Em Dose Dupla

Luana Carvalho lança dois álbuns produzidos por Moreno Veloso

Mauro Ferreira

Publicado em 22/02/2017, às 13h56 - Atualizado às 14h07
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<b>Fértil</b><br> A cantora estreou com trabalhos complementares - Tati Domais

Luana Carvalho pensava em gravar um álbum desde abril de 2013, mês em que lançou uma regravação de balada radiofônica do repertório de Moraes Moreira, “Sintonia” (1986), com produção de Gui Amabis. Acabou levando quatro anos para apresentar um disco, mas realizou o projeto em dose dupla. A filha de Beth Carvalho, cantora referencial no universo do samba carioca, está lançando dois álbuns simultâneos. Separados nas plataformas digitais, mas unidos na edição física em CD, Branco e Sul são discos complementares de estética minimalista, arquitetada pelo produtor Moreno Veloso.

“Eles representam um equilíbrio entre o que sai da minha cabeça e o que entra na minha cabeça, vindo de fora”, teoriza Luana. Sul é totalmente autoral e apresenta sete canções inéditas que derramam a poesia que brota da mente da artista. “Minhas canções começam na poesia. Ler e escrever é o que vem primeiro para mim”, explica. Já Branco, disco de tom pastel, também tem repertório autoral, mas abarca abordagens de músicas alheias, como a do samba “Força da Imaginação”, primeira e única parceria de Caetano Veloso com Ivone Lara, que faz contracantos e comentários na regravação de Luana. Promovida por Beth Carvalho em 1982, a parceria representa o traço de união entre Luana e o samba carioca mais tradicional, evocado em Sul na canção “Cabrocha da Mangueira”.

Branco ficou pronto em 2015. Sul ganhou forma em 2016, enquanto Luana resolvia questões burocráticas relativas à edição de Branco. Por isso, a safra de Sul é mais recente enquanto a de Branco inclui canções compostas pela artista em meados dos anos 2000. “Sul reúne o que há de mais próximo da minha atual realidade como artista. Este disco é uma conversa mais íntima. É uma conversa a dois, conduzida pelo meu violão primitivo, e ele ser primitivo não é um problema, porque eu convivi muito com Nelson Cavaquinho. Branco parece mais à deriva. É um disco de banda, de galera”, conceitua Luana.

A presença da mãe, Beth Carvalho, é outro traço, ainda que a voz da cantora não seja ouvida em nenhum dos álbuns. “Minha mãe é a coluna vertebral dos dois discos. Sem ela, se ela não tivesse me dado conforto para fazê-los, esses discos não existiriam”, sentencia Luana, que planeja estrear o show de divulgação dos trabalhos em março.

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