Com EP elogiado (e distribuído de graça na web) no currículo, Lucio Silva prepara álbum com seu estilo peculiar
Tiago Agostini Publicado em 06/07/2012, às 12h26 - Atualizado em 29/06/2017, às 13h02
Lucio Silva carrega as frases com a mesma timidez presente nas melodias doces das cinco músicas de seu EP de estreia, SILVA, lançado no fim de 2011, pela internet, sem muito alarde. Filho de mãe musicista, estudou violino desde os 6 anos – ele começou a ser “musicalizado” aos 2 -, e se surpreendeu com a recepção positiva quase unânime que o trabalhou ganhou. Meio ano, um contrato com a Som Livre e um aclamado show no festival Sónar depois, ele, no entanto, se mostra à vontade com o status de promessa da música brasileira. “Foi tudo muito rápido, mas é uma coisa que eu ia fazer de alguma forma.”
Disco de um homem só, SILVA foi quase todo gravado na casa do compositor, em Vitória, no Espírito Santo. Ainda morando na capital capixaba, ele aponta como sua maior influência o cerca de um ano que passou na Irlanda, em um intercâmbio. Era o auge da crise econômica mundial, em 2009, e, quando foi procurar emprego, acabou como violinista de uma banda de blues que se apresentava nas ruas e festivais do interior do país. Além disso, foi lá que conheceu – e se rendeu – a um amor. “Eu já tinha ouvido falar de música eletrônica no Brasil, mas não tinha muita referência”, relembra. “Me identifiquei com o house e comecei a tentar misturar com a minha bagagem.” No caso, além dos anos de formação erudita, uma predileção por música pop. “Sempre ouvi tudo que meus amigos ouviam, tentava entender”, diz o músico, revelando um gosto particular pelo R&B e rap. “O Kanye West é um dos produtores que mais gosto.” Com um processo de composição que ele mesmo chama de “inverso” – parte primeiramente do arranjo e da harmonia, para então acrescentar batidas, riffs e as melodias -, ele prepara o primeiro disco completo, já por uma grande gravadora, da mesma maneira que antes: em casa. As cinco canções já existentes devem ganhar uma nova mixagem e se unir a outras sete, em álbum a ser lançado ainda em 2012.
O sucesso repentino deve ter agradado, inclusive, à mãe, grande incentivadora desde a infância. “Estou trabalhando com música, então acho que ela está feliz. Mas a vontade dela era que eu fosse violinista de orquestra, solista”, brinca. Modesto, ele adota discurso de jogador de futebol ao falar dos próximos passos da carreira. “Tenho tentado me focar na música para lidar com isso. É uma ‘responsa’, uma pressão, porque eu não compus pensando mercadologicamente.”
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