CPM 22 lança disco, mas o guitarrista Wally pede férias da banda
Adriana Alves Publicado em 12/12/2007, às 00h00 - Atualizado em 14/01/2008, às 18h58
Quarta-feira, 21 de novembro, sede da gravadora Universal em São Paulo. Sem os acontecimentos que viriam, o título acima seria algo como "Curtindo a Vida Adoidado", ainda que com certo pé atrás. A desconfiança vinha do clima durante entrevista com o vocalista Badauí e o baterista Japinha. Havia certa tensão no ar. "Nas gravações do Felicidade Instantânea (2005) rachamos a banda", diz Japinha. Badauí conserta: "Não é que rachou, os caras estavam querendo mudar umas coisas na composição, mas não foi uma discordância com treta". Este ano, durante a pré-produção do recém-lançado Cidade Cinza, quinto disco de estúdio do grupo paulistano - completado na época por Fernando Sanches (baixo), Luciano e Wally (guitarras) -, os conflitos recomeçaram.
"Passamos por umas tretas de convivência, tipo: 'Não agüento mais ver sua cara'. Então demos uma boa lavada de roupa suja e atrasamos o disco. Aproveitamos pra resolver coisas na gravadora e voltamos com ânimo novo, todo mundo se respeitando do zero", conta Badauí. Mas no dia 29, Wally, fundador e principal compositor do CPM 22, se reuniu com a banda e o produtor Rick Bonadio para oficializar o que ele chamou de "afastamento temporário" da banda, alegando não agüentar mais fisicamente o tranco da carreira.
"De 1995 a 2001, cuidei de tudo, fiz as correrias de show, dava uma de produtor, empresário, quebrava todos os galhos", conta o guitarrista, por telefone, voz cansada, momentos após a reunião no Midas Estúdio, de Bonadio. "Depois, já na gravadora, emendamos uma turnê na outra, lançamos discos. Agora comecei a sentir esse desgaste. Tem uma hora que o corpo pede para parar, e é mais do que dizer: 'Ah, não tô a fim'. Preciso mesmo dar um tempo."
Wally compôs a maior parte das 12 músicas de Cidade Cinza, entre elas duas faixas que se destacam pelo peso - "Maldita Herança" e "Tempestade de Facas". "Quando entrei na banda, ele já tinha umas músicas mais pesadas. Mas, naturalmente, acabamos indo ao extremo melódico. Agora, trouxemos de volta esse lado mais 'Nova York'", explica Badauí, se referindo a bandas como Madball e Sick of It All. "Hoje, a gente se cobra mais e procura evitar certos clichês nossos", pondera Japinha. "Nas letras, o Badauí fala sobre aprender a envelhecer, uma coisa que a gente não falaria com 21 anos. Isso reflete o fato de a galera estar chegando aos 30."
Agora, o CPM 22 vai tentar seguir como um quarteto. "O Wally está precisando de um tempo mesmo e estipulamos que seja de um ano", diz o vocalista. E completa: "Não teve briga, a porta estará sempre aberta". Wally conclui: "Resolvemos o que era melhor pra todo mundo. Vai ser um ano de férias, de descanso. Quero dar uma pausa geral. E já vejo isso como um lance positivo pra banda toda, é um momento pra reciclagem".
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