Mostra em São Paulo faz retrospectiva sobre a vida e a obra de Jards Macalé.
Antônio do Amaral Rocha | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 13/06/2014, às 16h04 - Atualizado às 16h23
Para Jards Macalé, ser chamado de “maldito” até foi bom durante um tempo, mas depois passou a ser um fardo difícil de carregar. “No início, parecia ser uma coisa interessante, afi nal estavam
nos comparando a Baudelaire, Rimbaud”, diz o músico carioca de 71 anos, lembrando o carimbo que acompanha a carreira dele. “Depois, virou uma pecha. E isso passou a ser uma maldição.”
Nos últimos tempos tem havido um interesse crescente pela vida e obra de Macalé, que já foi tema de três documentários – Um Morcego na Porta Principal, Canções do Exílio – A Labareda Que Lambeu Tudo e Jards – e agora é o centro da Ocupação Jards Macalé, no espaço Itaú Cultural, em São Paulo, em cartaz até 6 de julho. A exposição o obrigou a mexer nos próprios baús, físicos e psicológicos,
quase como em uma sessão de psicanálise. “Eu abri as portas do meu coração, abri as portas da minha casa sem preconceito nenhum, para que ficasse bem aberta a minha vida criativa e pessoal." Conta. “Tem muitas fotos, recortes de jornal, ideias para músicas, projetos de discos, de livros, cartas pessoais do meu pai, da minha mãe e de amigos – Lygia Clark, Hélio Oiticica, Caetano e Gil.” A curiosidade renovada sobre o processo criativo de Macalé vem em boa hora – ainda que tardia. “Acho bacana, porque para fazer esse resgate é preciso rever músicas minhas e de meus parceiros, como Waly Salomão, José Carlos Capinam, Torquato Neto”, ele afirma. “É como se fosse uma descoberta de um Brasil quase soterrado.”
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