A autora Maria Adelaide Amaral fala da minissérie Queridos Amigos e defende as emoções e o bom gosto em TV aberta
Ademir Correa Publicado em 11/02/2008, às 11h53 - Atualizado às 19h20
Maria Adelaide Amaral é conhecida pelo rigor de suas pesquisas e reconstruções históricas e pela dimensão épica de suas minisséries - em clássicos da TV brasileira como A Muralha (2000), Os Maias (2001), A Casa das Sete Mulheres (2003) e JK (2006). Desta vez, em Queridos Amigos (a nova minissérie da Rede Globo que estréia este mês), a novelista aposta em uma história íntima de amor e amizade em tempos de caos, sem fazer concessões em favor da audiência, como explica na entrevista a seguir.
Queridos Amigos se passa em um período conturbado do país. Seu protagonista, Léo, luta por alguns ideais - que parecem quase utópicos - de fraternidade, lealdade...De alguma forma, o Brasil, ou parte dele, migrou também para essa mesma busca?
Não acho que o país tenha migrado como um todo nessa direção, mas alguns setores da sociedade felizmente pensam no coletivo. O que nos salva nos períodos difíceis são esses valores, às vezes esquecidos, como a lealdade e a fraternidade.
Mesmo escrevendo obras com dramaturgia fechada, é preciso fazer concessões pensando na audiência?
A vantagem das minisséries é uma liberdade maior que a das novelas em relação à audiência. São obras fechadas e, assim, não dá para fazer ajustes. No mais, nunca pretendi fazer [James] Joyce nem [Samuel] Beckett na televisão. Tenho muito claro as exigências do veículo. E acredito que uma obra, qualquer que seja a mídia, pode ser tudo, menos chata. Em Queridos Amigos, o andamento do roteiro é cinematográfico, há pouca concessão ao folhetim e nenhuma à linguagem. Mas as pessoas que leram o texto têm achado interessante.
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