Argentino radicado no Brasil, Hector Babenco foi indicado ao Oscar por O Beijo da Mulher-Aranha
Redação
Publicado em 12/08/2016, às 15h07 - Atualizado em 15/08/2016, às 16h16Ele era argentino, de Mar Del Plata, mas os amantes do cinema nacional mal se lembravam disso. Morando no Brasil desde os 19 anos e naturalizado brasileiro desde os 31, Hector Babenco era tido como um dos nossos grandes nomes na sétima arte, retratando com uma estética particular temas pesados que tocaram fundo a sociedade brasileira nas últimas décadas.
Babenco morreu no dia 13 de julho, aos 70 anos, após sofrer uma parada cardíaca no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde estava internado desde o dia anterior para realizar um procedimento simples. A perda do cineasta abalou toda a comunidade cinematográfica do país, que relembrou o talento de um homem que, entre
filmes autobiográficos (Coração Iluminado, Meu Amigo Hindu) e obras engajadas, abordou temas como violência, pobreza e crime em trabalhos que provocaram grandes debates. Hector Babenco assinou alguns dos filmes de maior sucesso internacional na história do cinema brasileiro, dentre eles O Beijo da Mulher Aranha (1985), pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor. Ele não venceu, mas a obra rendeu uma estatueta ao ator William Hurt. Sonia Braga e Raul Julia também faziam parte do elenco.
Antes disso, já havia feito os aclamados e trágicos Pixote: A Lei do Mais Fraco (1981) e Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977). Posteriormente, ainda chamaria atenção da mídia internacional com o sensível e polêmico Carandiru (2003), que mostrou o cotidiano de alguns dos detentos do antigo presídio brasileiro, bem como o massacre ocorrido no local em 1992. O longa é baseado no livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella, obra vencedora do Prêmio Jabuti em 2000 na categoria Não Ficção. Na carreira internacional, Hector Babenco teve a oportunidade de dirigir diversos atores conhecidos no mundo todo, como Jack Nicholson e Meryl Streep (em Ironweed, de 1987) – ambos indicados ao Oscar pelo trabalho – e Aidan Quinn e Kathy Bates (Brincando nos Campos do Senhor, de 1991).
O mais recente longa de Babenco saiu em março deste ano. Meu Amigo Hindu, protagonizado por Willem Dafoe, mostra um homem tentando lidar com um câncer agressivo e com a perspectiva da morte. O roteiro nasceu da experiência do próprio diretor com um câncer que enfrentou nos anos 1990.