Os protagonistas da comédia apocalíptica É o Fim são amigos na vida real, mas têm tantas diferenças que quase não dá para acreditar
Erik Hedegaard Publicado em 27/09/2013, às 12h48 - Atualizado às 12h49
No House Cafe, em Los Angeles, Seth Rogen observa com enorme interesse enquanto um e-joint, um "baseado eletrônico" que solta vapor de maconha, rola pela mesa e estaciona a poucos centímetros da ponta de seus dedos. Uma de suas sobrancelhas peludas se levanta e se, de repente, ele pegasse o objeto cilíndrico preto cheio de THC, não seria surpresa nenhuma. Rogen é um dos maiores maconheiros de Hollywood, dotado da habilidade invejável de trabalhar (atuando, dirigindo, escrevendo, produzindo) enquanto não para de consumir quantidades extravagantes de erva. Ele também adora estrelar filmes, entre eles Ligeiramente Grávidos, Segurando as Pontas e 50%, todos em que a maconha tem papel central, seja do ponto de vista temático ou seja do ponto de vista recreativo.
O título mais recente da lista, É o Fim, que estreia no Brasil neste mês, está destinado a ser o filme de fim do mundo que mais eleva o espírito – se é que não será o único do gênero. Conta a história de um bando de atores – além de Rogen, estão no elenco Danny McBride, James Franco e Jonah Hill, todos usando nomes verdadeiros e interpretando versões estranhamente exageradas ou totalmente falsificadas de si mesmos – e que se deparam com o apocalipse. O filme traz muita bebida, muitas referências à sexualidade ambígua de Franco, muitos membros decepados e montes de participações fantásticas, como Emma Watson, Paul Rudd e Rihanna, entre outros. Na festa que coloca fim a todas as festas, a atriz Mindy Kaling diz: “Ai, meu Deus, se eu não transar com Michael Cera hoje à noite, vou dar um tiro na cabeça”. Pouco depois, Cera joga um monte de cocaína na cara de Christopher Mintz-Plasse e aparece recebendo sexo oral no banheiro. A base para a história foi um curta de 2007 que Jay Baruchel e Rogen fizeram, chamado Jay and Seth vs. the Apocalypse (Jay e Seth contra o Apocalipse), com roteiro escrito por Rogen e seu parceiro de trabalho, Evan Goldberg – ambos também estrearam na direção aqui. É o Fim correu alguns riscos bem grandes. “Mais ou menos um mês antes de a filmagem começar, o estúdio ligou e disse: ‘Não nos sentimos à vontade com vocês fazendo papel de si mesmos’”, Rogen conta. “Evan e eu dissemos a eles: ‘Nós vamos rodar uma versão em que não somos nós mesmos’. E, daí, simplesmente não fizemos. Ficamos tipo: ‘Tem que dar certo, tem que dar certo’. Simplesmente achamos que estávamos certos.”
“Na verdade”, Rogen diz hoje, enquanto muda de assunto e passa a mão no queixo, “Eu me considero mais um usuário frequente de maconha do que um chapado. Um usuário frequente tem a conotação de ser alguém que apenas fuma muito e parou de pensar no assunto. Nos primeiros anos que as pessoas fumam erva, ficam tentando classificar e quantificar: 'Será que esta erva é boa ou será que é ruim, qual é o efeito dela?'. Depois, no fim, só é o que é, e eu já faço isso, tipo, há dez anos. É algo tão idiota, mas eu já nem penso mais sobre o assunto."
Neste momento, no entanto, Rogen está pensando no assunto. Mais especificamente, está cobiçando o e-joint tentador na mesa à sua frente. "Eu adoro essas coisinhas", ele vai dizendo. "Vou ser sincero, eu na verdade tenho um, mas não está comigo." Seus dedos se estenderam, pairam por cima do objeto, parecem até tremer. Ele o deseja. É óbvio que quer pegar. Mas, então, sacode a cabeça e enfia as mãos nos bolsos. “Sabe”, Rogen, 31 anos, afirma com firmeza, “Eu realmente sou avesso a me transformar naquele tipo de cara que usa essas coisas em lugares públicos.”
Aqui está Danny Mcbride, que entra caminhando com cautela pela porta dos fundos do Musso & Frank Grill, o restaurante mais antigo de Hollywood, uma casa de carnes que hoje é mais conhecida por seus garçons fantasmagóricos, que ignoram os clientes. McBride, 36 anos, pega uma mesa e finalmente consegue pedir uma Heineken e um bife de carne moída, e então olha para nós. Precisamos pressioná-lo para descobrir o que ele pessoalmente pode oferecer no caso de uma situação de sobrevivência.
“Bom”, ele começa. “Já participei de algumas trocas de porrada. Uma foi empate, mas na outra, eu estava no ônibus da escola na 7a série e um bostinha maldoso que chamavam de Caipira estava dando peteleco na orelha de todo mundo. Quando veio dar peteleco em mim, eu empurrei o moleque, então ele voltou e me deu um soco na cara, e eu fui lá e dei uma de Bruce Lee: me ergui entre dois bancos e dei um chute na cara dele, que saiu voando para trás. Foi fantástico, o máximo. Além disso, eu era capaz de correr rápido, mas não sou mais. Hum. Acho que eu não seria muito útil no apocalipse.”
Pode ser que não seja mesmo, mas gostamos da maneira como McBride age com os fãs. “As pessoas costumam oferecer drogas ou querer tomar um drinque com você, e isso pode ser bacana, dependendo de quem convida.” E do jeito como ele lida com as garotas que dão em cima dele, sendo um homem casado. “Quando isso acontece, eu sempre sou simpático, mas não paro para conversar, digo: ‘Que legal, seria bacana chupar os seus peitos, mas estou com a minha mulher, então a gente se vê por aí’.’”
Ele é a favor da maconha?
McBride assente com vigor. “Eu adoro. Gosto de fumar maconha e de beber cerveja, e, quando era mais novo, eu gostava de usar cogumelo. Esse é exatamente o meu triunvirato.”
E se houvesse erva disponível agora, na forma de um baseado eletrônico, será que ele fumaria um pouco ali mesmo? Daí pegamos o objeto e fazemos rolar na direção dele.
“Claro que sim”, ele diz, dá uma baforada e exala uma quantidade de vapor de THC que, para ser sincero, é surpreendente. McBride segura o e-joint na frente do rosto, aperta os olhos e, como que para explicar, confessa: “este não é o meu primeiro rodeio”.
A ideia de passar um período de crise com McBride está se tornando cada vez mais atraente. Ele realmente não tem nada a ver com os personagens canalhas que representa nas telas. E tem mais. “Eu não fico triste e não tenho nenhuma fobia. A única coisa que me estressa é ter que me arrumar para o tapete vermelho. Eu detesto ter que fazer essa coisa de tapete vermelho. Me deixa de mau humor.”
O bife dele chega, e seus olhos se iluminam, mas só temos mais uma pergunta antes de começarmos a comer. Se fosse necessário, será que ele seria capaz de passar uma semana sem trocar de cueca?
Ele pousa a faca. “Bom, seria uma má notícia”, ele reflete. “As pessoas iriam reclamar. Depois de um dia, até eu iria reclamar. ‘Que cheiro é esse aí embaixo? Jesus Cristo. Preciso ir ao médico!’”
James franco sai do sol e entra no ambiente com pouca luz e muito luxo do W Hotel de Los Angeles. Ele tira os óculos escuros e é imediatamente abordado por um sujeito com tipo de quem trabalha em estúdio de cinema, mas se desvencilha e adentra o aconchego do lounge adjacente e se senta a uma mesa, sobre a qual coloca um livro chamado Art and Culture, do crítico de arte Clement Greenberg. “Eu estudo em Yale”, Franco conta. “Isto aqui é para os meus exames orais. Tenho 150 livros para ler.”
Isso não é a cara de James Franco? Não é exatamente aquilo que passamos a esperar dele? Ator, escritor, poeta, professor universitário de inglês e cinema, detentor de diversos mestrados em belas-artes, amante do academicismo, estudante perpétuo, artista performático, ator de novela e coapresentador falido do Oscar – seus interesses multifacetados confundem de uma maneira que o conecta diretamente a um dos pronunciamentos mais famosos de Greenberg: “eu sinto que obras de arte que nos intrigam de verdade são quase sempre de consequência extrema”. Não que Franco, 35 anos, seja uma obra de arte, mas em sua recusa de ser apenas uma coisa, ou mesmo apenas três coisas, ele meio que é, sim. E, certamente, ele é um enigma.
Basta olhar para ele hoje, com sua camisa de flanela xadrez, o jeans, as botas surradas, o sorriso brilhante de dentes branquíssimos, o cabelo desalinhado, e aqueles olhos, com pálpebras tão pesadas, tão à beira de se fecharem para nunca mais abrir, e tão confundidos erroneamente com os de um maconheiro da pesada, ao estilo de Seth Rogen. Aliás, essa noção é tão forte que fazemos aparecer o nosso e-joint para o teste, apesar de sabermos que ele não usa drogas (e não bebe álcool).
Ele dispensa com um aceno e diz: “Há décadas que eu não fumo”.
Então, o que Franco faz para aliviar o estresse? ele se recosta. “Não sei.”
Você se masturba compulsivamente??
“Não. Eu costumava fazer isso. Mas não faço mais.”
Qual foi a última vez que ele fumou??
“Na última vez, eu me meti em muito problema.” Silêncio. Toneladas de silêncio. Será que o silêncio alguma hora vai acabar? Finalmente, ele diz: “Eu tive um acidente de carro e fui preso. Tinha quase 17 anos e estava sob condicional por problema com pichação e bebida. Acho que, naquela época, eu nem deveria estar dirigindo, mas me deram mais uma chance, apesar de eu ter ficado sob a tutela do estado.”
Nós assentimos. Sorrimos. Mas isso certamente parece estar muito fora dos padrões para o garoto criado em Palo Alto, gênio da matemática, filho de mãe roteirista e atriz e pai executivo do Vale do Silício. Não importa. Quando estava com 20 anos, ele já tinha se mudado para Los Angeles, entrado para o elenco do seriado Freaks and Geeks (que também tinha Rogen), e depois disso fez um pouco de tudo. Franco foi indicado ao Oscar por 127 Horas, foi a única coisa que prestava em Comer, Rezar, Amar, apresentou-se para o serviço em Milk: A Voz da Razão e demonstrou disposição semelhante em estrelar um título de massa, como Homem-Aranha, e filmes indies, como Spring Breakers: Garotas Perigosas. Se ele não é o Walt Whitman do cinema, não sabemos quem pode ser. Mas, na verdade, nada disso diz respeito ao que estamos procurando.
Houve algum ato de heroísmo explícito no passado dele?
Ele aperta os olhos. “Quando eu tinha 13 anos, vi um amigo ser maltratado por um grupo de gente bem assustadora. Fizeram o cara ficar de joelhos e ele foi humilhado. Eu não teria sido capaz de enfrentar nenhum deles, mas fui até lá e o ajudei a levantar e disse: ‘Vamos embora’. e nós saímos. Talvez a minha intervenção tenha feito com que eles percebessem como aquilo era horrível.”
Tem alguma habilidade de sobrevivência que possa mencionar?
“Treinei boxe para um filme que fiz, chamado Annapolis. Tirei brevê de piloto quando fiz Flyboys. E, com 127 Horas, aprendi a economizar água e descobri que você pode beber a sua própria urina.”
Já se comportou de modo vexaminoso?
Ele mexe a cabeça. “Quando eu tinha 13 anos, tinha um cara de quem eu morria de inveja, porque ele ficou com uma menina por quem eu era apaixonado. Eu sabia que ela tinha namorado um garoto de um grupo de brutamontes de uma escola rival, por isso fiz uma ligação anônima e disse: ‘Fulano estava ficando com ela ao mesmo tempo que você estava ficando com ela’. A turma chegou para dar uma surra no garoto, e ele não estava presente, mas, como estavam a fim de brigar, deram uma surra em um outro coitado. Eu fiquei supermal com isso.”
No geral, a nossa sensação a respeito de James Franco é boa. Apesar de ele ser dedo-duro, ainda gosta de ir a festas (“Se for com a turma certa”) e, quando vai, bebe Sprite. E, se ele contasse uma piada em uma festa, diz que seria assim: “Um homem entra no consultório de um terapeuta usando só roupa de baixo de lycra, e o psiquiatra diz: ‘Bom, eu estou vendo com toda a clareza que você não bate bem das bolas”. Que beleza! Aprovamos!
Enquanto esperamos Jonah Hill em um restaurante de frutos do mar em Manhattan chamado Ed’s Lobster Bar, começamos a pensar em Seth Rogen. Pensar nele faz com que a gente dê risada, só a aparência dele, aquele sorriso cheio de humor, com cara de sapo, aquela cabeça redonda, aquela voz catarrenta que com certeza vem de algum profundo sapo interno, tudo feito uma coisa só pelos poderes agregadores de sua adorada erva. Começamos a rir, e ainda estamos rindo quando ele chega.
“Seth!”, dizemos e saímos de nossos devaneios.
“Não, eu sou o Jonah”, Hill responde, com cara de legume. “Bela maneira de começar.”
Nós empalidecemos, engasgamos, tossimos e tentamos nos explicar, mas parece que Hill não está a fim de dar desconto para ninguém, e talvez seja apenas o jeito dele. “Ele é sério, é mesmo, e eu não sou, e Franco e Danny também não são”, Rogen havia nos avisado. Perguntamos também a Rogen se ele tinha alguma dica para uma abordagem adequada. “Não sei. É uma boa pergunta”, foi a resposta dele. Então, aqui estamos nós, com Jonah Hill franzindo a testa e juntando as sobrancelhas, coisa que é triste, porque ele não fica muito bem assim. Além do mais, nós somos fãs dele desde Superbad: É Hoje e sua performance indicada ao Oscar em O Homem Que Mudou o Jogo, e estamos ansiosos para vê-lo em The Wolf of Wall Street.
Só para quebrar o gelo, perguntamos como foi seu dia, o que ele fez naquela manhã, como é uma manhã típica para Jonah Hill. Ele diz que uma coisa que faz é exercício no aparelho elíptico. Queremos saber quanto tempo Hill passa fazendo isso. Ele diz que não sabe, talvez uns 30 minutos. Perguntamos se ele faz flexão de braço, ou coisas assim, ou o quê?
Jonah Hill fica tenso. “Minha rotina de exercícios tem pouca relevância.”
Alegres, nós prosseguimos. Será que ele tem alguma habilidade de sobrevivência que poderia ser útil em uma crise?
“Eu me importo muito com as pessoas, principalmente aquelas que são importantes na minha vida, por isso eu seria preocupado e não iria cuidar só de mim mesmo.”
Isso é legal, mas não é exatamente o tipo de resposta que estamos procurando. Será que ele já fez algo que pode ser chamado de heroico?
“eu com toda a certeza tento fazer com que a vida das pessoas melhore quando elas passam por momentos difíceis de verdade, e acho que essa é a forma mais acessível de comportamento heroico.”
Isso não vai ser fácil. Mas tudo bem. Prosseguimos. Rogen tinha nos falado sobre uma frase que Hill não quis dizer durante as filmagens de É o Fim: “A gente estava dizendo para ele: ‘Diga a Deus que você chupa o pau dele se ele expulsar Jay de casa’. E acho que ele disse isso uma vez: ‘Deus, eu chupo o seu pau se você matar Jay’. E nós ficamos tipo: ‘Repita!’ e ele só respondeu: ‘Não quero repetir’”.
Suscitamos a questão. Hill parece irritado e fala, bem devagar: “Seth e Evan são os roteiristas de comédia mais talentosos em atividade hoje, e eu tenho total fé neles. Mas eu sou um sujeito religioso, eu de fato acredito em Deus e sou judeu, e simplesmente não consigo me imaginar feliz com isso mais para a frente na vida. Apenas não quis falar”.
O garçom volta, pergunta se queremos ver o cardápio. Hill sacode a cabeça. É evidente que ele não tem planos de comer aqui nem de beber mais do que um copo d’água. Ele está largado na cadeira, esticando a camisa já esticada. Dá para ver o rumo que essa conversa está tomando.
Ele nos interrompe. “Eu nem fumo maconha”, diz, de um jeito tão antecipatório, tão agressivo, que ficamos achando que ele ouviu falar do nosso e-joint e, por isso, pensamos que é melhor deixá-lo guardado. Explicamos a nossa missão para ele, como estamos tentando descobrir quem seria o melhor sujeito de É o Fim para se estar junto em uma calamidade, e que a empreitada na verdade não é séria, só queremos fazer um levantamento breve da personalidade à nossa frente. Ele sorri e, por um momento, pelo menos, fica tudo bem. “Quando eu comecei a andar com Seth”, conta, “Eu fumava maconha, mas só faz com que eu pense demais. Eu não consigo me divertir quando fumo”.
Depois disso, Hill relembra uma vez em que ficou com queimadura de sol de segundo grau nas costas, mas ficou com vergonha demais de pedir a amigos para passar creme, por isso foi à farmácia, comprou um espanador de pó, passou aloe vera nele e esfregou nas costas, sozinho. “Foi a coisa mais triste, obscura e dolorosa do ponto de vista físico e emocional que eu já tive de fazer”, diz. “Eu dei um jeito, e é isso que importa.” E será que ele já agiu de maneira covarde? “Quando eu estava com 22 anos, queria terminar com uma garota, mas era covarde demais, então falei que ia fazer uma viagem de volta ao mundo para me encontrar, e fiz mesmo, e não queria fazer aquela viagem nem um pouco. Detesto ficar sozinho. Detesto. Mas eu tinha 22. Agora estou com 29. Jamais faria isso hoje. Eu seria direto.”
Resolvemos perguntar se ele tem namorada. “Sou solteiro.”
?Há quanto tempo ele é solteiro?
?“Não se preocupe com isso.”
Sinceramente não sabemos a que conclusão chegar a respeito de Hill. Ele se abre em relação a seu hábito de tomar dois banhos por dia. “Não sou obcecado por isso. Só gosto de me sentir fresco e cheiroso”. Mas pergunte a ele que tipo de colônia está usando e seus lábios se trancam, afirmando que não faz ideia. Mais tarde, ele faz questão de enfatizar: “Em É o Fim, eu sou simpático demais de um jeito bem falso e, no fundo, tenho muita inveja e maldade e só estou interessado em fama e sucesso. Na vida real, sou o oposto total”.
Está ficando cada vez mais claro que não há mais nada a se descobrir sobre Jonah Hill sob as presentes circunstâncias. Um dia pode ser que ele se transforme naquele com quem mais gostaríamos de estar no apocalipse, no caso de outras qualidades agradáveis além dos banhos duas vezes por dia se apresentarem. Mas, por enquanto, está na hora de dar o fora.
E volta a Los Angeles, no house cafe, Rogen muda de ideia repentinamente. A última vez que fumou maconha foi há uma ou duas horas, e ele quer mais. Para o diabo com o que falou antes.
Pega o e-joint da mesa e dá uma tragada gostosa e satisfatória. Ele sorri. Está feliz. “Uma vez, eu fumei maconha com Snoop Dogg e o pessoal dele, e foi um sonho que se tornou realidade”, conta. “Fiquei tipo: ‘Vou continuar fumando, não importa o que aconteça’, e fiquei lá umas cinco ou seis horas. No fim, um dos caras olha para mim e diz: ‘Seth, mas como você fuma, cara!’ Foi o maior elogio da minha vida.”
Ele solta uma daquelas risadas escandalosas, entrega o baseado para nós, que tragamos e devolvemos; ele traga mais uma vez e então coloca na mesa, não muito longe do alcance de sua mão esquerda.
Quando o garçom traz cerveja e steak tartare, perguntamos a Rogen se ele já teve comportamento desprezível durante uma crise.
“Bom, uma vez eu estava almoçando com Jason Segel, sentado ao ar livre com bandejas de comida, quando um sem-teto começou a incomodar duas senhoras ricas na rua. Jason olhou para mim e disse: ‘Vamos lá!’ eu fiquei tipo: ‘É, vamos lá’, então me levantei com a bandeja, e ele perguntou: ‘O que você está fazendo?’ ele estava pronto para entrar em ação. Eu respondi: ‘Ah, achei que a gente ia sentar ali’. Meus instintos foram péssimos. Eu me lembro de ter pensado: ‘Ah, Segel é muito mais nobre do que eu’. Mas isso foi há dez anos, e espero ter aprendido com a experiência.”
Gostamos de Rogen. Por outro lado, ele diz não ter absolutamente nenhum instinto de sobrevivência, assim como seus amigos. “Poucas pessoas que conheço sabem rachar lenha e fazer coisas assim. Nós crescemos fazendo umas merdas de teatro!”
Eis aqui mais uma coisa a respeito de Rogen: ele é o tipo de cara que você só quer ver se dar bem. Que tal acender um fogo usando uma lente de aumento? Ele deve ser capaz de fazer isso, certo?
“Sim”, ele confirma. “Eu provavelmente seria capaz de fazer isso. Uma vez, eu fumei maconha com uma lente de aumento.” E deve ter praticado algum esporte na escola, certo? ele dá de ombros. “Bom, eu consegui a faixa marrom no caratê, por isso podia surrar todo mundo, mas isso é hipotético, porque faz muito tempo que essa habilidade não é testada. Além disso, joguei rúgbi, então acho que seria capaz de dar cabeçadas em alguém, se isso fosse necessário em uma situação apocalíptica.”
E, se você gosta de conversar sobre masturbação, o seu homem tem que ser Rogen. Em primeiro lugar, o filme tem montes disso, incluindo uma discussão entre Franco e McBride a respeito dos hábitos de ejaculação de McBride, que parece se estender por uma eternidade. “Quem não adora isso?”, Rogen pergunta, entusiasmado. “Estamos tentando levar a coisa a um novo nível. É só falar mais vezes e mais alto!” e, depois, há o histórico pessoal de masturbação de Rogen, que ele fica mais do que feliz em compartilhar. “Se estou com a agenda muito cheia, posso passar dias sem sexo, mas sempre me masturbo com regularidade.” Ele levanta o celular. “Está vendo? O meu telefone tem tela grande.” Ele coça o pescoço. “Na verdade, eu me masturbo com mais frequência do que qualquer pessoa faz sexo com a mulher.” Ele examina o passado em busca de mais informação. “Quando Evan e eu morávamos juntos, éramos muito abertos a respeito da masturbação. ‘Agora vou me masturbar, então não vem me encher o saco.’ Nós escrevíamos juntos e acordávamos, e escrevíamos até cair no sono. A gente passava o dia inteiro escrevendo. A certa altura, percebemos que iríamos aproveitar melhor o tempo se nos masturbássemos ao mesmo tempo – cada um no seu quarto, obviamente –, mas a ideia era que: ‘Ok, você vai se masturbar? então acho que vou me masturbar também para que a gente não precise se revezar na masturbação’. Assim, conseguíamos trabalhar mais. Também dividíamos o nosso material pornô. E hoje tem a internet para encontrar pornografia, então as pessoas compartilham as senhas dos sites – VideoBox, por exemplo – com os amigos.”
Rogen dá mais um pega no e-joint. Perguntamos a ele se ele acha seguro ou não pegar um avião com uma coisas dessas no bolso. “Simplesmente enfie na mala”, ele diz. “A segurança está cagando e andando. Estão procurando bombas e essas merdas. Nem sabem o que é isso.” Faz sentido, e decidimos nos tornar traficantes de drogas pela primeira vez na vida. Só que, ao final da refeição e depois que a cerveja termina, Rogen ergue o e-joint e diz: “Posso ficar com isto? Vou pegar para mim!”, enfia-o no bolso e cai fora. Ele embolsou para sempre o nosso e-joint! Aconteceu tão rápido que mal temos tempo para mostrar objeção, mas então percebemos que ele só está impedindo que nós passemos a vida na prisão. Queremos agradecê-lo pela gentileza, mas é tarde demais.
De todo modo, estamos delirantes. Não podemos pensar em ninguém melhor para compartilhar uma desgraça global. Danny McBride tem aquele problema da cueca fedida; James Franco, aquela incapacidade de estar presente no agora; Jonah Hill tem a questão de ser um ator sério; mas nada é contrário a Seth Rogen. Ele é um cara tão bacana que gostaríamos de andar com ele até o fim dos tempos. Além do mais, somos grandes fãs de qualquer um que compartilhe senhas de sites pornôs. É sério. Precisa dizer mais alguma coisa?
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