Jota Quest repete parceria com o produtor Jerry Barnes e o músico Nile Rodgers em Pancadélico
MAURO FERREIRA Publicado em 07/12/2015, às 16h07 - Atualizado em 08/12/2015, às 11h14
“Só o groove salva”, sentencia várias vezes PJ, baixista do Jota Quest, como um mantra, durante uma conversa no estúdio Minério de Ferro, erguido pela própria banda na cidade natal de Belo Horizonte. Espécie de QG do quinteto de black music pop, foi ali que o Jota Quest gestou e gravou o oitavo álbum de inéditas, Pancadélico. Sem dor, o parto foi feito pelo produtor norte-americano Jerry Barnes, com quem a banda já havia firmado parceria em 2013 ao fazer o incensado álbum anterior, Funky Funky Boom Boom.
Os dois discos são baseados no tal groove salvador. Convidado de Funky Funky..., Nile Rodgers também põe o toque chic de sua guitarra em Pancadélico, tocando em “A Vida Não Tá Fácil pra Ninguém” e em “Blecaute”, faixa que tem vocais de Anitta, a musa do funk pop carioca. “Não foi uma estratégia chamar a Anitta. As coisas foram acontecendo naturalmente”, garante Rogério Flausino, cantor e porta-voz do grupo ao lado do guitarrista, Marco Túlio.
Com grafite multicolorido da dupla Os Gêmeos na capa, Pancadélico tem título que remete ao Funkadelic, grupo norte- -americano que influenciou o Jota Quest na construção de um som que bebe tanto da fonte da soul music nacional de Tim Maia e companhia quanto do funk do Jamiroquai. Aliás, a faixa “Mares do Sul” singra com o toque do baixo de Stuart Zender, integrante da formação original do grupo britânico. Já as guitarras roqueiras de “Sexo e Religião” também põem os Stones no caldeirão de influências que tem se mostrado mais azeitado desde o álbum La Plata (2008). “Sempre fomos uma banda de groove, soul e funk. O que mudou foi que, de uns tempos para cá, a gente desencanou de fazer músicas para os outros e passou a fazer para nós mesmos”, pondera Flausino.
Por “outros” entenda-se os críticos que, em sua maioria, nunca deram o devido valor ao som pop black do Jota Quest. “Ao longo de 20 anos, fomos nos testando, nos machucando, mas colhendo flores também”, relativiza o vocalista. “Fazer 20 anos já é uma conquista legal. Passou rápido”, observa o guitarrista, Marco Túlio. Entre flores e espinhos, o Jota Quest permanece em cena como uma das perfeitas traduções pop da música black nativa. Como repete PJ, o groove salva o grupo.
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