Entre Lençóis

Um raspador de osso e uma máquina de fazer linguiça rodeiam Lizzy Caplan, mas, apesar da presença dos objetos pouco usuais, ela não está no set da série Masters of Sex. Lizzy entra em um refrigerador cheio de porcos pendurados em ganchos para uma aula de como fazer linguiça e, enquanto aprende a afiar a faca, o cabelo dela, com corte retrô para o papel da sexologista Virginia Johnson, pelo qual foi indicada ao Emmy, pula para cima e para baixo. “Estou dificultando a coisa para você, porque vai precisar encontrar maneiras espertas de não fazer piadinha com linguiça”, ela diz, aos risos.

Lizzy é a mais nova de três irmãos. A infância dela foi típica de uma criança judia em Los Angeles, com bat mitzvah viagem para Israel, além de uma família liberal que permitia perguntas sobre sexo. Foi em meio ao luto por perder a mãe aos 13 anos que ela teve a ideia de ser atriz. “É estranho, mas comecei a achar que a única razão pela qual poderia tentar ser atriz era essa coisa horrível que aconteceu comigo”, afirma, baixando a voz. “Como se algo terrível tivesse que acontecer para você ganhar credenciais de ser humano e poder atuar.” Aos 32 anos, Lizzy era mais conhecida por um punhado de empreitadas sem muito destaque, mas hilárias, em que era quase sempre a menina de humor ácido. “Querer tudo pode ser desvastador depois de ouvir ‘não’ pela milésima vez”, diz, lembrando os vários papéis que não conseguiu. Foi aí que entrou o sexo. Lizzy está terminando de rodar a segunda temporada de Masters of Sex, exibida no Brasil pela HBO, em que interpreta a parceira de pesquisa/laboratório/cama do Dr. William Masters (Michael Sheen), estudando comportamento sexual durante os anos 1950. “Não queria ser rejeitada continuamente. Estava prestes a acreditar que não conseguiria mais nada quando surgiu a série”, ela conta. “Foi bem na hora certa.”