourne, Bill Ward tem muito o que desabafar
Kory Grow | Tradução: Ligia Fonsec
Publicado em 08/05/2015, às 17h25 - Atualizado em 27/05/2015, às 18h23Faz três anos e meio que o Black Sabbath anunciou que gravaria o primeiro álbum desde 1978 e quase a mesma quantidade de tempo desde que os integrantes decidiram seguir em frente sem o baterista Bill Ward. Em 2012, Ward disse em comunicado que queria um “contrato assinável”, mas as negociações falharam. O disco 13 saiu, com Brad Wilk (Rage Against the Machine) nas baquetas, em 2013.
Recentemente, Ward publicou um comunicado no Facebook pedindo que Ozzy Osbourne se desculpasse pelas mentiras que vinha falando sobre ele. Osbourne respondeu afirmando que o baterista estava fisicamente incapaz de se comprometer com uma turnê e ainda pediu que o colega “parasse de se fazer de vítima”. Desde então, Ward já se pronunciou publicamente, mas nesta entrevista exclusiva ele desabafa sobre todas essas questões.
Os outros membros do Black Sabbath disseram que estão trabalhando em um novo álbum. Eles falaram com você sobre isso ou sobre fazer uma turnê?
Não diretamente. Esse é um dos motivos para eu querer me manifestar agora, porque acho que, às vezes, quando ouço essas histórias, eles estão falando sobre mim, mas não falam diretamente comigo. A única pessoa que falou diretamente comigo foi o [baixista] Geezer [Butler], alguns anos atrás.
O que o inspirou a escrever no Facebook?
Há algumas declarações específicas que achei simplesmente grosseiras. Acho que se tiver de existir uma relação no futuro, especialmente com Ozzy, essas coisas precisariam ser abordadas e esclarecidas. Queria que ele corrigisse aquilo.
Uma das coisas que Ozzy disse foi que você estava “incrivelmente acima do peso”. É verdade?
A verdade é que eu estava acima do peso para tocar ao vivo, mas não para o estúdio. Podia gravar faixas com o peso que atingi. Todos eles sabem que tenho um regime de exercícios muito rigoroso. Em agosto de 2011, comecei a emagrecer, porque, àquela altura, pensei: “Ok, provavelmente daqui a cinco ou seis meses faremos mesmo uma turnê”. Quando estávamos na Inglaterra, eu andava 10 km antes do café da manhã, fazia musculação, andava entre 3 e 5 km à noite e tocava, digamos, três ou quatro horas por dia.
O que teria deixado o contrato “assinável” para você?
Quis ganhar mais dinheiro do que conseguimos no passado para shows em festivais. Acho que era algo em torno de US$ 80 mil por festival. Imagino o espanto de todos lendo isso, mas US$ 80 mil não é muito quando se toca em festivais. E gostaria que meu nome e imagem tivessem um contrato seguro, porque eles foram um problema no passado. Recebo uma taxa fixa por meu nome e imagem no merchandising e estamos brigando com os advogados para tentar ter um contrato correto para o uso deles. Além disso, queria participar dos lucros de composição. Apenas um gesto de boa vontade que dissesse que “atuar como baterista também faz parte da composição das músicas”.
Você apareceu com a banda em 11 de novembro de 2011, quando foi feito o anúncio de que o Sabbath faria um novo álbum. Por que você fez a aparição sem contrato?
Dei o benefício da dúvida aos advogados que estavam trabalhando para resolver isso.
Quando você parou de tentar contatar com a banda?
Ficamos tentando negociar até uma semana antes dos shows benefi centes em Birmingham [em maio de 2012]. Estávamos literalmente de malas prontas para partir para Los Angeles, caso dissessem “sim”.
O que fez com que você parasse de falar com os outros integrantes enquanto amigo?
Quando você ama alguém e começam a falar inverdades sobre você, dói muito. Então, você tem que remover o amor, deixá-lo de lado. Se eu ficasse, tipo: “Tudo bem, vocês podem cagar na minha cabeça”... isso teria me destruído como pessoa.
Por que você não ligou para Ozzy, como amigo?
Oz acabou comigo em público. Se ele tivesse feito isso de forma privada, provavelmente teríamos só brigado e dito “vai se foder”. Mas, como ele fez isso em público, estou fazendo o mesmo.
Você fala como se tivesse perdido um amigo.
Em 2012, passei por um período de luto por conta da perda da presença [de Ozzy] na minha vida. Foi terrível, eu chorei. Pensei: “Meu Deus, nem sei mais quem é essa pessoa”.