Astro da ficção científica Interstellar, Matthew McConaughey quer manter a boa fase, mas sem deixar de lado a vida em família
Stella Rodrigues Publicado em 04/11/2014, às 12h02 - Atualizado às 12h09
Matthew McConaughey mal espera o gravador começar a funcionar. “Brasil? Você estava lá durante a Copa?”, pergunta, olhando para baixo, já que, com 1,83m, é mais alto do que todos que estão no cômodo. O ator texano de 45 anos, casado com a modelo brasileira Camila Alves, com quem tem três filhos, mantém uma curiosidade em relação a tudo que diz respeito ao país. Foi ele quem fez questão de ter jornalistas brasileiros em um evento de divulgação do filme Interstellar, em Los Angeles. A ficção científica, atualmente encoberta em uma névoa de mistérios, estreia em novembro com direção de Christopher Nolan, conhecido por sempre manter às escondidas os detalhes sobre as produções que comanda.
O ator garante que torceu de perto durante a Copa do Mundo, mas não deixa claro para qual seleção. “Comecei a acompanhar mais o futebol tendo uma esposa brasileira”, diz McConaughey, que tem aprendido um pouco de português com a ajuda de novelas (“Gostei muito de Viver a Vida”) e músicas (ele até se arrisca em alguns versos de “Um Tom”, de Caetano Veloso). Felizmente, o recente fracasso da seleção brasileira logo dá vez ao também recente sucesso dele, que segue em uma temporada gloriosa na carreira: um Oscar (e muitos outros prêmios) de Melhor Ator pelo trabalho brilhante como o portador de HIV Ron Woodroof em Clube de Compras Dallas; um papel no premiado O Lobo de Wall Street; elogios na pele do detetive Rust Cohle, no surpreendente hit televisivo True Detective (que lhe rendeu uma indicação ao Emmy); e, agora, como estrela da ficção científica mais aguardada do ano. McConaughey não tinha uma fase tão boa desde Jovens, Loucos e Rebeldes (1993), de Richard Linklater, quando caiu nas graças do público com o inesquecível bordão “Alright, alright, alright”.
Em Interstellar o astro encarna Cooper, um engenheiro que viaja pelo espaço usando “buracos de minhoca”, um dos aspectos da ciência preferidos pelos autores de ficção. Segundo a teoria, retratada em filmes como Donnie Darko, os buracos são capazes de conectar regiões distantes de espaço-tempo, tornando possíveis coisas hoje inimagináveis, como viagens para o passado ou para o futuro. Se antigamente o gosto do público ditaria que uma jornada espacial cinematográfica deveria ocorrer para defender a Terra de alienígenas cruéis e gosmentos, a história de Nolan, criada em cima de um roteiro antigo do irmão dele, Jonathan Nolan, segue a atual tendência de motivação ecológica. No longa, a devastação da Terra levou a uma crise de falta de comida e a solução para a sobrevivência da humanidade está no espaço.
“Eu diria que, agora, em 2014, provavelmente esse conceito [do filme] é pessimista”, afirma McConaughey. “Mas, no momento em que estão Cooper e a família dele, é uma verdade dura, e muito real. E é também uma maneira de se pensar: ‘Para preservar o que temos aqui, precisamos nos mudar’. O filme toca nessas questões, mas não fica pregando”, garante o ator, que há anos incentiva a família a ter “hábitos verdes”. “Os humanos vão se dar mal, mas é arrogante achar que realmente vamos matar a mãe natureza. Ela pode se regenerar. Não acho que tenhamos sequer começado a torná-la estéril, ainda que eu já tenha estado em lugares em que as pessoas morrem porque não têm acesso a água limpa. Eles não precisam de uma aspirina, gaze ou penicilina, precisam de água limpa e sabonete.”
McConaughey revela que nunca tinha sido muito fã de ficção científica ou questões extraplanetária até ter trabalhado em Interstellar. Foi o papel no filme que o fez refletir sobre a possibilidade de vida em outros planetas, por exemplo. “Não acho que haja outro planeta com humanos mamíferos como nós”, afirma. “[Devem ser] outros tipos de formas de vida, que precisam de coisas diferentes para sobreviver. Pensar que existe outro planeta que tenha oxigênio o suficiente e todas as condições para que a gente sobreviva, plante etc.? Não sei. Mas depois de fazer um filme como esse, a ideia de haver outro planeta [com vida] é bem concebível.”
Enquanto, segundo previsões mais pessimistas, o futuro da humanidade permanece indefinido, McConaughey já tem alguma ideia de por onde seguir na carreira. O próximo trabalho é em The Sea of Trees, filme de Gus Van Sant previsto para 2015. Na atual curva ascendente, por enquanto, um retorno à televisão depois do papel em True Detective não faz parte dos planos – mesmo que ele se mostre agradecido pelo sucesso da série. O motivo é nobre: o ator (e percussionista – ele chegou a ter uma produtora e um selo musical, que fechou após o nascimento do primeiro filho, Levi, em 2008) está sempre preocupado em ter uma agenda compatível com a “carreira de pai”, o principal foco dele. “Eu não assinaria nada agora que tivesse que me colocar à disposição para muitas temporadas”, ele diz, reiterando a nova importância do mercado televisivo em Hollywood. “Se alguém chegasse para mim com um roteiro de TV bom, eu nem piscaria. Essa ponte entre TV e cinema não é mais como costumava ser.”
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