Em livro, Kim Gordon comenta o divórcio, a arte e a vida depois do Sonic Youth
Jonah Weiner | Tradução: Ana Ban Publicado em 19/03/2015, às 12h01 - Atualizado em 28/04/2017, às 15h52
No final de 2011, duas coisas aconteceram na vida de Kim Gordon para virar tudo de cabeça para baixo. Primeiro, ela e o marido, Thurston Moore – com quem estava havia décadas e ao lado de quem fundou e liderou o Sonic Youth, completado pelo guitarrista Lee Ranaldo –, anunciaram o divórcio. Um mês depois, Ranaldo divulgou a dissolução do Sonic Youth. Recém-solteira e com sua principal válvula de escape criativa extinta, Kim diz que entrou em uma fase cheia de questionamentos. Então, em fevereiro do ano passado, ela fugiu de Northampton, no estado do Massachusetts, onde morava com Moore, e voltou para sua cidade natal, Los Angeles. Lá, começou a trabalhar naquilo que viria a ser Girl in a Band (sem título em português), recém-lancada biografia dela.
No começo, Kim encarou a tarefa de colocar no papel suas memórias como uma brincadeira. “Eu fiquei, tipo: ‘Quero escrever um livro como Crônicas, de Bob Dylan, e simplesmente inventar coisas’”, explica a artista, hoje com 61 anos. Não foi isso que aconteceu, mas ela reteve esse impulso de liberdade. “Eu não queria pensar demais sobre o que fazer. Sei que alguém vai escrever um bom livro sobre o Sonic Youth, mas, desde o início, eu decidi: ‘Não é isso’.” Ela se concentrou em recordações aleatórias, como se mudar para Nova York em 1980, como aspirante a artista conceitual, ou fazer o último show do SY, no Brasil, quando ela e Moore já não se falavam.
Apesar de Kim comentar o fim do casamento em Girl in a Band – reservando palavras bem duras para a nova parceira de Moore –, o ex aparece como uma figura estranhamente fantasmagórica. Ela explica que, em parte, essas omissões são em função de privacidade, mas também porque Moore tinha se tornado irreconhecível. “Ele era um desconhecido, de certa forma.”
Kim diz que, independentemente da separação, “os minutos estavam contados” para o Sonic Youth: “Você faz uma coisa durante 30 anos...”, e dá de ombros. Ultimamente, ela anda ocupada com um novo trabalho, o duo de guitarra Body/Head, mas garante que sempre se considerou uma artista visual que por acaso fazia parte de uma banda e que fechou o ciclo depois de um desvio de 30 anos. Atualmente está solteira, em Los Angeles, tentando organizar mostras de suas obras de arte.
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