Libertados pelo pop
Flávia Gasi Publicado em 01/02/2007, às 00h00 - Atualizado em 11/09/2007, às 11h32
O Lacme é uma banda que recentemente saiu da bolha, em diversos sentidos metafóricos. Para começar, o som produzido não é exatamente aquilo que você esperaria de um trio formado por dois amantes de heavy metal e um produtor-guitarrista com técnica apurada: é pesado, mas soa estranhamente reconhecível e, por vezes, até dançante e rítmico.
O cantor e guitarrista baiano Jô Estrada já tocou com Guilherme Arantes, Ivete Sangalo, e Sidney Magal, para citar alguns, além de ter no currículo algumas atuações no campo da produção musical. Para ele, viver de música era uma realidade, até que decidiu apostar na autoria. O primeiro disco da banda, Reverse, foi todo composto em Salvador, com pitacos e ajuda do assistente de produção do estúdio e baixista Marcelo Martins. Tentar carreira em São Paulo era trocar a garantia pela criatividade, e talvez seja por isso que a decisão da mudança tenha sido tão rápida. Quando o baterista antigo deixou a banda, a solução foi encontrada via internet, em um site de bateristas. Nina Pará toca também em uma banda de metal, mas não hesitou ao ser convidada nem se importou em dividir o espaço com uma bateria eletrônica. Atualmente, o Lacme se redescobre com as novas influências e a bem-vinda adição de uma voz feminina.
Com certa relutância, eles afirmam que fazem pop, "apesar de o termo ter virado pejorativo", acredita Martins. "O importante se tornou passar o recado rápido. Música pop é para isso. Mas o lance é sempre manter a intuição artística, independente do rótulo", pondera Jô. E isso cabe bem quando se escuta as músicas da banda: Reverse é um álbum cheio de lirismo sonoro, repleto de notas e trechos que soam como se fossem gravados ao contrário. Pode parecer contraditório, mas para o trio, fazer música pop é algo desafiador. "O Lacme é minha realização musical", afirma Nina. Além de alguns contatos com gravadoras, o Lacme se prepara para gravar o primeiro clipe com Ricardo Spencer, premiado pela MTV por seu trabalho em "Déjà Vu", da também baiana Pitty. Para uma banda que começou às avessas, o futuro parece promissor.
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