Como a filha de um pastor apocalíptico se tornou a estrela pop mais sexy do momento
Por Vanessa Grigoriadis Publicado em 02/12/2010, às 13h05
Há alguns dias, Katy Perry estava procurando por seu próprio nome no Google. "Qualquer artista que diz que não faz isso é um baita mentiroso", afirma. Katy é astuta com relação à sua imagem online, com 3.979.330 seguidores no Twitter e uma longa amizade com o blogueiro-celebridade Perez Hilton. Ela está ligada no laptop em seu escritório - não tem nenhum outro computador, nem mesmo em casa, um triplex no bairro de Los Feliz, em Los Angeles, que limpa obsessivamente - quando nota vários sites de fofoca dizendo que ela chamou de "Britney Spears de novo" o visual da cantora Miley Cyrus na cerimônia do MuchMusic Awards, no Canadá. "É pior do que isso. Olha para essa roupa, é horrível."
Só que Katy não falou nada disso - pelo menos não era para ninguém ter ouvido. Isso exigiu uma ação imediata. Rapidamente, postou no Twitter: "Nunca falei merda sobre minha amiga Miley. Amo aquela vadia". Ela explica: "Quando você vê o Twitter de outras celebridades e elas escrevem que leem sobre si mesmas, é aquela coisa: 'Bem, talvez seja melhor você parar de dar um Google em si mesmo todo dia, o mundo não gira à sua volta'".
Mas Katy é viciada em atenção, assim como seu noivo, o ator Russell Brand, era em injetar heroína (e agora é em atenção), então ela achou toda essa interação profundamente interessante. Não só centenas de sites de fofoca noticiaram seu comentário no Twitter, como também ela conseguiu chamar publicamente Miley Cyrus, de 17 anos, de "vadia".
Na verdade, em uma manhã em Santa Barbara, sua cidade natal, há muitos momentos como esse, enquanto Katy leva um copo de café gelado para baixo e para cima, grita como um papagaio boca-suja e fala que seu nome de estrela pornô seria "Peaches Mountain", porque é o nome de seu primeiro cachorro e da primeira rua onde morou. Está usando uma roupa extravagante que chama de "uniforme de drag queen": um sapato Louboutin salto cinco com estampa de leopardo, um vestido roxo tão justo que não dá para usar lingerie por baixo e jóias dignas de uma noite do Oscar, incluindo um anel de noivado com a frase "the one that I've been waiting for" [aquela por quem estava esperando], gravada na parte interna. Uma equipe internacional de filmagem a está seguindo hoje para uma matéria sobre bairros de celebridades e, enquanto checa o áudio, o diretor inclina-se para dar dicas sobre como aparecer na câmera - embora Katy claramente não precise delas. "Converse com a câmera como uma amiga", diz, com o rosto concentrado e tenso. "Não a melhor amiga, mas uma amiga."
Katy inclina a cabeça. "Como uma amiga do Facebook?", ela indaga. "Alguém cujo perfil você vê de vez em quando, mas com quem nunca transa?"
O dia transcorre inteiro assim, com Katy dizendo frases de filmes ruins e gritando "oi" a um pedestre curioso enquanto fala sobre sua adolescência, a qual passou surfando, andando de skate, indo para a igreja e realizando bazares na frente de casa. Fala sobre entrar de penetra em um show do Radiohead quando estava no colégio, ensaia um "giro de Mulher Maravilha" e dá algumas informações sobre sua visão positiva da vida: "Não importa quem alguém seja ou qual sua reputação na mídia. Eu tento dar o benefício da dúvida, e cabe a essa pessoa estragar tudo". Entre as cenas, ela é a mais amigável possível, improvisando com a equipe de filmagem e tricotando com as produtoras, mas, mesmo durante este tipo de papo casual, ela não consegue evitar - Katy precisa de sua dose de atenção.
"Uma vez, pintei meu cabelo de loiro tipo o [filme estrelado por Madonna] Quem É Essa Garota? e ficou um horror", ela conta, rindo. "Preto simplesmente faz sentido para mim. Meu tom natural é tipo..." Katy olha ao redor, mas não vê ninguém com a mesma cor de cabelo, então começa a levanter a saia. "Dá para ver aqui!"
Felizmente, ela abaixa a saia antes de levantá-la totalmente. Mas, por um segundo, não houve dúvida de que faria isso.
Há alguns anos, parecia que Katy Perry seria uma moda passageira, com franja, sutiãs dos anos 50 e músicas comerciais sobre beijar uma garota, acordar de ressaca em Las Vegas e rapazes que não se decidem. Só que, em algum ponto no meio do caminho, ela descobriu uma forma de prender a atenção do mundo - mesmo que isso signifique espirrar chantili dos seios. No fim de agosto, ela lançou Teenage Dream, um consistente segundo disco com músicas românticas, dançáveis e cheias de reclamações sobre caras que já a fizeram se sentir mal no passado. "O disco veio muito fácil, em seis meses", conta. Além disso, o primeiro single, "California Gurls", uma música bobinha com a participação bizarra de Snoop Dogg, se tornou um dos hinos do verão norte-americano. "Ok, 'California Gurls' não é genial", ela admite. "Não é minha obra-prima, mas é contagiante pra caramba."
Assim é Katy Perry, sempre tentando divertir e entreter, mas, depois de passar alguns dias com ela, sua insolência começa a desaparecer. No fundo, é uma boa garota. Teve poucos namorados, diz que sexo casual lhe "dá nojo" e quase não bebe ou experimenta drogas. "Comi cogumelos uma vez quando estava vestida de robô em um show do Daft Punk e depois tive de entrar no chuveiro de roupa e tudo", ela diz.
Na verdade, embora alguns possam considerar sua música um pop meramente processado, para ela é a arte mais ousada e perigosa que consegue fazer. Diferentemente de algumas estrelas pop, Katy não está vendendo uma falsa rebelião fabricada existente em uma esfera separada de suas esperanças e desejos reais, enterrados a serviço de uma imagem de marketing. Talvez não haja ninguém, além das adolescentes - o grupo de fãs que ela parece mais interessada em atingir - que ache a música de Katy Perry mais radical do que ela mesma.
Isso acontece porque Katy Perry adotou uma versão de feminilidade mais inocente do que qualquer outra estrela pop, exceto Taylor Swift. Seu trabalho é sobre a busca do amor verdadeiro e os erros no meio do caminho, mesmo jogando a palavra "pau" ou "pênis" aqui e ali. Na verdade, quando lançou seu primeiro sucesso, "I Kissed a Girl", ficou tão nervosa sobre confessar que havia beijado uma garota que jurou depois nunca ter feito isso. "Havia uma garota que era minha melhor amiga aos 15 anos, e eu era obcecada por ela. A menina tinha as roupas mais legais e era tão culta e estilosa. Ficava olhando ela passar protetor naqueles lábios maravilhosos. Acho que tive um negócio por ela."
Leva algumas horas por dia para Perry montar seu visual, um pouco burlesco e um pouco adolescente japonesa - é devota da cultura oriental desde que seus pais hospedaram estudantes de intercâmbio japoneses quando era criança. Das estrelas pop de hoje, apenas Lady Gaga usa mais maquiagem. Diariamente, quando espera ser vista, Katy desenha a sobrancelha a lápis, cobre-se de "base de travesti" e passa camadas de sombra, batom e cílios postiços (a cor real do cabelo é loiro sujo). "Fiz alongamento de cílios, mas isso só dura três semanas", conta, mexendo o queixo de um lado para o outro, examinando o rosto, tão diferente do rosto final, que não tem ousadia ou ângulos pronunciados, embora também seja bastante bonito. Só que ela não acha isso, e frequentemente diz que o acha sem atrativos. "Russell é bonito", afirma. "Eu sou só... diferente."
Sim, Russell Brand - ou, como gosta de chamá-lo, Rusty Braunstein -, o cara de peito peludo e humor obsceno, o ex-viciado em heroína que alega ter dormido, em uma época, com 80 mulheres por mês. Os dois agora formam um casal famoso, mesmo com ela tendo um repertório escasso e ele, dois filmes nos quais interpreta o mesmo personagem. Verdade seja dita, eles parecem tão apaixonados por si mesmos quanto um pelo outro.
Mesmo assim, são divertidos, bobos e não se levam muito a sério. Não existe uma semana em que um não cutuque o outro na imprensa: na geladeira de Katy, ela até pendurou um recorte de uma revista na qual chama Brand de "um completo noivo neurótico". Em retaliação, Brand contou à MTV que Perry parece uma "fábrica de flatulência - os sucessos pop que ela dispara pela boca não são nada perto do que sai do outro lado". "O que não é verdade", diz ela, fazendo biquinho. "Já peidei muito na vida, mas nunca na frente do Russell."
Do jeito que Katy conta, eles são um par perfeito - a norte-americana de 25 anos e olhos grandes e o inglês esquisito de 35 anos. "Ele é tão sensível e doce. O Russell que as pessoas conhecem da mídia não tem nada a ver", ela se derrete. O casal se conheceu no set do filme Get Him to the Greek há dois anos, antes de se reencontrar nos ensaios para o MTV Video Music Awards em 2009, quando ela realizou o perene ritual de acasalamento de jogar uma garrafa d'água na cabeça dele. Brand tentou levá-la para casa depois de uma festa, mas ela se recusou, insistindo em sair para jantar. "Nada aconteceu depois," conta, "mas o Russell tinha uma cópia do livro dele no carro e fiquei intrigada. Pedi para ele autografar, e quando cheguei em casa li o que escreveu: 'Você é uma sereia, e eu estou me afogando'".
Katy ficou tão tocada que decidiu fazer algo espontâneo: convidou Russell para passar férias em Phuket, na Tailândia. "Quando nos encontramos no saguão do aeroporto, estava tão nervosa", diz. "Foi a coisa mais apavorante que já fiz!" Depois de algumas semanas, estava totalmente apaixonada. "Percebi que este homem sabia o que me faria feliz", afirma. "Ele realmente estava observando, escutando, prestando atenção."
Katy também queria atenção quando era criança. "Ela é a filha do meio, então sempre tentou se destacar", conta Angela, a irmã mais velha. "Toda a nossa família é assim. Gostamos de divertir as pessoas, fazer um show". Só que o método que Katy usa para seduzir os outros é muito diferente do de seus pais - pastores evangélicos convertidos que organizam seminários e círculos de oração em qualquer igreja que os acolha. Eles proibiram Katy de ir a festas, não a inscreveram no curso de educação sexual na escola e baniram revistas, TV e filmes de casa. "Não era uma atmosfera 'pacífica'", ela conta. "Soube que o inferno existia desde que aprendi a falar. Tinha na parede quadros de feltro com Satã e pessoas rangendo os dentes."
Diferentemente de muitos cristãos evangélicos, os Hudson tinham vidas seculares - e bizarras - na juventude (Katy adotou o sobrenome de solteira da mãe para evitar confusão com a atriz Kate Hudson). O pai, Keith, foi um hippie que esteve em Woodstock, que vendeu ácido para Timothy Leary e tocou pandeiro no palco com Sly and the Family Stone. Uma noite, em uma plantação de maçãs, teve uma revelação na qual passagens da Bíblia foram encenadas diante de seus olhos. "Quem sabe se essas visões não eram resquícios de alguma coisa?", diz a filha. A mãe, Mary, era a filha rebelde de uma família rica que chegou a sair uma noite com Jimi Hendrix. "Falei: 'Mãe, você deveria ter ido atrás dele'", Katy diz. "Eu poderia ter sido Katy Hendrix, uma estrela do rock mais legítima." Mary se casou com um piloto de corrida que havia perdido a perna em um acidente de moto e, juntos, se mudaram para uma fazenda com plantações de macadâmia no Zimbábue. Com o fim do casamento, ela voltou para os Estados Unidos e trabalhou como repórter de rádio, entrevistando Jimmy Carter e Muhammad Ali antes de cobrir encontros cristãos. Em um encontro em Las Vegas, Mary se apaixonou por Deus e por Keith ao mesmo tempo. Sua família a deserdou.
Às vezes, a família de Katy passava dias entregando panfletos religiosos, mas nunca duvidaram de que estavam no caminho certo (o pai tem quatro tatuagens, todas escritas "Jesus"). "Meus pais treinam 'línguas e interpretação' juntos - meu pai fala em línguas e minha mãe interpreta", conta Katy. "É o dom deles." Os três filhos, incluindo Katy, também falam em línguas. "Isso é tão normal para mim quanto dizer: 'Passe o sal'," diz. "Muitas religiões usam meditação ou cantos como linguagem de oração subliminar, e falar em línguas não é tão diferente assim. Se eu sentia intuitivamente que tinha de rezar para alguma situação, mas não entendia racionalmente, deixava meu espírito orar por aquilo."
Louvar a Deus na igreja através de músicas também era normal para ela, mas Katy nunca pensou nisso como uma carreira - pelo menos até os 9 anos, quando Angela voltou de uma viagem para a casa dos padrinhos com permanente no cabelo e uma fita demo gospel. Só que cantar sempre foi o "dom" de Katy, como seus pais viam, e eles a apoiaram quando decidiu se tornar profissional. Começou a se apresentar no mercadão local dois dias por semana provou ser dotada também em discursos improvisados: em um vídeo antigo de um show, ela agarra o microfone para informar a multidão "se você não viver para Cristo, a vida é muito vazia e talvez não haja razão para viver".
Quando tinha 13 anos, conseguiu gravar um disco por uma pequena gravadora. Um de seus pôsteres promocionais, no qual parece estar gritando em êxtase, mostra-a com um "corte de cabelo lésbico" arrepiado e usando muitas pulseiras de borracha. "Eu era cristã, mas moderna", afirma. No entanto, ela tinha um segredo: queria ser uma estrela pop também. "Sempre que ia à casa de uma amiga, ligava a MTV", conta. As meninas falavam: 'Por que você vê isso?' Eu dizia: 'Eu preciso assistir'. Adorava a Gwen Stefani e a Alanis Morissette."
Ela começou a questionar o caminho no qual estava. A gravadora fechou e "minha carreira gospel não ia para lugar nenhum". Começou a compor músicas que não eram gospel sobre amor e garotos. "Abrir mão foi um processo", conta. "Conhecer gays, judeus e perceber que eles eram legais foi uma grande parte disso. Quando parei de ser guiada, percebi: 'Uau, há muitas escolhas'. Virei uma esponja, absorvendo tudo o que havia perdido. Era curiosa como um gato." Sorri. "Mas ainda não estou morta."
Katy continua próxima dos pais. "Houve um momento de choque quando ela virou uma estrela, mas eles lidaram muito bem com tudo", conta Angela. Seus pais ainda pregam contra a cultura pop e Katy tenta não jogar sua vida pessoal na cara deles, nunca conversando com a mãe sobre sexo ou algo do tipo. "Só contei para ela que havia transado quando participei do chá de panela da minha prima, aos 21 anos", ela diz. "Falei: 'Então, não sou mais virgem'. E depois: 'Mãe, pode me passar os ovos?'"
No dia seguinte, em um vestido azul-claro, sem maquiagem e de salto alto, Katy parece tão comum que nem a reconheço quando ela entra em um estúdio de masterização em Hollywood. Também está de péssimo humor. O perfume de algodão-doce que deveria ir na embalagem de Teenage Dream ainda não está certo, e ela acabou de ficar sabendo que a editora responsável pelos Beach Boys enviou um aviso de que a frase de Snoop Dogg sobre "desejar que todas as garotas pudessem ser como as californianas" viola seu direito autoral. Ela se senta no sofá e gesticula. "Por mais que eu queira um crédito dos Beach Boys no meu disco, temos de tirar a frase", ela diz. "Você quer um crédito do Brian Wilson, não do Mike Love", responde um de seus empresários. "Você falou isso, não eu", ela retruca.
Depois de algumas horas, ela entra em um Audi preto e dirige até o estúdio, a algumas quadras de distância. "O ar-condicionado está com cheiro de xoxota suja", reclama. "Preciso consertar isso, desculpa." Katy comenta que M.I.A. pode estar ensaiando logo ali ao lado. "Amo a M.I.A., mas acho que ela não gosta de mim. Sei o que as pessoas que são antipop, mas na verdade são pop, pensam sobre as estrelas pop."
O sucesso de Katy exigiu suor, muito mais do que o de outras estrelas pop. Depois de seu álbum gospel Katy Hudson, assinou com três gravadoras e foi dispensada por duas. Aos 16, decidiu se tornar uma estrela pop. Procurou Glen Ballard, produtor de Alanis Morissette. Ballard ficou imediatamente encantado. "Quando o pai de Katy a trouxe ao meu estúdio, pensei que ela só me daria umas músicas para ouvir", diz Ballard. "Ela entrou com o violão e se sentou para tocar uma música. Ela era destemida."
Quando tinha 17, ela se mudou para Los Angeles com um contrato na Def Jam, dividindo o quarto com uma cantora gospel. "Estava em Beverly Hills, pensando que meu disco estava para sair, tão empolgada", conta. "Mas nada aconteceu. Pensei: 'Uau, não tenho dinheiro e estou morando em Cahuenga, sob o letreiro de Hollywood." Alguns anos depois, Ballard levou Katy com ele para a Columbia, onde gravou um disco, mas o trabalho foi interrompido de última hora porque a empresa achou que o momento não era o certo. Uma pessoa próxima a Katy diz que eles ficaram preocupados com detalhes pequenos, como o fato de que o cabelo dela era parecido demais com o de Ashlee Simpson, que estava em alta na época (e, depois, nunca mais).
Ela ficou devastada. "Ter um álbum inteiro gravado e ele nunca ser lançado", Katy diz, balançando a cabeça. "Mas realmente acredito que faz parte do meu destino. Ou do plano. Ou do que quer que seja."
Russel brand está filmando o remake de Arthur em Nova York, então Katy Perry está sozinha em Los Angeles. "Na verdade, gosto de relacionamentos à distância. Eles funcionam para mim", ela diz, entrando em seu pequeno condomínio em Los Feliz, com a Range Rover de Brand na garagem, uma piscina e uma tenda cheia de almofadas no gramado da frente, onde entretém os convidados em noites quentes. "Nunca achei que seria dona de alguma coisa, quanto mais de uma casa como esta", ela conta. "A casa antiga do Russell em Londres é gótica, e na minha casa cada cômodo era pintado de uma cor diferente, então tentamos fazer esta casa neutra. Ele tem muito bom gosto e ainda estou aprendendo." A casa é belíssima, mas estranhamente vazia.
"Pó, pelos, marcas na privada - não, não consigo lidar com isso", diz Katy. "Sou obsessiva compulsiva, embora menos do que antes, e não quero ver partículas de humanos. Na outra casa, agendava minha faxineira em horários nos quais eu pudesse participar, e fazíamos a limpeza juntas. Chegou a um ponto em que eu precisava das coisas na geladeira viradas para um lado certo."
Katy sai para telefonar para Brand, e volta usando enormes pantufas decoradas com rostos de gatos. Ela não sabe cozinhar, mas sua assistente lhe trouxe uma salada, que agora ela come em uma longa mesa na cozinha. Brand está se divertindo em Nova York, mas ela não se preocupa com ele e outras mulheres. "Rusty Braunstein nunca me deu motivo para duvidar dele", ela afirma. "Um passado difícil também faz parte da história do meu pai. Acho que o Russell é um ótimo exemplo de como você pode mudar. Além de seus vícios, ele é sensível, e emotivo como muitos bons atores. É doce e adorável." Ela admite que alguns de seus amigos acharam que o noivado foi rápido demais. "Me falaram: 'Uau, casamento tão cedo!' Mas o Russell me deixou mais estável. Estou indo a uma velocidade tão intensa que preciso de alguém mais forte do que eu."
Brand pode ser o mais maduro da equação, mas eles já tiveram desavenças. Uma vez, ele zombou de protestantes cristãos antigays que gritaram com ele na rua: "Vocês não conhecem Jesus! Eu conheço: acabei de chupar o pau dele". Katy ficou lívida e escreveu no Twitter: "Usar blasfêmia como entretenimento é tão vulgar quanto um comediante fazer uma piada sobre peidos". O mundo das fofocas acabou achando que ela se referia ao clipe "Alejandro", de Lady Gaga, então Katy conseguiu publicidade adicional com o episódio. Ela estaria mesmo falando de Lady Gaga? "Escrevi aquilo devido a uma série de coisas. Fico incomodada com Russell falando o nome de Deus em vão e com a Lady Gaga colocando um terço na boca. Acho que quando você coloca sexo e espiritualidade na mesma garrafa e mistura, coisas ruins acontecem. Sim, eu disse que beijei uma garota, mas não que fiz isso enquanto me masturbava com um crucifixo."
É surpreendente ouvir Katy falar sobre Deus dessa forma, porque é de se pensar que seu passado religioso ficou para trás, mas ela diz que ainda se considera cristã. Mostra uma tatuagem com a palavra "Jesus" que fez no punho, igual à do pai. "Deus ainda é uma parte grande da minha vida", afirma. "Mas o jeito como os detalhes são relatados na Bíblia - é muito confuso para mim. Quero vomitar quando digo isso, mas é a verdade."
"Ainda acredito que Jesus é o filho de Deus", ela conta, "mas também acredito em ETs, que há pessoas enviadas por Deus para serem mensageiras e todo tipo de coisa doida." Suspira. "Olho para o céu e fico embasbacada - todas aquelas estrelas e planetas, a infinidade do Universo. Não dá para crer que somos a única população poluidora. Sempre que olho para cima, sei que não sou nada e que há algo muito além de mim. Não acho que seja tão simples quanto céu e inferno."
Katy insiste que Brand também é espiritual - além do caminho superior da vida sóbria, ele se interessa por meditação transcendental e hinduísmo. "Sabe, o que me atrai no Russell, além daquele cabelo lindo de Sansão, é sua luz, sua energia, sua busca constante, obstinação, ambição", diz, empolgada. "Acho que ele vai mudar a vida das pessoas, vai ajudá-las a lembrar por que existimos. Sua peregrinação é espiritual. Acho que seu destino será o nirvana completo."
Brand e Perry definitivamente estão em uma jornada juntos, seja lá qual for. Talvez se retirem para um monastério aos 75 anos, jantando juntos no refeitório antes de cada um se recolher a seus aposentos. É possível. Mas até lá eles conseguem rir de algumas coisas na vida. "Um dia, quando estávamos na Índia, fomos a um pequeno templo na montanha", ela conta. "Havia um homem que gerenciava aquilo e um deus, uma grande rocha com olhos humanos realmente autênticos. O guardião do templo nos disse para jogar arroz na estátua e beber um copo de leite para manter a tradição em torno dessa pedra. O tempo todo a gente se segurava para não rir, porque, quando olhávamos para a pedra de um certo ângulo, era como se estivéssemos adorando o Papaburguer!"
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