Mick Jagger e Keith Richards falam sobre o novo pacote de luxo do clássico Exile on Main St., dos Rolling Stones
Por Andy Greene Publicado em 11/05/2010, às 05h56
Em setembro passado, Mick Jagger entrou em um estúdio de Nova York para finalizar uma música que os Rolling Stones começaram a fazer há mais de 40 anos. "A fita original era bastante vaga", diz Jagger sobre a faixa, uma música matadora, com pitadas de gospel, chamada "Following the River", gravada durante as sessões de 1969 para Exile on Main St. "Não havia verso inicial ou letra, então tive de começar do zero. Foi bem assustador." Para fazer com que Jagger entrasse em foco, o produtor Don Was tocou para ele a faixa vocal do clássico "Shine a Light", de Exile. "Queria que ele entrasse naquela tonalidade", diz Was. "É impressionante como a voz dele não mudou muito."
A faixa é uma das dez preciosidades inéditas de uma edição de luxo de Exile, a ser lançada em 18 de maio, que também contém uma versão remasterizada do LP. Quando a Universal, gravadora da banda, falou com Jagger pela primeira vez sobre criar a caixa, ele hesitou. "Eles me perguntaram se havia alguma faixa inédita, e respondi: 'Duvido muito'", relembra. "Em segundo lugar, não queria me dar ao trabalho - mas eles disseram: 'Dá uma olhada, por favor?'" Jagger recrutou Was, que produz todos os álbuns dos Stones desde Voodoo Lounge, de 1994, para ouvir centenas de horas de fitas. "Para um fanático pelos Stones como eu, foi o máximo", conta Was. "Era surpresa atrás de surpresa." As fitas estavam incrivelmente desorganizadas, e muitas, na verdade, eram anteriores a Exile. "Eu ouvia uma jam de blues, e de repente havia uma versão de 'Wild Horses' com apenas Mick, Keith e um quarteto de cordas", diz Was. "Outro rolo tinha todos os takes de 'Honky Tonk Women'". Antes de selecionar o melhor de Exile, Was garantiu uma lista abrangente de tudo o que havia sido lançado extraoficialmente, em discos piratas. "Há todo um subterrâneo do Exile e eu queria dar algumas surpresas a eles também", afirma, "não apenas mixagens melhores de coisas com as quais já estão familiarizados".
"Following the River" é a única faixa que recebeu vocais novos, embora outras - "Pass the Wine", "Plundered My Soul", "Aladdin's Story" - tenham precisado de partes complementares de guitarra ou outros aprimoramentos de som. "Quando editei novas partes, só estava tentando me manter afastado das faixas", diz Keith Richards. "Toquei um violão aqui e ali, mas não quis interferir na bíblia." O baixista Bill Wyman e o baterista Charlie Watts não foram necessários para os overdubs, mas Was não nega boatos de que o guitarrista Mick Taylor, que saiu do grupo em 1974, foi trazido de volta para gravar novas guitarras para o lançamento. "Não estou dizendo que não é verdade", afirma Was. "Simplesmente não vou negar ou dizer que não aconteceu."
Além das novas músicas recém-desenterradas, também havia versões alternativas de faixas de Exile, incluindo um dos primeiros takes de "Tumbling Dice" (com letras diferente) e uma gravação de "Loving Cup", de 1969. "É bem funky e crua", diz Was. "Em geral, eles fizeram as escolhas certas no original, mas talvez devessem ter usado essa versão em Exile." A maior parte do álbum foi gravada em meados de 1971, no porão da Villa Nellcôte, uma mansão que Richards alugou no sul da França. O grupo havia fugido da Inglaterra para evitar os exorbitantes impostos britânicos. "Nós nos sentíamos como exilados", conta Richards. "Não conseguimos encontrar um estúdio na França que valesse a pena, e eu tinha essa casa grande e um caminhão de gravação móvel. Quando nos instalamos no porão, ninguém conseguia me tirar de lá. Foi uma forma bem peculiar de gravar. Talvez seja o concreto ou a poeira, mas ele tem um som que você não consegue replicar nem se tentar."
Enquanto Was escutava as fitas, ficou surpreso ao constatar que as legendárias sessões caóticas e movidas a drogas haviam produzido tantas músicas boas. "Tudo na lenda pode ser verdade ou não, mas, quando eles desciam as escadas para gravar um álbum, eram uma ótima banda de rock and roll, muito profissional", diz. "O mito diz que este é um disco malfeito, e não é nada disso. Artisticamente, é bastante sólido." Ele também desmentiu o maior mistério que cerca Exile: se o convidado frequente da casa, Gram Parsons, participou. Afirma Was: "Não o ouvi em nenhum lugar, e essa era uma das coisas que eu estava procurando".
Um novo documentário sobre a gravação do álbum, Stones in Exile, irá ao ar em um canal de TV ainda não definido, em conjunto com o lançamento da reedição. "Na maior parte, são imagens de arquivo", conta Jagger. "Há coisas do Cocksucker Blues [documentário inédito de 1972] ali, e muitos comentários e algumas entrevistas com a gente agora, mas a maior parte é tirada daquela época." Richards acabou de ver uma edição do documentário pela primeira vez. "Não sabia que havia tantas imagens", afirma. "Foi uma revelação para mim tanto quanto foi para qualquer um."
O que vem a seguir para os Stones? Richards diz que está no processo de compor músicas, mas que "não há nenhum plano definido" para um álbum. "Não ficaria surpreso se fizéssemos algo mais para o fim do ano", diz. Enquanto isso, está trabalhando em uma autobiografia que será lançada em outubro, e Johnny Depp começou a filmar um documentário sobre o guitarrista recentemente. "O filme conta a história da minha vida, o pacto com o diabo e tudo o mais", diz Richards. "É fácil conversar com o Johnny, então não houve problema algum." Quando lhe pergunto sobre notícias recentes de que ele havia parado de beber, Richards ri. "Os boatos sobre minha sobriedade são exagerados", afirma. "E vamos deixar por isso mesmo."
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