Dois dos maiores nomes da música mineira, Lô Borges e Samuel Rosa enfim registram parceria de longa data
Lucas Brêda
Publicado em 14/06/2016, às 09h31Ícone do clube da esquina, Lô Borges encontrou pela primeira vez o líder do Skank, Samuel Rosa, em uma festa no ano de 1999. “Ele virou para mim e disse: ‘Você regravou uma canção minha, é uma alegria para mim! Desde criança que eu escuto suas músicas, frequento seus shows’”, narra Borges, que regravou a faixa do Skank “Te Ver” no disco Meu Filme (1996).
Um já conhecia a obra do outro: além de ter escutado Clube da Esquina (1972)desde bebê, Rosa tem como referência álbuns posteriores de Borges – A Via Láctea (1979) e Nuvem Cigana (1981) –, enquanto o ex-Clube da Esquina consumiu o Skank a partir do segundo disco, Calango (1994).
“Nessa festa, eu me declarei para ele”, comenta Rosa. “O Lô ter regravado ‘Te Ver’, de certa forma, ‘quebrou um gelo’ que havia entre a minha geração – de Pato Fu, Virna Lisi – e a dele. As pessoas em Belo Horizonte criavam essa polarização, e o Lô, alheio a isso tudo, foi lá e gravou uma música do Skank.”
Em poucos meses, a relação da dupla avançou naturalmente para uma parceria musical que deu origem a um show conjunto, já rendeu composições inéditas (incluindo um hit, “Dois Rios”, gravado pelo Skank) e este mês ganha o CD/DVD Ao Vivo no Cine Theatro Brasil.
“Eu queria que esse encontro fosse exatamente a antítese do que eu vivo até hoje: essa coisa de a indústria fonográfica lançar discos periodicamente, fazer turnês extensas”, confessa Rosa. “Num primeiro momento, não pensamos em gravar nada. Só de uns cinco anos para cá é que consideramos efetivamente um registro.”
Ao Vivo no Cine Theatro Brasil conta com participação de Milton Nascimento e Fernanda Takai (deixando ainda mais mineiro o encontro) e traz no setlist clássicos de Skank e Clube da Esquina, faixas solo de Borges e composições em parceria.
“Montamos uma banda – que não é nem o Skank, nem minha banda de apoio – e ensaiamos para dar uma unidade a esse repertório”, explica Borges, expressando o duro desafio de colocar sob o mesmo teto o balanço de “Te Ver” e a melancolia surrealista de “O Trem Azul”. Rosa opina: “Buscamos essa diferença, esse frescor, outra maneira de enxergar a música. É o que eu acho mais legal e intrigante nesse encontro com o Lô.”