Bill Gates investe milhões para deter o aquecimento global com a criação do suprimento infinito de energia isenta de emissão de carbono
Por Jeff Goodell Publicado em 10/01/2011, às 14h30
Bill Gates é relativamente um novato na luta contra o aquecimento global, mas já está fazendo o debate relativo às mudanças climáticas mudar. Nos últimos anos, o homem mais rico dos Estados Unidos começou a tratar da questão da energia com seriedade, investindo milhões em coisas que vão desde baterias de alta capacidade até máquinas capazes de retirar o dióxido de carbono do ar. Com fortuna pessoal de US$ 50 bilhões, Gates tem condições de dar um belo incentivo às suas soluções preferidas. Mas é sua posição de um dos empresários mais bem-sucedidos do mundo que dá maior visibilidade a suas escolhas. "A voz dele carrega enorme credibilidade em relação a como a tecnologia pode ser usada para solucionar o aquecimento global", diz Fred Krupp, chefe do Environmental Defense Fund (Fundo de Defesa Ambiental).
Quando se trata de clima e energia, Gates é um consumista radical. Na visão dele, o consumo de energia é bom - só que a energia precisa ser limpa. Da maneira como ele vê as coisas, o maior desafio não é convencer os norte-americanos a comprar geladeiras mais eficientes ou trocar carros que gastam muita gasolina por híbridos: a questão é descobrir como elevar o padrão de vida no mundo em desenvolvimento sem destruir o clima. Ele argumenta que, para isso, será necessário um "milagre energético" - uma inovação tecnológica que crie um fornecimento inexaurível de energia isenta de emissão de carbono. Apesar de não saber qual é a forma que esse milagre vai tomar, ele sabe que precisamos pensar grande. "Na verdade, nós não apreendemos a escala do problema que estamos enfrentando", Gates diz em seu escritório que dá vista para o lago Washington, em Seattle. "O objetivo correto não é cortar nossas emissões de carbono pela metade. O objetivo correto é zero."
Desde que saiu da Microsoft, você ficou mais conhecido por seu trabalho de combate à pobreza e às doenças nos países em desenvolvimento. Por que resolveu adicionar as mudanças climáticas e as questões relativas à energia à lista?
Bom, a energia já seria superinteressante e importante, mesmo que não fosse pelo problema terrível do clima. A coisa que realmente mudou a civilização - há apenas cerca de 250 anos - foi o uso intenso da energia. Isso mudou tudo: o transporte, a alimentação, os equipamentos e as comunicações. Hoje, nós dependemos muito de energia barata. Nós simplesmente não pensamos sobre isto: tudo que você tem na sua casa, a maneira como a indústria funciona. O meu interesse é garantir que os países mais pobres não fiquem para trás, então descobrir uma maneira para que eles obtenham energia barata é muito, muito importante. Seja para fertilizar plantações, seja para construir moradias, muita coisa se resume à energia.
Então nós precisamos de mais energia para os pobres e menos para os ricos?
As pessoas mais pobres nas zonas tropicais são as que serão realmente afetadas pelas mudanças climáticas - assim como alguns ecossistemas que ninguém quer ver desaparecer. Esta é uma coisa global, e realmente é difícil fazer as pessoas se darem conta da quantidade de redução necessária. A cada ano, temos aumentado a quantidade de CO2 que emitimos e, no entanto, estamos falando de uma redução de 80%. Para fazer isso acontecer, o mundo rico vai ter que diminuir muito - mas muito mesmo - o uso de energia.
Você lê esta matéria na íntegra na edição 52, janeiro/2011
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