O que importa no mundo da música hoje? O retorno dos clássicos do rock, parece
Miquel Sokol Publicado em 14/02/2013, às 13h17 - Atualizado em 07/01/2016, às 16h09
David bowie quebrou um silêncio que já durava dez anos e, o melhor, sem proferir uma palavra sequer. Nada mais Bowie. Às 5h da manhã do último dia 8 de janeiro, data de seu aniversário de 66 anos, o cantor fez um novo single se materializar na internet, assim, sem mais nem menos. O melhor, sem menos, porque havia muito mais: um clipe, o anúncio de um disco novo para março e a capa do dito-cujo. Neste mundo celebridade em que uma celebridade não consegue espirrar discretamente, Bowie preparou uma blietzkrieg em sigilo: foi o maior olé no Grande Irmão de que se tem notícia!
Ninguém fazia ideia do que estava por vir, nenhuma nota, flagra de paparazzi, tuíte, nada. Aliás, não me surpreenderia se os editores do site mais fofoqueiro do mundo, o TMZ, estiverem chorando até agora. Olé! Até os biógrafos mais sérios já tinham decretado a aposentadoria do cantor e, exatamente por isso, a Operação Retorno foi um sucesso: em poucas horas Bowie estava no topo das paradas digitais e, enquanto o disco batia recordes na pré-venda a imprensa mundial corria desesperada atrás de explicações.
Conclusão óbvia: Bowie é o cara.
Conclusão estúpida: Puxa! A internet é muito eficaz mesmo.
Conclusão maldosa: Beyoncé e Justin Timberlake estão mordendo a parede de raiva, pois ambos pretendiam protagonizar o grande retorno de 2013. Ele anunciando disco novo após seis anos dedicados ao cinema, e ela reativando o grupo que a projetou, o Destiny’s Child. Para os dois,
apenas um comentário bem pausado: ha-ha-ha.
Conclusão matemática: Menos com menos é mais. Ou seja, a reclusão pode gerar mais mídia que a superexposição.
E, finalmente, a conclusão inevitável: o mundo está carente de ídolos. Convenhamos, a verdade é que a música que colocou David Bowie de volta ao topo não tem nada de mais, assim como já não tinha o último disco dele, Reality (2003). O que está acontecendo é a celebração de uma grande música, mas de uma grande ressurreição.
Não se fazem mais ídolos como antigamente, como o Bowie, intocáveis, semideuses, heróicos. Os imortais da música estão morrendo um a um: John Lennon, Michael Jackson, Kurt Cobain... E não há peças de reposição, o que há é uma enorme carência de idolatria, caso contrário ao das grandes promessas em pleno duomilésimo décimo terceiro abençoado ano de nosso Senhor não seriam os novos discos de dinossauros como Jimi Hendrix, Black Sabbath, Fleetwood Mac e, claro, Bowie. Tem mais: o Liam Gallagher (dinossaurinho) não estaria vendendo o novo álbum do seu Beady Eye como "o disco que o Oasis devia ter feito após What’s the Story) Morning Glory?.
A verdade é que os novos ídolos não são idolatrados. A relação agora é de amizade com o fã, que acompanha o dia a dia do artista pela internet, conversa com ele, financia o show e até banca o próximo disco via crowdfunding. Então, quando um ídolo mitológico e inalcansável como Bowie ressuscita, nós o festejamos como um verdadeiro herói, nem que seja apenas por um dia.
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