Psicodelia e promiscuidade a serviço da música
Márcio Cruz Publicado em 12/12/2007, às 00h00 - Atualizado em 13/12/2007, às 17h08
O nome da banda - filhos de Empregada - não tem explicação lógica ou pelo menos não deveria ter. E, a cada vez que são questionados sobre o assunto, seus integrantes inventam uma versão diferente. "É o nome da loja em Cuba onde compramos todos os nossos instrumentos", jura Acácio Canto, vocalista, guitarrista e tecladista do quinteto de Belém (Pará).
Criado no início de 2006 e principal destaque entre os estreantes da edição 2007 do festival paraense Se Rasgum no Rock, o Filhos de Empregada pode ser considerado uma versão profana da fuzarca sonora e cênica de nomes como Secos & Molhados, Os Mutantes e Velvet Underground. "Éramos uns 12 amigos. Sempre tocávamos juntos, mas sem nenhuma banda concreta", conta Acácio. "O nosso sonho era só tocar pra umas 30 pessoas no Café com Arte [casa de shows em Belém]. Aí, decidimos fazer uma banda de verdade." Dos 12 membros iniciais, hoje restam apenas cinco: Yuri Santos (guitarra, teclado e voz), Brunno Regis (baixo), Daniel Silva, (bateria) e Leandro Bender (guitarra), além do próprio Acácio.
Uma das faixas mais tocadas na página da banda no MySpace é "Tenone Yorkshire", uma balada progressiva que inicia com vocais anárquicos e desafinados. "Gravamos essa num dia só, e como estávamos fodidos colocamos uma introdução celta para nos ajudar", brinca Acácio. Já "Modess", um instrumental com guitarras distorcidas e efeitos psicodélicos de teclado, garante as possíveis comparações com o som dos Mutantes e do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles. Mas é "Fabrício o Raio da Morte", música de abertura dos shows (tinham sido apenas quatro apresentações até o fechamento desta edição) que sintetiza o trabalho musical do FDE. "A progressividade fica por conta de misturar coisas, partes estranhas, de pular de um riff pesado para uma melodia funkeada seguida de um barulho orgânico e por fim terminando com o Brunno se cortando no palco", define.
Embora tenham suas divertidas performances ao vivo muito bem cotadas em blogs musicais, o vocalista faz questão de dizer que está na música o foco principal do Filhos de Empregada. "As pessoas pensam que a banda é uma tiração de sarro, mas o nosso principal interesse é ser reconhecido pelo som e não pela zona no palco. Isso é parte do processo criativo. Tanto os ensaios quanto os shows são cheios de firula."
O clima de bagunça entra em conflito com duas responsabilidades atuais dos integrantes: gravar um EP enquanto terminam a faculdade de publicidade. "Todo mundo está se formando, está rolando TCC e está uma cagada. Estamos penando para arranjar um final de semana para gravar", confessa Acácio, que comemora as condições inusitadas do próximo show do Filhos de Empregada: será em um cinema pornô desativado em Belém. "Os produtores querem justamente passar essa idéia de zona, de orgia, de rock errado, de promiscuidade, e nós adoramos isso."
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