O Rappa no palco do centro cutural Ofi cina Francisco Brennand, durante a gravação do DVD. - Divulgação

Lado B, Lado A

Com CD e DVD acústico, O Rappa abraça vários desejos de uma só vez

Lucas Brêda Publicado em 18/07/2016, às 09h14 - Atualizado às 09h26

Entre 2014 e 2015, O Rappa voltou ao estúdio e, enquanto arquitetava os próximos passos da banda, se deu conta de que já poderia começar a compor o disco de inéditas que sucederia Nunca Tem Fim... (2013). Na carta de intenções daquele momento inicial, os integrantes tinham o desejo de dar mais destaque aos lados B dos dois trabalhos mais recentes, o já citado Nunca... e 7 Vezes (2008). Mas conforme o tempo em estúdio foi passando, se viram com quatro faixas inéditas prontas. “Se continuássemos nas músicas novas, sairia um álbum”, afirma o vocalista da banda, Marcelo Falcão. “Mas tínhamos o compromisso de fazer algo pelas faixas mais ‘lados B’ para que elas pudessem ser ouvidas como as que tocaram nas rádios.”

O quarteto carioca juntou as antigas e as inéditas e resolveu inseri-las em um trabalho ao vivo. A princípio, o show seria registrado no Marco Zero, no centro do Recife. O projeto avançou e o Rappa acabou produzindo um filme – que inclui performances da banda e cenas documentais – no centro cultural Oficina Francisco Brennand, também na capital pernambucana. Batizado com o nome do espaço onde foi registrado, o lançamento mistura as novidades

com instrumentos acústicos, elétricos e exóticos, além de dar vida a novas versões de clássicos.

“Desde moleque, sempre soube da história do [artista plástico] Francisco Brennand”, diz o guitarrista, Xandão. “Depois vi o DVD [Francisco Brennand] da Mariana, sobrinha-neta dele, sobre a arte que fazia. Já íamos gravar no Marco Zero, então sugeri de fazer também lá.” O Rappa chamou o cineasta local Lírio Ferreira, de Baile Perfumado (1997), para dirigir o trabalho (“Queríamos a visão de alguém do Recife”, explica o multi instrumentista Marcelo Lobato) e aproveitar ao máximo o espaço do centro cultural. “Lá é um palácio”, diz o baixista, Lauro Farias, expressando animadamente o deslumbramento de todos os integrantes com a Oficina. Para Falcão, “aquele lugar não existe, só acreditaria se me dissessem que é de Game of Thrones”.

Quase uma ode ao local e ao Recife, Acústico Ofi cina Francisco Brennand traz o centro cultural como um dos elementos de maior destaque do filme, das cenas em que o quarteto toca sozinho, de forma íntima e acústica, até os momentos com participação do público e dos convidados (entre

eles, João do Pife e Marcos do Pífano). “A concepção foi no momento da gravação”, relembra Xandão. “Por mais que tivéssemos ensaiado, vimos as coisas

acontecendo na hora. Tudo que foi pensado foi desconstruído no segundo antes de começar.” Com mais de duas décadas de carreira n’ O Rappa, Falcão brinca que “ainda temos muito cartucho para gastar. Ainda podemos espremer mais esse limão, essa laranja”, diz, citando a alquimia do quarteto. Depois de se verem, de tempos em tempos, no centro de boatos sobre a separação da banda, os músicos estão mais seguros e confiantes. “Agora temos essa

liberdade com o instrumento. Já vi pessoas fazendo acordes que eu nunca vou conseguir reproduzir, mas sei que é meu jeito de tocar. Até que um dia a gente fique como o Los Hermanos e possa cada um fazer suas coisas e depois voltar para a banda.”

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