<b>Caminho ao Paraíso</b> Motocicletas na Oak Canyon Road, estrada que leva ao Born Free - Edu Mendes

Maior evento do mundo para os amantes de motos customizadas, o californiano Born Free é o paraíso das boas vibrações em duas rodas

Paulo Cavalcanti Publicado em 20/11/2013, às 12h55 - Atualizado em 05/12/2013, às 16h57

A Califórnia é a região dos Estados Unidos onde a busca por uma vida alternativa fala mais alto. Os motociclistas, livres para cruzar as estradas, são filhos típicos do chamado “Estado Dourado”. Então não é coincidência que Silverado, próximo a Long Beach, (sul da Califórnia) seja a vitrine do mais importante encontro de motocicletas vintage customizadas do mundo. Trata-se do Born Free, evento anual que em 2013 chegou à quinta edição.

Apreciar as incríveis máquinas, fazer amigos, reencontrar velhos companheiros e fazer negócios – esses são os ideais do Born Free, criado por Mike Davis e Grant Peterson, veteranos na arte de transformar velhas Harley-Davidson em invenções totalmente diferentes. Tudo começou despretensiosamente como um encontro de amigos e entusiastas das duas rodas. Ano após ano, o encontro ganhou enormes proporções, levando milhares de pessoas ao Oak Canyon Ranch, o local escolhido para ser o ponto de encontro da turma. Um ambiente deslumbrante cercado por vegetação e lagos, o Oak Canyon Ranch é uma vasta propriedade à beira da montanha Santa Ana, que costuma receber shows e outros evento além do Born Free.

“O Born Free se tornou algo muito maior do que nós jamais poderíamos ter imaginado”, comemora o idealizador, Mike Davis. “É muito mais do que uma mera exposição de motocicletas – é um encontro de amigos do mundo todo. O enfoque sempre foram as máquinas, mas são as pessoas que fazem esse show. O evento também ajudou muita gente; criou uma pequena comunidade, com sua própria economia. Pintores, customizadores, mecânicos, vendedores de peças, artistas e até confecções se beneficiam muito do Born Free. Isso realmente aproximou os entusiastas do motociclismo.”

De fato, o Born Free consegue ser bem-sucedido ao fazer a união da tradição com a modernidade: o evento reúne a velha guarda das duas rodas, mas também ganha espaço novo ao utilizar as redes sociais, como o Facebook e o Instagram, permitindo a aficionados de todas as partes do mundo saberem detalhes sobre o evento. Assim, os organizadores conquistam a simpatia e garantem a presença das gerações mais jovens, além de manterem a democracia imperando no Born Free. Apesar de a maioria das máquinas serem Harley-Davidson, os organizadores e participantes não têm preconceitos quanto a outros modelos ou em relação à procedência das motocicletas.

Normalmente,a cidade de Silverado é pura tranquilidade. E apesar da chegada de inúmeros motociclistas, customizadores, fãs e agregados por conta do Born Free, a paz reina e o clima é familiar: nada de Hells Angels mal-encarados ou arruaceiros enchendo a cara; ao invés disso, muita gente de boca aberta com a ousadia dos modelos modificados. Responsável pelas imagens que ilustram estas páginas, o fotógrafo Edu Mendes é um dos brasileiros que visitam com frequência o Born Free. “O evento é fechado para motoclubes”, ele explica. “Lá, cada um entra como indivíduo, não é representante disso ou daquilo. Membros dos Hells Angels até passam por lá. Mas eles vão à paisana, incógnitos, sem usar patches e as cores tradicionais da agremiação.”

Outros dos grandes atrativos do Born Free são os sorteios. Os participantes compram rifas e têm chance de concorrer a modelos raríssimos e customizados – em 2013, foram 22 motos sorteadas. A 5ª edição, que foi realizada em junho passado, foi a mais bem-sucedida até então, de acordo com Davis: “Foram 20 mil visitantes, 10 mil motos e 200 estandes de vendedores do mundo inteiro. Um dos pontos mais concorridos foi o swapmeet [local para a troca e venda de peças e motos usadas]. Tivemos 32 customizadores convidados. O favorito entre os customizadores foi Scott Tbone Jones, da Noise Cycles, que ganhou uma viagem ao Japão e um motor da Harley-Davidson”.

Até este ano, o Born Free operou como um evento gratuito. Mas, a partir do ano que vem, será cobrado um preço simbólico de US$ 10. Os organizadores alegam que nunca pretenderam ficar ricos com o encontro, mas a cobrança ajudará a controlar a multidão que se dirige todo ano ao local. Davis, por sua vez, segue cada vez mais animado e já se prepara para a edição 2014. “Ainda não me acostumei com o sucesso mundial. Tudo começou como uma brincadeira e tem crescido exponencialmente a cada ano. Também tenho muita sorte de ter um amigo como o Grant Peterson me ajudando a organizar tudo”, ele diz, e confessa: “Os dias que precedem o evento até hoje me dão um frio na espinha”.

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