Há 40 anos o fotógrafo Mario Luiz Thompson se faz presente nos grandes momentos da música brasileira. Ele criou imagens para capas de discos de sucesso e clicou shows e performances dos grandes nomes da nossa canção
Redação Publicado em 22/02/2010, às 17h55
A paixão pela música veio por causa da minha mãe. Ela era pianista, chegou a tocar com Zequinha de Abreu. Essa coisa de estar no momento certo e na hora certa tem algo a ver com intuição, eu tenho uma espécie de sexto sentido quando o assunto é música", explica Mario Luiz Thompson. A carreira profi ssional do fotógrafo paulistano Thompson começou a tomar formato nos anos 60. "Eu estava envolvido com o movimento estudantil e passei a ir nos shows e nos lendários festivais da MPB. Comecei a fotografar por conta própria. Seguia de perto quem eu gostava. Era uma forma de me expressar naqueles tempos de ditadura. Com o tempo, os artistas começaram a me chamar para fazer capas de disco. Gilberto Gil, Gal Costa, Jorge Ben, todo mundo veio me procurar. Eu nunca estudei para isso, foi algo que aconteceu naturalmente". Nestas últimas décadas, Thompson vem se mantendo ocupado. Fotografou incontáveis shows e eventos, criou inúmeras capas de discos, organizou exposições e publicou vários livros. Mas não se limitou a registrar a iconografi a da música brasileira. Fotografou também músicos de jazz e rodou o Brasil clicando cidades e patrimônios históricos. Mas a música sempre falou mais alto e ele confessa que seu envolvimento é total: "Eu gosto de música de qualidade. Mas não clico apenas medalhões da música. Trabalhei com muita gente que estava começando, principalmente da música instrumental, que é um estilo que eu aprecio muito. Sempre fui muito fã de gente como Moacir Santos e Egberto Gismonti." A casa onde Mario mora desde a infância é uma espécie de centro cultural informal. Lá, ele tem uma estrutura onde guarda seu imenso acervo fotográfi co (cerca de 400 mil fotos) e discográfi co. Por muito tempo o local foi um ponto de encontro de músicos, que iam para tocar, conversar ou até mesmo passar a noite. Aos 64 anos, ele ainda está cheio de projetos, como publicar livros sobre a música baiana e um sobre os artistas negros da MPB. Quando falam para ele que seu trabalho é referência, Thompson prefere citar uma frase de Guimarães Rosa: "A vida do ser humano não vale nada. O que vale é a obra que ele deixa".
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