Para álbum de estreia, Gui Amabis se inspira na história de seus antepassados
Por Patrícia Colombo Publicado em 11/07/2011, às 12h32 - Atualizado em 07/12/2011, às 15h14
Gui Amabis sempre atendeu aos pedidos dos diretores na elaboração de trilhas sonoras para longas-metragens (como em Bruna Surfistinha e Quincas Berro D'água). Contudo, desta vez, ele decidiu fazer isso com uma narrativa que estava em sua memória: a história da vinda dos antepassados dele ao Brasil e o sofrimento inerente àquela mudança. E, não, o resultado não é uma produção cinematográfica, mas o álbum Memórias Luso/Africanas.
"Pensei no disco como um filme, para ser escutado e sentido", explica Amabis. A ideia de resgatar essa trajetória familiar surgiu no final de 2007, inspirada na avó portuguesa dele, Firmina dos Prazeres Machado, que morrera um ano antes. A princípio, as canções nasceram soltas e não havia a pretensão de juntá-las - o que veio a acontecer tempos depois.
"Percebi que as músicas eram um espelho do que sou genética e culturalmente", diz o músico. O trabalho, o primeiro solo de Amabis (que já produziu outros artistas, entre eles Céu, sua esposa), abre com a obscura "Dois Inimigos". "Se você imaginar um escravo vindo em um porão de um navio... É pesado mesmo e não quis aliviar", conta, lembrando que seu bisavô por parte de pai era africano. Na panela de influências, claro, há sonoridades de Portugal e da África. "Acho que a música desses dois lugares tem o lamento como algo em comum", ele comenta, sobre a característica que também permeia o disco. Porém, nem só de tristezas é formado Memórias Luso/Africanas. Faixas mais suaves, como "Sal e Amor", interpretada por Tulipa Ruiz, também marcam presença. "É uma canção mais para cima", caracteriza a cantora. Amabis complementa: "É o lado mais caribenho [do disco]. Quando chega aqui [no Brasil], mesmo se você está na pior situação, uma hora você celebra".
Tulipa não é a única convidada. Some à lista Criolo, Céu, Curumin, Lucas Santtana e outros. Do time, somente ela e Criolo não eram, na época, do círculo de amizades de Gui Amabis. "Justamente por ser um disco de homenagem familiar, e ser muito pessoal, eu quis chamar os amigos para que pudessem estar junto comigo nessa história", ele diz.
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