Maduro e saudável, Cachorro Grande lança disco gravado ao vivo
Adriana Alves Publicado em 01/06/2007, às 00h00 - Atualizado em 10/08/2007, às 17h49
Uma porção de discos de vinil se encontra à venda em um simpático bar de luz baixa no centro de São Paulo. As caixas de som ecoam um som retrô qualquer quando os cinco integrantes do Cachorro Grande se aconchegam à mesa. Beto Bruno (voz), Marcelo Gross (guitarra), Rodolfo Krieger (baixo), Gabriel Azambuja (bateria) e Pedro Pelotas (piano) não demoram a empunhar seus copos de cerveja no agora ponto de encontro preferido da banda. "Na rua Augusta a gente não vai mais. Vai muito fã e tu vira um personagem, as pessoas te apontam. Não dá pra ficar na boa", comenta Beto.
Todos os Tempos, o sucessor de Pista Livre (2005), lançado no início do mês nas lojas e um mês antes em formato mp3 (através do site MSN), reflete um clima mais amadurecido. Produzido por Rafael Ramos (o mesmo do anterior), é um disco desacelerado e traz letras pessoais e aprofundadas. "Isso é porque redescobrimos o Neil Young", explica Beto. "O Gross comprou o Nobody Knows This is Nowhere (1969), e a gente ficou um mês inteiro ouvindo, virou doença." O guitarrista concorda: "Quando a gente lança um disco, sempre tem reflexo do que estamos ouvindo. Quando tu vai compor, aquilo aparece inconscientemente nos arranjos".
A inspiração para os versos "Se estou com meus pés no chão/ Posso voar bem mais alto" (de "Roda Gigante") veio de uma frase do falecido ator mexicano Anthony Queen. "Vi ele dizer na TV que as pessoas do signo de Terra podem ir mais alto, igual a um prédio ou a uma árvore. Quanto maior a raiz, mais alto vai a árvore. Quanto maior o alicerce do prédio, mais alto ele vai", conta Beto, que diz que a analogia vale para a trajetória da banda. "É o nosso quarto disco e nunca teve aquele hype de 'a salvação do rock'. Tudo o que a gente conquistou foi de pouco em pouco", comemora.
Segundo disco do Cachorro Grande lançado pela Deckdisc, Todos os Tempos foi gravado no Estúdio Tambor (Rio de Janeiro), seguindo à risca o esquema "uma música por dia", sempre ao vivo, inclusive os vocais. "A gente estava morando no Rio para gravar pertinho do estúdio. Não desligávamos: a gente dormia o disco, comia o disco, cagava o disco, fumava o disco", brinca Beto. A opção por gravar ao vivo contribuiu para gerar uma sonoridade compatível com a fama que a banda gaúcha tem de apresentar uma das melhores performances do rock nacional. "Foi despretensioso. A gente só cobrava que o som estivesse bom e que o cara não estivesse muito doido pra gravar. A música sempre vem em primeiro lugar", diz o vocalista.
Pela primeira vez, todos cantaram e participaram das composições. "Deixa Fudê", segundo o grupo, é a que mais representa o "espírito Cachorro Grande". "Se os Beatles podem ter o 'Let It Be', por que a gente não pode ter o 'Let It Fuck'?", brinca o baixista Rodolfo, autor e cantor da faixa. "A gente se sente cada vez mais uma banda, todo mundo faz backing, está tudo mais solto", Beto comemora a fase atual, coroada pela aquisição de hábitos mais saudáveis: durante as gravações, todos pararam de fumar. A receita da felicidade do Cachorro Grande é, enfim, revelada pelo baterista Gabriel Azambuja: "Estar de bem com a família, de bem com os amigos e cagar durinho".
Andrea Bocelli ganha documentário sobre carreira e vida pessoal
Janis Joplin no Brasil: Apenas uma Beatnik de Volta à Estrada
Bonecos colecionáveis: 13 opções incríveis para presentear no Natal
Adicionados recentemente: 5 produções para assistir no Prime Video
As últimas confissões de Kurt Cobain [Arquivo RS]
Violões, ukuleles, guitarras e baixos: 12 instrumentos musicais que vão te conquistar