<b>Do Mundo</b><br>Apesar do disco com alma brasileira, Emanuelle escolheu a cidade de Nova York para fazer as fotos de divulgação - Divulgação

Versatilidade Vital

À frente de duas produções audiovisuais de grande porte, Emanuelle Araújo explora conexões brasileiras no primeiro disco solo

Lucas Brêda Publicado em 29/01/2017, às 10h44

Acho que estou meio acostumada a viver essa coisa de muito movimento”, diz a atriz e cantora Emanuelle Araújo, comentando, ao telefone, que atendia à reportagem da Rolling Stone Brasil em um dos intervalos das gravações da novela A Lei do Amor, em que interpreta a personagem Yara. “Minha vida pode ser agitada, mas eu sou uma pessoa muito tranquila. Tem um botãozinho que eu aperto e foco nele. Neste momento, estou centrada aqui, falando com você; quando vou gravar, minha cabeça está lá.”

Especialmente nesta virada de ano, Emanuelle, nascida em Salvador, está ainda mais atribulada. Além do trabalho na TV, ela lança o primeiro disco solo da prolífica carreira musical – sugestivamente chamado O Problema É a Velocidade – e se prepara para a estreia do filme Bingo, o Rei das Manhãs, baseado na vida do palhaço Bozo, no qual ela interpreta a dançarina e cantora Gretchen. “Hoje em dia tem muita expectativa, muita cobrança, mas faço tudo com tranquilidade, porque sou focada, sou meio treinada para isso”, explica ela, acrescentando que o “treino” para suportar a demanda artística inclui sessões diárias de meditação. “Eu tenho uma relação com ioga, budismo e meditação. Não curto nenhuma religião, mas acho que estamos hoje em um mundo no qual se exigem muitas coisas, em muitas fatias. Internet, redes sociais, comunicação múltipla. Você tem que ter um tempinho para silenciar a mente.”

Emanuelle, que frequentemente se define como “uma mulher simples”, vê o atual momento da vida extremamente conectado com a personagem dela em A Lei do Amor. “Ela mata um leão por dia, mas é muito sóbria”, opina. “Uma mulher que tem três filhos e toca a casa e ainda assim leva a vida profissional.” Diferentemente de Yara, contudo, ela admite que reserva a sobriedade para as atividades profissionais. “Tenho um espírito mais aventureiro”, ri a artista, que terminou o último casamento, de menos de três anos de duração, há cerca de um ano e meio. Ela teve uma filha, Bruna, aos 17 anos, e, agora, aos 40, quando coloca uma foto das duas juntas no Instagram, os seguidores são efusivos ao comentar: “Parecem irmãs!”

Atuando no momento em duas produções audiovisuais de grande escala, Emanuelle pouco guarda dos três Carnavais em que comandou a Banda Eva, quando ganhou notoriedade no cenário musical. E isso se reflete no disco solo dela, lançado pela Deck Disc e que vai render uma série de shows neste primeiro semestre. “Apesar de ter vivido um tempo do Carnaval, minha essência é da música brasileira misturada com a minha baianidade”, sugere. O Problema É a Velocidade, de fato, conecta-se muito mais com o trabalho dela nos grupos Moinho e Orquestra Imperial, recheado de sambas e bossas, ora mais balançado, ora mais melancólico. “Fiz um trabalho de intérprete como era feito antigamente. Fui à casa dos compositores, conversei, falei o que eu queria. A banda se reuniu no estúdio e buscou interpretar essas canções com a nossa química.”

“Existiram momentos em que eu estive mais no palco da atriz e senti falta da música, e outros em que o bicho do teatro coçava”, confessa, ressaltando a importância essencial das duas vertentes na vida dela. “Sinto-me completa quando transito entre essas carreiras de uma forma fluida. Eu me considero uma artista. Gosto da manufatura da arte.”

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