O diretor fala sobre 3D, a Amazônia e diz qual era seu candidato favorito nas eleições
Pablo Miyazawa Publicado em 02/12/2010, às 11h31 - Atualizado em 12/09/2012, às 11h38
Após perder o Oscar de Melhor Filme para sua ex-mulher (Kathryn Bigelow, diretora de Guerra ao Terror), o diretor James Cameron poderia ter se cansado de conviver com o universo mítico e azulado de Avatar. O que ocorre é o contrário: o cineasta, conhecido pela megalomania e pela intensidade com que se envolve nos projetos, acabou de finalizar uma nova versão do longa, com nove minutos a mais e que voltará aos cinemas em outubro, exclusivamente em salas 3D. A ideia, naturalmente, foi do próprio Cameron: "Já que o filme foi um sucesso, pedi pro estúdio: 'Ei, que tal vocês me darem mais alguns milhões de dólares para eu terminar aquelas cenas?'"
Há quem diga que o 3D é apenas um artifício para esconder a falta de qualidade de um filme. Você acha que a febre vai passar?
Não acho que vá acabar. É apenas o início de uma utilização muito mais ampla do 3D, em transmissões esportivas, na TV e tudo o mais. Mas as críticas são legítimas: os estúdios de cinema precisam manter a qualidade, e enfiar o 3D em filmes só para aumentar a bilheteria não é a maneira adequada de se lidar com isso - e também porque é o 3D de má qualidade que cansa a vista e dá dor de cabeça. Acho que o cineasta precisa abraçar a tecnologia do 3D e fazer dela parte de sua arte. Estamos em um momento de descobrir o tamanho do mercado e a maneira certa de se proceder.
Mas ainda há quem diga que o principal aspecto de Avatar seja o 3D, e nada mais. O que você acha desse tipo de crítica?
Acho que é uma besteira [risos]. Você tem um filme que é amado em escala global, em diversas culturas e idiomas. E a razão pela qual as pessoas gostam do filme é porque é algo novo, que elas jamais viram antes na vida - e não estou nem falando do 3D. Porque esse é o filme em DVD e em blu-ray de vendagem mais rápida da história, e ambos nem são em 3D! O que escuto das pessoas é que elas sentem uma conexão emocional e espiritual com os temas. Ele não expõe sua mensagem por meio de diálogos, não é um filme de Quentin Tarantino. Meu filme se expressa cinematograficamente e visualmente. Mas lemos tanta negatividade na internet, entre pessoas que nem haviam assistido a Avatar, que chegamos a nos preparar para um fracasso.
Qual é seu objetivo quando encara um projeto? O dinheiro? Os prêmios?
Para você ter uma ideia, após Titanic, eu nunca mais precisaria trabalhar se não quisesse. Eu poderia simplesmente comprar um iate e ficar viajando pelo mundo [risos]. Eu procuro por desafios pessoais. Avatar foi provavelmente o projeto mais desafiador em que me envolvi. Mas também procuro por desafios nos documentários que faço. Sou muito curioso, gosto de engenharia, de construir máquinas, inventar coisas. Adoro divertir públicos com histórias e imagens que eles nunca imaginaram. Ainda consigo me ver encontrando maneiras de me sentir desafiado como cineasta. Indefinidamente ou enquanto o cérebro e o corpo aguentarem.
Como foi o Oscar? Aparentemente, você levou a derrota de Avatar muito bem...
Obrigado. Aquela noite não foi exatamente uma surpresa. Talvez eu ficasse realmente aborrecido se outro filme tivesse ganho que não o Guerra ao Terror. Falei para minha equipe: "Seja lá o que acontecer, vocês já são vencedores e foram reconhecidos pelo público. Vamos tratar como uma grande celebração". E foi o que fizemos. Fiquei feliz de ver Kathryn vencer, porque eu sei o quanto ela batalhou pelo filme. Ainda somos amigos próximos. Ela me manda os roteiros em que está trabalhando, eu dou meus comentários, e é a mesma coisa comigo - acho que ela assistiu a Avatar cinco vezes. Era como se não houvesse perdedores naquela noite.
Seu próximo projeto será algum filme que tomará cinco anos de sua vida?
[Risos] Há coisas rolando, mas não tomei decisão por enquanto. É bem provável, se conseguirmos resolver a papelada, que eu rode Avatar 2 e 3 simultaneamente, como um grande projeto. Mas se eu fizer algum outro filme antes desses, será algo em menor escala. Agora, estou escrevendo o romance de Avatar , e isso deve levar uns meses para eu finalizar.
Bem, James, obrigado por seu tempo...
[Interrompendo] Eu estou surpreso que você, sendo do Brasil, não tenha me perguntado sobre minha ida à Floresta Amazônica!
Sim, claro. É que se falou muito disso na época. Você pretende retornar e visitar algo em específico?
Há dois líderes indígenas muito importantes, Megaron e Raoni, que me convidaram para visitar suas aldeias na região do Xingu. Eu disse que quero retornar e levar uma equipe para gravar, em 3D, cenas da vida cotidiana deles. Isso fará as pessoas compreenderem o que acontece quando esses projetos de hidrelétricas destroem grandes pedaços de floresta e desabrigam os índios. É uma parte do sangue do Brasil, de sua herança, que está sendo destruída. Também ando conversando com o Will.I.Am, do Black Eyed Peas. Eles vão fazer uns shows no Brasil e falamos sobre a possibilidade de irmos para a Floresta Amazônica.
Espero que dê certo.
Vocês terão eleições em breve, não? Acredito que a Marina Silva esteja subindo nas pesquisas.
Está em terceiro lugar (a entrevista ocorreu em agosto).
Acho que o mais interessante sobre a candidatura dela é que ela está levantando algumas questões fundamentais. E elas são muito importantes para o povo brasileiro pensar a respeito.
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