<b>Ontem e Hoje</b><br> O jogo brasileiro <i>Dandara</i> traz um universo cheio de opressão que a heroína precisa salvar - Reprodução

Domínio Mundial

Dois jogos com DNA brasileiro chegam ao Nintendo Switch, que não é vendido no país

Gus Lanzetta Publicado em 19/03/2018, às 09h27 - Atualizado em 06/04/2018, às 12h23

O desenvolvimento de bons games por estúdios independentes já é realidade faz tempo, mas recentemente eles têm conquistado cada vez mais território no cenário mundial. Dois jogos feitos por brasileiros, Dandara e Celeste, chegam este mês para Switch – ainda que o console da Nintendo nem seja vendido oficialmente no país.

Dandara foi 100% feito no Brasil, mais especificamente pelos mineiros da empresa Long Hat House, e isso é bem aparente. Há referências a Tarsila do Amaral, grafites de Belo Horizonte, diversos elementos visuais da realidade brasileira e a trama consiste em lutar contra um regime opressor e ditatorial que quer acabar com os artistas. Além disso, a protagonista é uma referência à esposa de Zumbi dos Palmares, Dandara dos Palmares, figura também importante na história da luta contra a escravidão, mas que é pouco conhecida.

Celeste é um jogo bem menos brasileiro. A equipe que o criou é liderada pelo canadense Matt Thorson e a história é ambientada na gélida e fictícia montanha que dá nome ao jogo e que seria localizada no Canadá. Porém, toda a arte dele foi assinada pelo estúdio nacional MiniBoss. Os cofundadores Pedro Santo e Amora Bettany não só fizeram as ilustrações e todos os elementos visuais de Celeste como influenciaram muito em seu conteúdo, que aborda assuntos como saúde mental, depressão e ansiedade. “Eu conversei muito com o Matt sobre isso durante o desenvolvimento, sobre minhas experiências com isso”, lembra Amora.

A participação mais ativa de desenvolvedores brasileiros no mercado internacional vem crescendo na última década, mas Dandara e Celeste levaram os jogos com DNA brasileiro justamente ao Switch, o console da Nintendo que é um estrondoso sucesso no mundo todo, mas não tem distribuição oficial no país. Isso torna-se mais curioso ainda se lembrarmos que o espaço para jogos independentes nas plataformas da Nintendo sempre foi pequeno. “Eu não sei o que aconteceu lá dentro [da Nintendo], mas eles mudaram completamente o jeito que olham pros indies”, enfatizou Amora.

A mudança de atitude da Nintendo ganhou até nome: Nindies, que é como a empresa promove os títulos na loja virtual do Switch. Mas essa aproximação deixa ainda mais perceptível o fato de que a empresa está em falta com o mercado brasileiro. “Pegamos os dev kits [versões do console usadas para desenvolver jogos] em São Francisco quando fomos à GDC [Game Developers Conference, em São Francisco, na Califórnia] e trouxemos na mala”, conta João Brant, um dos dois game designers fundadores da Long Hat House, como teve a oportunidade de desenvolver para o console.

Ambos os títulos têm recebido boas críticas no mundo todo, além de reconhecimento por parte dos conterrâneos: o Brasil é o país que mais compra Dandara. Para Pedro, isso se dá porque o nome Nintendo tem um peso muito grande para quem cresceu jogando nos anos 1980 e 1990. “Quando eu era pequeno, jogava Super Nintendo e dizia que queria fazer jogos. Agora, fiz um para o tataraneto do Super Nintendo.”

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