Banda da ex-Penélope faz pop maduro e açucarado
Lia Amâncio Publicado em 02/08/2007, às 12h31 - Atualizado em 11/09/2007, às 11h24
Érika Martins já é conhecida: a voz inconfundível, ao mesmo tempo doce e forte, da banda Penélope - e, para refrescar sua memória, do dueto com Rodolfo em "A Mais Pedida", dos Raimundos, que tocou em todos os radinhos por aí. Neste novo trabalho, que leva seu nome, mas não é exatamente solo, já que a moça vem muito bem acompanhada dos Telecats (o guitarrista Bjorn Hovland, a baixista Carla Kieling e o baterista Márcio Ribeiro), a cantora deixa os gritinhos adolescentes dos tempos do Penélope pra trás.
"Eu já estava querendo fazer outras coisas e compondo de uma forma que não cabia mais no universo pueril da banda", explica Érika. "Além disso", continua, "a Constança [Scofield, ex-tecladista do Penélope e viúva do produtor Tom Capone, falecido em 2004] estava grávida, ia parar por um tempo e eu não me imaginava no Penélope sem ela, que era o outro alicerce". A banda terminou, mas Érika jamais deixou a música de lado. Já pensando no disco solo, que seria produzido por Capone (com quem chegou a gravar o primeiro single, "Me Provocar"), ela continuou fazendo participações em shows e projetos (como o Baú do Raul), engrenou com o supergrupo Lafayette & os Tremendões (onde divide o palco com o marido, Gabriel Thomaz, do Autoramas), com quem gravou um compacto e aparece no longa-metragem A Grande Família, e seguiu amadurecendo como cantora e compositora.
Até que o projeto solo rolou, e a cantora escolheu sua banda a dedo. O critério "talento" parece óbvio quando ouvimos os Telecats tocando em perfeita sintonia com a líder, mas o fator estilo também contou alguns pontos na hora de juntar os músicos. Fã confessa da coleção de sapatos do guitarrista Bjorn, Érika tem uma forte ligação com figurino e produção de moda (por acaso, é cunhada da estilista Layana Thomaz). E, embora adote um visual mais roqueiro, empunhe uma poderosa Gibson Flying V branca e seu som esteja mesmo mais pesado, não tem jeito: Érika ainda parece uma boneca. E isso é um baita elogio.
O universo pop até o talo das canções de Érika versa sobre "mulherices", ainda que se dirija também aos rapazes ("Sobre as Mulheres" é uma aula de como se comportar nestes tempos de machismo), sobre relacionamentos, anos 80 e até kung fu. Seu primeiro disco com os Telecats, que sai ainda neste semestre, foi produzido pela amiga Constança Scofield e por Carlos Eduardo Miranda. No disco, ela interpreta, à sua maneira, além de suas próprias músicas, composições de Gabriel Thomaz, Kassin, Renato Martins ("Quando o Sim Quer Dizer Não", também tocada pelo Canastra) e o hit "Sacarina", de Pedro Veríssimo e Iuri Freiberger, ambos do Tom Bloch. Um repertório"tudo em família".
Érika amadureceu. "Estou cantando bem mais. O tempo, as experiências, as roubadas e os outros projetos trouxeram isso pra mim, conheço muito mais a minha voz." Sobre o som da banda, ela revela: "O que é pra ser rock está realmente rock, e as baladas estão mais canções, que explodem no refrão. Não abri mão das melodias, uma das minhas características". A fórmula deu certo, como pode se ouvir em "Sacarina", hit instantâneo disponível no MySpace da banda e auge dos shows. Só faltava mesmo uma estrutura que desse um suporte menos independente para a banda. Ao que tudo indica, essa estrutura chegou em boa hora: o selo Toca Discos, que lançará o CD de Érika Martins & Telecats, acaba de assinar com a gravadora Universal.
A moça, no entanto, tem os pés no chão. "Hoje sei que estar ou não numa gravadora não é o que determina o curso da minha carreira", diz. "O disco é só mais uma etapa a cumprir. Faço as coisas acontecerem do meu jeito, tenho mil idéias e toco porque é a coisa que mais amo. Não me imagino vivendo a vida de outra forma." E quem ouve Érika cantando espera mesmo que ela não pare mais.
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