“Nenhuma das bandas emo se metia com a gente. Nos odiavam. Se recusavam a fazer turnê conosco", lembra Patrick Stump sobre o auge do emo
Andy Greene Publicado em 12/01/2018, às 11h27 - Atualizado às 11h27
Em julho deste ano, Patrick Stump estava ouvindo o sétimo álbum do Fall Out Boy, Mania, que àquela altura estava quase pronto, quando percebeu que havia um grande problema: não era muito bom. “Isso me assustou”, diz o cantor. “Fiquei, tipo, ‘Eu não acho que nós quatro vamos gostar, não acho que o selo vá gostar. Não soa como o Fall Out Boy. Oh, Deus, não posso entregar isso’.” Stump conversou com o baixista, Pete Wentz, que achava a mesma coisa, e juntos decidiram empurrar o álbum para janeiro, mesmo já tendo se comprometido com uma turnê pelos Estados Unidos para divulgar o disco no fim de 2017.
Esse episódio foi a primeira grande crise que o Fall Out Boy teve que enfrentar desde 2013, quando, após quatro anos com a banda parada, eles voltaram a lançar grandes sucessos radiofônicos, como “My Songs Know What You Did in the Dark” e “Centuries”. Mas os singles iniciais de Mania, “Young and Menace”, com um sabor de EDM, e “Champion”, com uma vibe do FOB de antigamente, não conseguiram nem mesmo uma posição na parada das 100 mais tocadas.
“As músicas estavam tentando agradar a todos, mas não eram atraentes para ninguém”, diz Wentz sobre as faixas eliminadas do álbum. “Era como um sanduíche sem recheio. Sem mostarda nem nada.” Se a pressão de refazer a maior parte de um disco enquanto se preparavam para uma turnê causou qualquer tipo de estresse ou conflito entre os integrantes, isso certamente não é aparente nos bastidores da Arena EagleBank, em Fairfax, na Virgínia. Jogando conversa fora depois de uma passagem de som, eles debatem Stranger Things 2 e Wentz defende o muito criticado O Exterminador do Futuro: A Salvação, além de levantar a hipótese de que o personagem de Adam Driver pode acabar se tornando um sujeito do bem em Star Wars: Os Últimos Jedi.
Em agosto, a banda voltou ao estúdio com o produtor Illangelo – mais conhecido pelo trabalho com Lady Gaga, Drake e The Weeknd – e decidiu recomeçar do zero. O intensivão de composição, que aconteceu no estúdio de Stump, em Burbank, na Califórnia, funcionou, e deu frutos como “Hold Me Tight or Don’t”, com influência de trap, e “Expensive Mistakes”. As músicas fazem sucesso no show esgotado daquela noite em Fairfax, onde a multidão canta cada palavra de sucessos antigos como “Dance, Dance”, “This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race” e “Sugar, We’re Goin Down”. A turnê coincide com uma renovação no interesse pela cena emo dos anos 1990 e início dos anos 2000, com bandas como Brand New e Say Anything tocando para grandes multidões mais uma vez. Apesar de essas bandas terem sido seus pares no início, o Fall Out Boy se vê como uma entidade à parte. “Nenhuma das bandas emo se metia com a gente”, diz Stump. “Nos odiavam. Se recusavam a fazer turnê conosco.” Joe Trohman, guitarrista, complementa: “Vou parecer um babaca, mas ainda somos uma banda e ainda estamos lançando discos – não estamos em uma turnê de aniversário de 10 anos. Continuamos na ativa. Isso não é uma coisa fácil de conquistar”.
Antes da turnê norte-americana de Mania, em 2018, a banda fez o circuito Jingle Ball, tocando nos mesmos shows que Taylor Swift, Ed Sheeran e Camila Cabello. Em todos os casos, o Fall Out Boy é o grupo mais velho da escalação – e a única banda de rock. “Quando fazemos esse tipo de evento, sentimos que somos tipo o Slayer “, diz Wentz. “E quando fazemos eventos de rock moderno somos a banda pop. É um pouco estranho.”
Stump admite que, mesmo depois de todo o trabalho investido, ele não se importará se a versão retrabalhada de Mania não for bem nas rádios: “Preciso de outro sucesso na minha vida? Eu realmente não me importo. O único motivo para lançar um álbum é se ele for bom de verdade. E, uma vez que você passa do estágio da sua carreira no qual você quer sucessos nas rádios, isso se torna ainda mais importante”.
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