Livro da fotógrafa Barbara Pyle mostra registros raros de Bruce Springsteen em 1975, ano crucial da carreira dele
Paulo Cavalcanti Publicado em 12/01/2016, às 18h38 - Atualizado em 13/01/2016, às 16h31
O ano de 1975 foi marcante na carreira de Bruce Springsteen. No mês de agosto, ele lançou Born to Run, o terceiro álbum dele. Gravado nos estúdios Record Plant, em Nova York, o trabalho foi abraçado quase que com unanimidade pela crítica e deu a The Boss a chance de conquistar o grande público. Isso se traduziu em tempos agitados para o músico, que, ao lado da fiel E Street Band, caiu na estrada para testar o novo material.
Naquela época, Springsteen ainda não era um grande astro, mas já havia um burburinho em torno da figura dele. A jovem Barbara Pyle clicou o artista e seus músicos em meio àquele momento definidor, preservado agora no livro Bruce Springsteen & The E Street Band 1975. Atualmente, Barbara é uma premiada fotojornalista e cineasta. Também é conhecida pela atuação como ativista de causas ambientais. Mas há 40 anos ela era apenas mais uma fã de rock começando a trilhar carreira pelo mundo da fotografia.
Barbara viu a banda pela primeira vez em 1974, quando os integrantes tocaram no Schaefer Music Festival, em Nova York. “Eu me tornei fã na hora”, conta. Duas semanas depois, ela e o fotógrafo Eric Meola, para quem trabalhava, foram a um show de Springsteen no Carlton Theatre (rebatizado hoje como Count Basie Theatre), em Red Bank, Nova Jersey. Um encontro no camarim selou a amizade. Mais adiante, foi visitar o grupo no Record Plant, enquanto Born to Run era finalizado. Barbara recorda que Springsteen ficou encantado quando ela começou a tirar fotos com a câmera Leica que trazia consigo. O músico pediu que ela voltasse nas outras noites. “Me tornei uma espécie de amuleto de boa sorte”, brinca.
O último dia desse inesperado trabalho permanece claro na mente da fotógrafa. Às 6h da manhã a banda concluía o registro fonográfico, gravando a faixa “Jungleland”. Depois, foi feito um ensaio geral para a turnê que viria a seguir – o primeiro show seria realizado justamente naquela tarde, na cidade de Providence, em Rhode Island. “Havia inocência nos dois primeiros álbuns de Bruce. Com Born to Run, a história era outra. Foi a primeira grande declaração musical dele”, Barbara avalia em retrospecto. “Além disso, o LP precisava ser um sucesso, já que a [gravadora] Columbia fazia pressão.”
1975, o livro, é formado por uma mistura de cliques posados, de performances ao vivo e diário de viagem. O resultado: fotos evocativas capturando Springsteen e a E Street Band em mutação, no ponto em que eles deixavamde ser uma típica banda de garagem que tocava em espaços pequenos e se transformavam em mega-astros. As imagens exalam um espírito nômade e despreocupado. É a rara captura dos músicos no dia a dia, comendo em botecos de beira de estrada, ensaiando, interagindo com as pessoas, relaxando no ônibus de turnê, se preparando nos camarins ou não fazendo nada em ruas semidesertas. Barbara os fotografou a princípio em Nova Jersey, na região de Asbury Park. Também viajou para Nova Orleans e Texas, onde os artistas tinham shows agendados, além de tê-los levado para Oklahoma, terra natal dela.
Um dos grandes trunfos de Springsteen, que permanece desde os primeiros dias dele na música, é o fato de o cantor e compositor ter a postura de um sujeito da classe trabalhadora, não a de um ícone do rock. O livro de Barbara reforça essa ideia. “Bruce criou a própria imagem, e fez isso sem ser cínico ou manipulador”, ela diz. “Ele queria algo verdadeiro e que tivesse apelo junto aos fãs.”
Resgate Oportuno
Fotos permaneceram cuidadosamente guardadas até o lançamento da obra
Bruce Springsteen & The E Street Band 1975 (Editora RAP - Reel Art Press), que ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, compila apenas uma parte do material que Barbara Pyle colheu junto aos músicos de Nova Jersey. Ela seguiu clicando Springsteen e seus companheiros de estrada até que eventualmente se ocupou com outras coisas. “Levou um tempo. Barbara é muito ocupada e está sempre em algum lugar do mundo”, escreveu o arquivista Dave Brolan, um dos idealizadores do projeto. “Depois de duas horas de conversa em um restaurante, em Londres, ela finalmente tirou da bolsa um envelope com os negativos e disse: ‘Vamos fazer o livro’.” Em seguida, Barbara, Brolan e o editor Tony Nourmand se reuniram em Atlanta para conversar, avaliar o material e montar o quebra-cabeça.
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