Marvel (Cabaret) e Letícia Persiles (Manacá) bailam durante show no Mada - Moskow

Concorrência Saudável

Festival Mada quer tirar do Abril Pro Rock o título de principal evento independente do Nordeste

Humberto Finatti Publicado em 01/06/2007, às 00h00 - Atualizado em 10/08/2007, às 17h43

Dentro do calendário de festivais independentes que movimenta a produção musical brasileira durante o ano, o Abril Pro Rock sempre foi o mais destacado da região Nordeste. No entanto, ele vem sofrendo uma saudável "concorrência" de outro evento semelhante: o Mada - sigla para Música, alimento d'alma. Realizado há nove anos em Natal (Rio Grande do Norte), o festival atraiu no primeiro fim de semana de maio quase 20 mil pessoas, que se dividiram pelas três noites de apresentações de nomes consagrados do pop rock (Skank, Paralamas do Sucesso, Detonautas, Nação Zumbi) e novas promessas de renovação da cena nacional (Superguidis, Madame Saatan, Manacá, Cabaret, Pública).

Criado por Jomardo Jomas, um apaixonado por cinema alternativo que organizava um festival anual de curta-metragens na capital potiguar, o Mada começou modesto em 1998. Realizado na rua Chile, centro histórico de Natal, reunia cerca de 2 mil pessoas por noite em suas primeiras versões. Com o recente aumento de popularidade, o evento se mudou para a Arena do Imirá, um espaço de 40 mil metros quadrados para até 15 mil pessoas. Entre os fatores que impulsionaram o crescimento, um merece destaque: a programação que abre enorme espaço para bandas independentes e não muito conhecidas do grande público, sempre tocando com nomes de peso do mainstream. A cada noite se apresentam 11 bandas divididas em dois palcos, sendo dez "grupos de meia hora" - assim chamadas por terem esse tempo exato para dar seu recado no palco. "Não sei se é a fórmula ideal, mas ela é bem dinâmica e tem funcionado muito bem", comemora Jomardo. "O legal do Mada é que praticamente não há intervalo de um show para o outro. E com dois palcos iguais não há discriminação entre as bandas."

O crescimento do festival aumentou também seu custo financeiro. A edição deste ano consumiu R$ 1 milhão. Para viabilizar tal demanda de gastos, Jomardo não teve pudores em ir atrás de empresas privadas que se dispusessem a patrocinar o Mada através de leis de renúncia fiscal. "Investindo em um Mada, estamos investindo também em bandas que estão no seu nascedouro", explica Sérgio Falcão, gerente de marketing da Tim Nordeste, principal patrocinadora do festival desde a edição 2006.

O público, e principalmente as bandas, reconhecem a importância de eventos desse porte para a nova ordem institucional de como a música circula e chega ao público consumidor. "O modelo clássico da gravadora que contratava um artista e esperava vender os tubos está mesmo deposto. O que temos agora é a internet e os shows ao vivo em festivais como este", afirma Samuel Rosa, vocalista do Skank. Para 2008, quando o Mada completará uma década de existência, Jomardo Jomas já avisou: a festa será à altura da data.

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