Gênio Indomável

Por <b>Márvio dos Anjos</b> Publicado em 15/12/2008, às 17h41 - Atualizado em 23/03/2012, às 21h49

Era dezembro de 2001 quando Chico Anysio fez sua última aparição como titular de um programa da TV Globo. Para se ter uma idéia, a seleção brasileira ainda não tinha se sagrado pentacampeã do mundo. O programa era a Escolinha do Professor Raimundo e, quando a emissora do Jardim Botânico o tirou do ar, a justificativa ofi cial era a de que a fórmula estava desgastada. Curiosamente, em novembro deste ano, a Band anunciou que pretende fazer um novo remake da atração (o SBT também já teve uma Escolinha) e deve escalar Sydney Magal para fazer o papel do mestre que enfrenta a ignorância dos seus alunos. De lá para cá, as aparições de Chico na TV são pontuais. Papéis curtos em novelas e minisséries, como Sítio do Picapau Amarelo (2005), Sinhá Moça (2006) e Pé na Jaca (2007).

Pintor, roteirista, comediante, comentarista de futebol, compositor e até ex-marido de ex-ministra da Fazenda (Zélia Cardoso de Mello), Anysio experimenta uma vida mais tranqüila. O humorista mora com Malga, sua sétima mulher, em um condomínio relativamente novo, de classe média alta, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Quando a porta se abre, Chico está sentado diante do computador, em uma grande mesa na sala. É ali que passa a maior parte do dia, navegando na internet, trocando e-mails com o velho amigo José Bonifácio Sobrinho, o Boni, ex-chefão de programação da TV Globo, e trabalhando exaustivamente em variados roteiros.

Estar diante de Chico Anysio é cumprimentar uma memória viva da TV brasileira e uma referência do humor nacional já acostumada a homenagens. Da carreira iniciada em concursos de rádio no Ceará até o fim da Escolinha, o criador de 206 tipos eternos (como Justo Veríssimo, Jovem e Haroldo, o hétero) é matéria-prima constante para tributos.

Mas o homem que significou diversão para tantas gerações atualmente transparece melancolia. Sem se levantar de sua cadeira em nenhum momento, o ar é de um certo tédio. Em um dado momento, o telefone toca, e outro jornalista lhe faz uma breve entrevista. Pergunta sobre Zélia, e Chico rememora o encontro na Escolinha, diz que são amigos até hoje, fala de seus sete casamentos e diz que entende muito do assunto. "Posso dar conselhos sobre casamento, porque tive sete. De casamento entendo eu", brada, dizendo ainda ao telefone que "a felicidade é uma ilusão, e eu sou um realista".

Desde o início, Chico deixa claro que quer evitar brigas com a Globo, com quem já se meteu em atritos por discordar publicamente da condução da grade da emissora. Como declarações suas em entrevistas anteriores causaram mal-estar com gente que vai desde a turma do Casseta & Planeta até a diretoria de programação, Chico calcula boa parte das afi rmações dadas ao entrevistador. Não quer perder o salário que ganhará até 2012 como contratado da líder de audiência, ainda que isso lhe custe uma geladeira.

Conversando com ele, é difícil não se lembrar de alguns dos personagens que construiu ao longo dos anos. Dependendo da emoção que quer passar, ou dos personagens da história que estiver contando, Chico pode ir de Neide Taubaté a Alberto Roberto em um piscar de olhos - e é fácil gargalhar com os casos que conta. Sempre que termina algo engraçado, seus olhos se cristalizam, esperando o riso de quem o escuta. Confi ar no próprio taco é uma característica que Chico ainda mantém. Mas ele mesmo raramente ri do que fala.

[Ao ver um arquivo de texto aberto no computador]: Você está trabalhando em um roteiro?

Traduzindo. É um roteiro que escrevi em inglês, quando morei na Califórnia, e que tentei emplacar em Hollywood. Chama-se The Manager. Mas meu agente insiste em me apresentar como brasileiro aos caras de lá. Você acha que o Walter Salles leria o roteiro de um cara do Azerbaijão? Não lê. A mesma coisa acontece com o roteiro de um brasileiro nos Estados Unidos.

Vindo para cá, disse ao taxista que ia entrevistar você, e o comentário dele foi: "Puxa, adorava esse cara. Mas ele anda sumido, né?" Por onde você anda?

Faço três shows de stand-up comedy. Tenho um com o Tom Cavalcanti, que se chama Chico. Tom, a gente viaja o Brasil inteiro. Faço outro com meu filho André Lucas, que se chama De Pai pra Filho, e ainda tenho outro que faço com músicas: Eu Conto, Vocês Cantam. Conto histórias para a platéia, que me responde cantando. Um sucesso absoluto, o público tem lotado sempre. Fiz uma temporada aqui no Rio, no Centro Cultural da Light, a fila pelos ingressos começava cedo e dobrava o quarteirão. No Brasil, se a pessoa tem mais de 15 anos de idade, ela sabe quem eu sou.

O que você acha dessa nova geração do humor brasileiro?

Não assisto mais TV aberta. E, por contrato, não posso comentar programas da Globo nem decisões da diretoria atual.

Sim, mas e fora da Globo? Mas você nunca chegou a ver o CQC...

[Interrompendo] Não, não sei...

Hermes & Renato, Pânico...

O pessoal do Pânico eu conheci. Eles fizeram uma campanha para mim, um "Volta Chico", foram muito legais, chegaram na Globo e pediram a minha volta. Gosto deles, mas não vejo o programa. Preciso me desabituar a ver a TV aberta, não gosto de humor na TV aberta. Na Globo o que tem é o Zorra Total, que é um projeto meu, e o Casseta & Planeta. O programa deles não mudou muito, mudou?

Depende de quando você se refere. Eles seguem aquela linha de paródias da novela que estiver passando.

Mas isso eles já estavam fazendo. Acho que falta humor na TV, como acho que sobra novela, e as pessoas que me encontram na rua também dizem isso. Às vezes eu vou à casa de colegas das antigas, e a TV está ligada na novela. E aí a gente repara que não conhece mais ninguém. É estranho, porque um ator não se faz em menos de cinco anos. Comediante então, não em menos de dez.

Então você não vê absolutamente nada na TV aberta?

Futebol, quando tem, eu paro e vejo. Mas TV aberta em geral não. Gosto de assistir a seriados na TV a cabo, como Lei e Ordem, Lei e Ordem: Special Victims Unit, também gosto muito de Smallville, acho muito interessante aquela visão do Super-Homem jovem. Gosto também de Two & a Half Men e House. Do House não perco um episódio, acho o personagem do médico ótimo. Mas aquilo ali não é fácil de fazer, não. Tem que ter médico ajudando na consultoria do roteiro, e não é só um não, são vários.

É possível estudar o humor, como se fosse uma teoria?

Claro, mas você precisa saber para quem você está falando. No meu show, conto uma piada de um negão, vestido com a camisa do Flamengo, todo afeminado nos trejeitos. Ele passa pela mãe, que é uma prostituta, e pede a bênção. Aí vem um cara e diz: "Ô, negão: você é preto, flamenguista, viado, filho da puta; é complicado, hein?" Aí o negão responde (com sotaque argentino):"Y no sabes lo peor..." Mas nesse show popular, ninguém riu. Claro, o cara nunca foi à Argentina, não sabe onde fica Buenos Aires. E a culpa foi minha, de não ter reparado nisso. Além disso, há vários tipos de humor. Você pode fazer humor sem a obrigação de ser engraçado. Eu tinha um personagem, o Profeta, que não era engraçado, eu o usava para passar uma mensagem positiva. Extraía algumas coisas de uma revista da Igreja Messiânica, que um amigo apresentou. Era humor, mas não era engraçado.

Mas, voltando à piada de que ninguém riu, será que o sentimento do politicamente correto não pegou aí? Alguma vez você foi criticado por fazer piadas sobre minorias?

[Com desdém] Nunca. Fiz cinco gays e sete negros na televisão e nunca fui criticado, ao contrário, todo mundo adorava. Os negros e os gays vinham falar comigo e sempre gostaram.

Se você tem tanto público, faz alguma idéia de por que a Globo não o devolve à programação?

Eles nunca me disseram o porquê. Já apresentei 16 projetos e todos foram engavetados. Até novela já apresentei. Tenho um projeto de novela que viria antes de Malhação [ele explica detalhadamente o roteiro, mas depois pede sigilo sobre a trama ao repórter]. É uma idéia do caralho, mas não quiseram. O único projeto que é meu e continua no ar é o Zorra Total [estreado em 1999], mas já não é a mesma coisa de quando eu propus. Como já faz sete anos que não consigo voltar ao ar, perdi as esperanças. Não acho que algo vá mudar até junho de 2012, e eu não vou brigar com a Globo, porque ganho muito bem para não trabalhar, e como eu não tenho dinheiro guardado, preciso continuar recebendo. Me dou superbem com a Marluce [Dias, ex-diretora geral da Globo], ela é uma pessoa ótima. Hoje eu ganho a terça parte do que ganhava quando estava no ar, mas ainda é um bom dinheiro.

Mas por que você não tem dinheiro guardado? Você não se preparou para a aposentadoria?

Na minha carreira, o sujeito não se aposenta. Não é como um jogador de futebol, que, aos 35 anos, sabe que não tem como continuar por muito mais tempo. Nunca me preocupei com isso, porque sempre imaginei que, quando parasse, a Globo me colocaria como supervisor dos programas de humor, que na minha época quem tomava conta era o Borjalo [cartunista, morto em 2004]. Na Globo é sempre assim, tem alguém que zela pelo padrão das atrações, e no humor era o Borjalo. Eu seria a escolha mais óbvia porque, afinal de contas, quem mais haveria? O Jô Soares entende de humor, mas ele faz um programa que nem é humorístico. O Max Nunes entende de humor, mas está velhinho. Quem entende de humor mais do que eu ali? Ninguém, mas nunca me chamaram.

E esse cargo ainda existe na Globo?

Deve existir, eu acho que deve existir. Mas não sei quem ocupa. E aí tenho que me preocupar em guardar dinheiro. Faz 15 dias que eu comecei um... como é mesmo... um CDB no Banco do Brasil. Eu agora guardo esse dinheiro porque, em 2012, preciso ter um pé-de-meia para quando acabar meu contrato com a Globo. Isso me preocupa. As minhas despesas são caras, e eu ainda pago o aluguel de seis comediantes da terceira idade, cujos nomes não vêm ao caso revelar. Mas, enfim, tem uma coisa que tenho vontade de fazer. Em 2012, eu vou estar com 81 anos e quero fazer uma peça por ano, que é algo que o Roberto Bolaños [comediante de Chaves e Chapolim] faz no México. Todo ano ele apresenta uma peça, em curta temporada, e aquilo é uma coisa que as pessoas esperam. Ele só faz isso, é rápido e tem público. Outra coisa que quero fazer foi algo que vi quando morava nos Estados Unidos [Chico se mudou para lá logo depois de perder a Escolinha]. Eu soube que o pastor evangélico Rex Humbert, que foi a minha inspiração para o Tim Tones [embora o nome do personagem tenha saído de Jim Jones, que liderou um suicídio em massa na Guiana, nos anos b80], anunciou aos seus fiéis que estava se aposentando e que precisava de dinheiro para fazer a reforma da sua casa, que ia deixar de sediar um templo. No seu último discurso na TV, ele pediu a cada fiel que depositasse uma determinada quantia em banco tal, conta tal. Ele arrecadou mais de US$ 50 milhões. Tenho vontade de fazer isso no Faustão. E aí, se eu te dei algum tipo de alegria em uma noite, será que você poderia me dar um real em troca? Claro que você me daria.

Um Chico Esperança?

Isso, um Chico Esperança. Imagina, eu arrecadaria facilmente R$ 15 milhões e poderia ficar tranqüilo. Mas minha mulher não me deixa fazer isso, ela acha que seria como pedir esmola. Que esmola, eu nem estou pedindo um salário...

E qual é a diferença do que você propôs como Zorra Total para o que vai ao ar hoje?

A diferença é que eu faço um humor social, e eles fazem humor sexual. Eu tinha dado a eles uma Mercedes e hoje eles têm um Volkswagen. Mas não reclamo da Globo, não. Ainda tenho direito às chamadas dos meus shows, na praça em que eu estiver me apresentando. Isso é bom, porque tenho que continuar trabalhando, para não cair em depressão.

Você sofre de depressão?

Claro que eu tenho depressão [risos]. Tive seis mulheres, nove filhos e dez netos. Se eu não tivesse depressão, teriam que me internar, porque eu seria um psicopata.

Quando ela surgiu? Foi depois que você saiu da grade?

Não, eu já lido com a depressão há 20 anos. Certa vez, passei sete dias sem sair do quarto, com medo de sair, e achei que ia morrer. Até que a minha mulher ligou para a Marieta Severo, que mandou um psiquiatra amigo dela. Minha depressão é endógena, é como se faltasse um sal no meu organismo. Tomo os meus remédios [puxa a gaveta e mostra várias caixas] e fico numa boa. E essa depressão é mais leve que a exógena, que é a que faz o cara querer se matar. O problema é que justamente a mais leve não tem cura; a mais pesada o cara se trata e passa. Não é engraçado? E é isso, vou ter a vida inteira. E é claro que ter parado de trabalhar na TV contribuiu um pouco nestes últimos anos. Mas foi por isso que eu nunca consegui fumar maconha. Quando eu experimentei, acabou agravando a depressão.

E cocaína, você consumia?

Não, nunca me interessei.

Além da depressão, que você diz estar sob controle, como vai sua saúde?

Tenho enfisema pulmonar há 23 anos. Não tem a ver com o tanto que eu fumava, porque parei com o cigarro aos 54 anos. Estou indo para uma clínica de reabilitação pulmonar em Porto Alegre e vou passar o mês de dezembro lá. Não consigo andar daqui até ali [aponta a varanda, que está a cinco metros de nós], me falta fôlego. Em aeroportos, peço cadeira de rodas; por isso eu estou indo fazer essa reabilitação. Quando eu estive lá para conhecer, um senhor veio e me cumprimentou [deixa a voz mais grave]: “Seu Chico, estou sabendo que o senhor vai começar a fazer a reabilitação aqui. Parabéns, porque eu me tratei nesta clínica quando tinha perdido um dos pulmões. Hoje, eu corro 20 km por dia, nado e trepo”. Se eu conseguir 10% do que esse cara conseguiu, eu passo outro mês lá.

Mas, nessas condições de saúde, você teria como comandar um programa de TV, como fazia?

Sem dúvida. Sem dúvida.

Você demonstra claramente uma vontade de continuar trabalhando em TV. Não aceitaria uma oferta para trabalhar em uma outra emissora?

Não tem como, eu sou da Globo, eu sou global [enfático]. E o tipo de programa que faço, com a estrutura e a qualidade de que preciso, só a Globo pode me dar. A Globo é foda, eles te dão tudo. Quando eu filmava, às vezes era preciso um carro-pipa para fazer chover do lado de fora do estúdio. A gente pedia e não tinha discussão se havia sido gasto sei lá quantos mil para aquele episódio; em meia hora, o carro-pipa estava lá. Só na Globo você pode fazer isso. E na minha equipe nunca ninguém precisou fazer hora extra. A gente começava às 13h e terminava pontualmente às 20h. Eu gravava 12 personagens e ninguém ficava lá além do tempo previsto.

O engraçado é que, do jeito que você fala que é da Globo, fica impossível não lembrar do Bozó [personagem que se vangloriava de trabalhar na Globo, mesmo que como contra-regra], com todo o respeito...

Bozó? Não, de jeito nenhum. Eu vou te dar esse gosto: certa vez eu estava com o doutor Roberto Marinho [presidente das Organizações Globo até sua morte, em 2003] e disse: “Doutor Roberto, eu me sinto dono de uma dessas pilastras”. Ele me respondeu [muda a voz]: “Chico, você é dono de tudo isso aqui. Você criou as Organizações Globo”. E eu criei mesmo. Quando cheguei na Globo, já era Chico Anysio pra caralho, tinha sido sucesso na TV Rio, na Excelsior, na Tupi e na Record. Cheguei à Globo, passei 36 anos lá dentro e fui líder de audiência em todos os horários que me deram. Houve um fracasso: Estados Anysios de Chico City (de 1991). Mas, fora isso, sempre dei ibope. Outro dia eu fui à ESPN para uma entrevista, e eles tiveram mais ibope que em jogo de Copa do Mundo. Aonde eu vou, eu dou Ibope.

O que você acha da intenção da Band de recriar a Escolinha em 2009, com Sydney Magal como o professor?

Não posso gostar. Não gostava quando era no SBT. Não existe Escolinha sem o professor Raimundo. Por mais que os alunos sejam bons, se não há um professor Raimundo, vai faltar aquela dignidade que o personagem tem e que nem eu mesmo tenho. Eles podem fazer a Escolinha que eles quiserem, mas com Sydney Magal? Por aí você vê [risos]... por isso que eu revelei porrilhões de comediantes, como Zé Trindade, Castrinho, Zilda Cardoso e por aí vai.

E o Chico Anysio comentarista de futebol, esse não volta mais?

Não, não quero mais, não. Perdia um domingo inteiro por causa da rodada, chegou uma hora que isso encheu o saco. E ainda tem o problema de que, hoje, a Série A do Brasil mostra futebol de Série B. O melhor jogador que a gente tem hoje em dia é o Hernanes [volante do São Paulo] e mesmo assim ainda não é um craque. Futebol já foi muito bom, e disso eu entendo. É a coisa de que mais entendo na vida. Mais até que de humor. Quando o Dudu do Palmeiras estava parando de jogar [nos anos 70], eu tinha amigos na diretoria e indiquei a eles o Falcão, que ainda era júnior no Internacional. O Palmeiras foi lá contratar, e o Inter disse que com aquele garoto não tinha negócio. E aumentaram o salário dele para segurar a saída. O Falcão até hoje me diz que quem deu o pontapé inicial da carreira dele fui eu. Eu que indiquei ao Palmeiras o Leão, o Luís Pereira e até o Zenon, que eles não pegaram e acabou no Corinthians.

Você teve uma participação bastante elogiada no filme Tieta, e nunca mais apareceu em papel algum. O cinema não te apetece?

Eu adoro cinema, mas até hoje só tive duas participações em filmes, embora só considere mesmo Tieta do Agreste [1992], porque a outra foi uma experiência horrível, era o Doce Esporte do Sexo, do meu irmão, Zelito Viana. Tinha um cara que ficava em cima de mim dizendo que “isso não é engraçado, muda isso e tal”, e então não foi bom. Mas eu vou voltar às telas, no filme Se Eu Fosse Você 2, do Daniel Filho, que estréia no ano que vem. Terei só oito falas nesse roteiro. E quer saber? Vou concorrer a ator coadjuvante.

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