Músicos independentes agora buscam uma melhor qualidade sonora
Por Josh Eells Publicado em 11/07/2011, às 12h23 - Atualizado em 07/12/2011, às 15h16
Há alguns anos, "fidelidade" era praticamente um palavrão no rock indie. Para uma geração criada na mentalidade "faça você mesmo", valores financeiros de produção de alta qualidade eram algo para executivos e idiotas do rock de FM. "Basicamente, queríamos ser o oposto do Bon Jovi", diz Dan Auerbach, guitarrista do Black Keys. No entanto, recentemente grupos independentes têm gastado mais tempo e dinheiro para fazer seus discos ter um som, digamos, decente. Pegue a banda Of Montreal: nos últimos dez anos, o líder Kevin Barnes gravou álbuns em um quarto de sua casa, com equipamentos básicos. Mas para o recente False Priest, ele instalou- -se no lendário Ocean Way Recording, em Los Angeles, mesmo local onde o Beach Boys gravou parte de "Good Vibrations". "Eles têm microfones melhores, tubos melhores, compressores melhores", diz Barnes.
No Brasil, funciona da mesma forma. "Para gravar o Efêmera, queríamos um som quente, ao vivo. E isso só é possível em um estúdio com infraestrutura", diz Gustavo Ruiz, guitarrista e produtor da estreia da irmã, Tulipa. O apoio de gravadoras, como a YB (de Tulipa) e a Trama, também se mostra essencial. "Há alguns anos, seria impossível gravarmos nesse estúdio, a não ser que tivéssemos muita grana", comenta Gustavo.
Há também quem despreze a rigidez de um ambiente profissional. "Você poderia me oferecer alguns desses estúdios caros de graça e mesmo assim eu não os usaria", afirma Chris Keating, vocalista do Yeasayer. "É o mesmo sofá de couro, aquela rotina de 14 horas de trabalho." Para o recente disco Odd Blood, a banda usou o adiantamento da gravadora para alugar uma casa em Nova York e comprar bons equipamentos. "Nossa meta era competir com a fidelidade de um disco caro", diz.
Fábio Pedroza, baixista do Móveis Coloniais de Acaju, concorda com a questão de ambiência. A banda gravou C_mpl_te no convidativo ambiente do estúdio da Trama, em São Paulo. "Ter um estúdio só para a gente é ótimo, passávamos o dia inteiro lá." O Móveis, no entanto, já monta um estúdio próprio em Brasília.
Mas, para alguns músicos, o movimento em direção à melhor qualidade de som é natural. "A gente sempre quer se desafiar", conta Dan Auerbach. "Quando comecei a tocar, o 'faça você mesmo' era uma reação ao fato de que alguns discos desses grandes estúdios soavam muito ruins. Só que muitas bandas que amamos, como Kinks ou T. Rex... Aquilo não foi gravado no porão. É legal continuar fazendo experimentações, mas agora usando equipamentos sofisticados."
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