Maconha faz mal mesmo? Especialistas comentam as afirmações mais frequentes sobre o tema - Dan Page

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Maconha faz mal mesmo? Especialistas comentam as afirmações mais frequentes sobre o tema

Redação Publicado em 10/03/2014, às 19h54 - Atualizado às 19h59

A maconha prejudica o cérebro dos adolescentes?

No cérebro do adolescente em formação pode trazer algumas complicações, mas não é verdade que elas seriam irreversíveis. Segundo o psiquiatra Marcelo Niel, especialista em dependência química da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o cérebro tem a capacidade de se recuperar. “O principal prejuízo é quando a pessoa está usando. A maconha causa déficit de atenção e memória. Mas, depois que ela para, em uma semana a função cerebral se restabelece em mais de 50%. Depois de seis meses, a maioria dos danos desaparece”, afirma.

Valéria Lacks, chefe da unidade de psiquiatria do Hospital Geral de Diadema (SP), concorda com Niel ao afirmar que os danos na memória são passageiros, mas ressalta que o uso da maconha durante a adolescência tem outros efeitos colaterais. “Nessa fase, o jovem está fixando suas experiências no ‘hardware’ do cérebro. Esse é um tempo de aprendizagem e forte interação com o meio ambiente. A maconha acaba tendo o efeito de anestesiar esse processo, o que posterga a formação.” No caso da memória, ela explica, o uso crônico e prolongado faz com que as pessoas retenham menos as informações básicas do cotidiano.

A maconha pode ser uma porta de entrada para drogas mais pesadas?

Esse argumento é discutível. De acordo com uma pesquisa recente da Unifesp, apenas 10% dos brasileiros não consomem bebidas alcoólicas – ou seja: são completamente abstêmios; outros 10% são dependentes, e cerca de 20% a 30% são abusadores, mas não dependentes; o restante, cerca de 50%, são os chamados “bebedores sociais”. O estudo mostra ainda que as primeiras drogas que as pessoas normalmente têm contato são álcool e cigarro, e não a maconha. “Se a teoria da porta de entrada fosse verdade, ela valeria para o álcool”, explica Niel.

A maconha é um “gatilho” para quem tem predisposição para depressão e esquizofrenia?

Sim. A maconha tem um efeito repressor do sistema nervoso. Para quem tem predisposição genética à esquizofrenia, ela pode funcionar como um fator desencadeante.

Maconha faz mal, mesmo se consumida com moderação?

Existe um risco sobre o qual não se fala muito: fumar e dirigir um automóvel. “A maconha causa déficit de atenção e retardo dos reflexos. Se beber junto, então, isso se potencializa. Não fazem campanhas contra por causa da ilicitude”, diz Niel, que reforça que o uso contínuo, diário e crônico da maconha pode causar déficit de atenção e de memória. No caso da droga normalmente comercializada nas chamadas “bocas”, o risco seria maior, uma vez que o fumo é prensado costuma ser misturado com outras substâncias, como a amônia.

Maconha causa mais males do que o cigarro?

Sim. Estudos da Fundação Britânica de Pneumologia apontam que o uso da maconha pode causar mais câncer e problemas circulatórios do que o cigarro.

Maconha causa dependência física?

Sim, mas com menos frequência do que o cigarro. “Pesquisas mostram que de 5% a 10% dos usuários são dependentes. Eles podem ter sintomas de abstinência”, explica Niel. No caso de quem fuma todo dia na hora de dormir, por exemplo, a falta pode causar insônia e ansiedade, além de mal estar e náusea. A psiquiatra Valéria Lacks pondera que o uso crônico causa dependência psicológica, mas não física. “Sem a maconha na rotina, o usuário sente-se nervoso e ansioso. Mas a falta dela não causa desequilíbrio no corpo, como o álcool, a cocaína e a heroína”, explica. No caso de drogas mais pesadas, diz, o corpo sente tanto a ausência que isso pode provocar sintomas físicos, como diarreia e tremedeiras.

A maconha proporciona benefícios médicos?

Mesmo deixando de lado anos de dados clínicos que comprovam a eficácia da maconha no alívio de dores crônicas, náusea, diarreia, glaucoma e outros males, há novas provas de que os compostos ativos da maconha são capazes de matar células cancerígenas. Guillermo Velasco, professor da Universidade Complutense de Madri, descobriu que o THC tem efeito para diminuir tumores em roedores com câncer de seio, fígado, pâncreas e cérebro. Ele espera brevemente testar a hipótese em humanos. “Acredito que veremos testes nos próximos cinco anos”, afirma. O clínico-geral e homeopata Luís Betarello acrescenta que a maconha também tem sido usada como terapia de efeito hipoglicemiante (baixa glicemia no sangue). “Nos Estados Unidos, ela vem sendo usada em pílulas como medicação auxiliar no tratamento de diabete”, diz.

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