Redação Publicado em 27/05/2015, às 19h19 - Atualizado às 20h39
Aguce os ouvidos. Para provar que existe muita música de qualidade sendo feita no Brasil atualmente, a Rolling Stone garimpou alguns dos mais interessantes projetos recentes – ou futuros – do país e os reuniu nesta lista, disponível a seguir.
Ouça: “Mistério dos 30”, “Dinossauros”, “Anéis de Saturno”
Indagações contemporâneas das mais variadas são embaladas por um pop lapidado e cheio de groove no disco de estreia deste trio gaúcho, Maravilhas da Vida Moderna, lançado no último mês de abril.
“Falamos sobre como vemos as pessoas levando a vida delas – e isso nos inclui. Então, [as faixas] têm muito mais um quê de reflexão mesmo”, disse à Rolling Stone Brasil o baixista Felipe Kautz. “Procuramos fazer do álbum uma ilustração do tempo em que vivemos.”
Ouça: “Uma”, “Auto das Bacantes”, “Você Não Vai Passar”
Filha do cineasta Glauber Rocha, Ava Rocha estreia em carreira solo unindo melodia e experimentação em um disco com alma brasileira e pés no presente.
O álbum Ava Patrya Yndia Yracema, que saiu em março deste ano, traz 12 canções que surpreendem pela riqueza estética e lírica, revelando sua compositora como figura ao mesmo tempo encantadora e enigmática.
Ouça: “Kurt Cobain's Ghost”, “Disconnection”, “Drop Your Drink”
Banda curitibana formada em 2012, o Water Rats traz o vocalista, Alexandre Capilé, e o baterista, Renê, do Sugar Kane.
Punk rock nervoso e inquieto, Ugly by Nature, primeiro disco do quarteto não deixa a desejar em relação aos lançamentos do gênero ao redor do mundo. Cantado em inglês, o álbum não tem meias palavras, com faixas sempre curtas, diretas e rápidas.
Quem gosta de OFF!, Mudhoney, gritaria e barulheira – e despreza o pop punk – pode ouvir sem medo.
Ouça: “Francisco el Hombre”, “Brindizzinno”, “Nudez”
Formado em Campinas, o Francisco, El Hombre lançou o EP de estreia, La Pachanga!, no começo de maio.
Como o nome já adianta, a banda encontra conforto na música latina, cantando não só em espanhol, como também em português e em inglês. Abundância de sons, La Pachanga! traz coros vocais afiados e muito balanço – transformando os shows do grupo em celebrações sempre divertidas.
Ouça: “Preto Negro”, “Sertão Urbano”, “Fruta Elétrica”
Formado pela união dos namorados Macloys (guitarra) e Salma Jô (voz), o Carne Doce estreou no fim de 2014 com o disco autointitulado. De Goiânia, o grupo une as raízes do centro-oeste com os ecos de guitarras do pós-punk, sempre de maneira orgânica.
“É praticamente todo mundo goiano”, disse a vocalista entrevista recente à RS Brasil. “A maioria de nós tem experiência de roça, fazenda. E tem também a cultura: muito conservadorismo, clientelismo.”
Ouça: “Pausa”, “Lembra?”, “Da Razão”
A melancolia latente dos acordes do carioca João Capdeville ganha vida com o jovem e talentoso produtor Diogo Strausz (responsável por Rainha dos Raios, de Alice Caymmi) no EP de estreia Pausa.
Com vocais que remetem ao supracitado Marcelo Camelo, Capdeville cresce com a sensibilidade de suas composições ao violão de náilon, que sempre se transformam em algo grandioso e cheio de detalhes conforme se desenrolam.
Ouça: “Enigma Do Dente Falso”
Projeto recente do prolífico baixista do Macaco Bong, Julito Cavalcante, o Bike só lançou duas músicas até hoje – e mesmo assim já desperta atenção tanto de mídia quanto de público.
O primeiro single é “Enigma Do Dente Falso” – com “1943” de lado B – , viagem psicodélica extremamente bem guiada, com um instrumental colorido e cheio de leveza e letras em português. No projeto, Cavalcante assume as guitarras, dando uma profundidade invejável ao instrumento.
Um álbum completo do Bike deve sair em breve sob o nome de 1943.
Ouça: “Coleção”, “Perfeição”, “Mudado”
Letras expressivas e guitarras criativas são o núcleo de Esquina do Mundo, primeiro solo do brasiliense Aloizio, que saiu no último mês de abril.
Com um pop rock seguro, consciente e coeso, Aloizio deve agradar aos órfãos do Los Hermanos, mas também aos fãs de indie rock com identidade nacional.
Ouça: “Me Tema”, “Ônibus Lotado”, “Coroa de Flores”
Vertente feminina do selo paulistano Risco, Luiza Lian faz um convite a um universo diverso e bem-humorado, que permite todo tipo de ecletismo – do brega ao rock, do samba à psicodelia – em seu álbum de estreia, autointitulado, lançado em março.
Ela é acompanhada por Martim Bernardes e Guilherme D'Almeida (O Terno), Juliano Abramovay (Grand Bazaar), Tomás de Souza e Charles Tixier (ambos do Charlie & Os Marretas) na parte instrumental. Mas se destaca como letrista sarcástica e sem pudor (“charme da urgência de trepar” é um verso de “Me Tema”), falando do “Ônibus Lotado” ou do universo feminino (“Coroa de Flores”).
Indicado aos saudosistas da Vanguarda Paulista e Itamar Assumpção, mas também aos interessados no balanço, atrevimento e malícia de Luiza Lian.
Ouça: ““Macaco no Caiaque”, “Casa 180”
Jovem quinteto carioca, o Dônica prepara o disco de estreia da carreira para dar sequência ao EP autointitulado. Com um trabalho embebido em rock progressivo, MPB e Clube da Esquina, a banda busca profundidade sonora e literária, contando com Tom Veloso (18 anos), caçula de Caetano Veloso, como um dos letristas.
O requinte do Dônica impressiona em faixas como “Macaco no Caiaque” ou “Casa 180”, refletindo sempre referências sofisticas e seriedade sonora, com melodias intricadas e letras nada prosaicas. Vale lembrar que o integrante mais velho da banda não passa de 20 anos de idade.
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