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Em Busca da Velocidade

O 4G levará internet rápida a dispositivos móveis, mas serviço ainda deve demorar a funcionar para valer no Brasil

Henrique Martin Publicado em 13/04/2012, às 15h53 - Atualizado às 15h54

Falta pouco: em maio, as operadoras de telefonia móvel disputarão em leilão as licenças de uso para a próxima geração de internet no Brasil. Em jogo, está a banda larga móvel de verdade – o 4G, que vai complementar os serviços 3G já existentes quando o país for sede da Copa do Mundo em 2014. Mas as mudanças devem ser lentas. Primeiro, porque a disputa pelas licenças de uso do serviço, baseado na tecnologia LTE (Long Term Evolution), é cheia de complicações, o que pode atrasar o leilão; segundo, porque a tecnologia só chegará, em um primeiro momento, a grandes capitais, e a um alto preço.

Na prática, o 4G significa que o acesso à internet em smartphones, tablets (em março, a Apple lançou seu novo iPad, com disponibilidade de conexão 4G) ou mesmo em computadores com um modem acoplado, vai ficar bem mais veloz. Se hoje atingimos velocidades teóricas de 1 megabit por segundo com o 3G, o 4G poderá chegar a (também teóricos) 100 megabits por segundo, bem acima do que temos em conexões razoáveis a cabo. “A resposta é instantânea, dá até para baixar vídeos em alta definição. E os consumidores têm aparelhos que estão cada vez mais sofisticados e com fome de dados”, explica Erasmo Rojas, diretor para a América Latina da 4G Americas, grupo que fomenta o desenvolvimento da tecnologia móvel na região. Rojas conta que, atualmente, 80% dos usuários de LTE do mundo estão baseados nos Estados Unidos e “a América Latina começou de maneira lenta, com cinco redes em quatro países” (além do Brasil, Porto Rico, Uruguai e Colômbia).

Mas não se preocupe em comprar um iPad última geração apenas por causa do LTE: ele não vai funcionar na velocidade super-rápida no Brasil por conta da diferença de frequências usadas nas operadoras dos Estados Unidos e nas que serão adotadas por aqui.

“As operadoras já realizam diversos testes em todo o país”, comenta Lucas Pinz, gerente de tecnologia da consultoria PromonLogicalis. Mesmo com os testes caminhando, fazer o leilão e distribuir frequências para as operadoras não será o suficiente para fazer o 4G começar a funcionar. As operadoras precisam adaptar as redes e equipamentos nas estações rádio-base (as antenas já espalhadas pelas cidades), construir novas antenas e levar novas conexões de fibra óptica até elas – o que pode se tornar um grande problema urbano. Tendo isso em mente, as metas da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) são ambiciosas, com projetos piloto de cobertura 4G em todas as cidades-sede da Copa das Confederações de 2013 (Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Salvador), além de todas as cidades-sede e subsedes do Mundial de 2014. “Até 2016, o LTE não terá grande escala em todo o mundo. O ano de 2013 é um desafio significativo para as operadoras”, afirma Janilson Bezerra, chefe de inovação na TIM. “Em telecomunicações, correr é o natural. O prazo é apertado, mas possível. O que não pode ter é atraso na licitação”, afirma Márcio Nunes, diretor de plataformas e redes da Claro.

Mesmo sem o leilão de frequências, a Sky, rede de TV por assinatura, foi a primeira a montar uma rede LTE fixa no Brasil, em funcionamento em Brasília desde o final de 2011. “Teremos de cinco a dez novas cidades para expandir ao longo do ano. Não decidimos ainda se vamos entrar no leilão [para redes móveis], já que não quero bater de frente com as operadoras de telecom”, afirma Luiz Eduardo Baptista da Rocha, presidente da Sky Brasil. “Todo mundo quer espectro, e isso não é dinheiro de pinga.”

De todo modo, o 4G será uma tecnologia complementar à das redes de 3G e GSM existentes no Brasil, e tanto na Copa das Confederações quanto no Mundial de 2014 as operadoras terão outras tecnologias para conseguir aguentar o aumento no tráfego de dados nas cidades. A solução? Esforços conjuntos de serviços 3G, HSPA+ (uma evolução do 3G, já disponível no Brasil, com até 21 megabits por segundo) e o bom e “velho” Wi-Fi, presente na maioria dos smartphones modernos. “Para uma operadora, não significa lançar o LTE e desligar o 3G. Não funciona assim. HSPA+ é um bom complemento, Wi-Fi é uma outra possibilidade”, explica Nunes, da Claro. O preço também será um desafio para o consumidor. Hoje, de acordo com a 4G Americas, são mais de 270 modelos de aparelhos com a tecnologia LTE embarcada. “No começo, os aparelhos são sempre mais caros. A grande pergunta é quanto as operadoras vão cobrar pelo serviço prestado”, conclui Rojas. “Quem usa serviços normais no celular vai ficar com o 3G, quem precisa de algo mais sofisticado vai partir pro 4G, com um plano mais caro.”

MixMídia

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