<b>PONTOS ESSENCIAIS</b> O lado mais conservador do rival do democrata Barack Obama acabou sendo o ponto negativo - PETE SOUZA/THE WHITE HOUSE

Como Ele Venceu

Entenda a coalizão multicultural de centro-esquerda que garantiu mais quatro anos ao presidente norte-americano Barack Obama

Tim Dicknson | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 13/12/2012, às 16h31 - Atualizado às 16h34

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi reeleito – seu mandato na Casa Branca foi renovado por uma coalizão multicultural de centro-esquerda que dará pesadelos a consultores do Partido Republicano, produzindo uma erosão do colégio eleitoral. Com mais quatro anos, Obama agora pode consolidar seu legado histórico, implementando totalmente o Obamacare, a renegociação mais ambiciosa do contrato social norte-americano desde a década de 60. O presidente rompeu barreiras em seu segundo mandato com um discurso de agradecimento emocionante que lembrou o melhor de seu passado glorioso. Mais uma vez, bateu na tecla fundamental de sua presidência, a crença de que “ao mesmo tempo em que perseguimos nossos sonhos individuais, somos uma família norte-americana e nos levantaremos ou cairemos juntos como uma nação e um só povo”.

A disputa não foi acirrada. Obama conseguiu uma vitória convincente pelo voto popular. Em comparação com a eleição disputada estado a estado em 2008, ele perdeu apenas em Indiana e Carolina do Norte para o republicano Mitt Romney. Todos os outros estados indecisos – Nevada, Colorado, Iowa, Wisconsin, Pensilvânia, Ohio, Virgínia e New Hampshire – penderam novamente para a vitória de Obama.

No final, os voluntários dedicados à campanha de Obama provaram valer muito mais do que qualquer coisa que os endinheirados do Partido Republicano conseguiriam comprar. Os eleitores repreenderam o desonesto Mitt Romney e sua plataforma malévola para enriquecer ainda mais os ricos e destruir a rede de segurança social.

Como o time Obama derrotou Romney? Aqui estão as seis chaves para a vitória:

1) A MÁQUINA DA PRESENÇA

A campanha de Obama para incentivar a votação previu a tecnologia que permitiria disseminar as operações da campanha “vá votar” para muito além dos escritórios de campanha. O gerente de campanha, Jim Messina, e o diretor de campo, Jeremy Bird, fizeram um investimento inicial e inédito – e essa aposta foi incrivelmente bem-sucedida. Em uma disputa que não pode ser comparada à eletricidade da de 2008, a campanha de Obama em 2012 reproduziu – por meio de força bruta, dedicação e vontade – uma presença dos eleitores indecisos nas votações, que, em alguns casos, superou o notável desempenho da campanha de quatro anos atrás. Sim, Obama perdeu a Carolina do Norte, mas sua contagem final nesse estado foi, na verdade, de 35 mil votos a mais do que os obtidos ali em 2008.

2) ELEITORES JOVENS

Obama deve seu segundo mandato à Geração Y. Os eleitores com menos de 30 anos compareceram em maior número do que os mais velhos, e garantiram a vitória dos democratas. A Geração X também não deu vexame: eleitores de 30 a 44 anos deram 7 pontos de vantagem a Obama (Romney, por outro lado, venceu entre eleitores acima de 45 anos). Os números na Flórida são particularmente impressionantes. De acordo com pesquisas de boca de urna, a campanha de Obama não apenas melhorou a presença de eleitores abaixo de 30 anos ali e como também aumentou a margem: os jovens do estado computaram 67 a 31 para Obama, melhor do que a margem de 61 a 37 contra McCain em 2008.

3) O VOTO LATINO

Com 4 milhões de eleitores registrados a mais do que em 2008, um em cada dez eleitores em 2012 era latino – e esse número elegeu Obama por épicos 71 a 27 divididos nacionalmente. É quase exatamente a margem que Bill Clinton conquistou sobre Bob Dole em 1996, quando havia metade desse número de votos hispânicos. Messina disse no início da campanha que estava “obcecado” com o voto latino e que reproduzir os números de Clinton este ano significaria fim de jogo para os republicanos. Ele estava absolutamente certo – especialmente no Colorado, onde a divisão foi ainda mais forte: 75 a 23, contra 61 a 38 de Clinton.

4) AFRODESCENDENTES

A presença histórica de afrodescendentes em 2008 se manteve em 2012, com 13% do eleitorado em todo o país. A campanha de Obama conseguiu aumentar a presença negra em estados cruciais como a Virgínia, onde um de cada cinco eleitores era afrodescendente. Romney conseguiu apenas 5% desses votos, contra os 8% conquistados por John McCain.

5) OS OPERÁRIOS DE OHIO

Chame de fator “Deixe Detroit Falir”. Em Ohio, onde a indústria automobilística emprega um de cada oito operários, Obama ganhou terreno – 2 pontos – entre eleitores com ensino médio, mas sem diploma de ensino superior, cerca de um quarto do eleitorado do estado. Compare isso com Wisconsin, onde Obama perdeu 6 pontos entre esse grupo, ou Carolina do Norte, onde a queda foi de 11 pontos.

6) TODAS AS SOLTEIRAS

Romney foi assombrado por uma brecha enorme de gerações, especialmente entre mulheres não casadas, que representaram 23% dos eleitores (3% a mais do que em 2008). Embora o próprio Romney tenha se esforçado constrangedoramente para conquistar as eleitoras, foi prejudicado pelas tentativas de seu companheiro de chapa de redefinir o estupro e pela defesa do Partido Republicano de limitar o acesso não apenas ao aborto mas também ao controle de natalidade. Obama conquistou este bloco por uma margem de 67 a 31 nacionalmente e por porcentagens quase idênticas em Ohio e em Wisconsin, estado natal do candidato republicano a vice-presidente, Paul Ryan. O cruzamento entre raça e sexo foi especialmente poderoso para o presidente em estados como a Carolina do Norte, onde as negras representaram 14% do eleitorado – e 99 de 100 votaram para derrotar Mitt Romney.

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