A estrela de Orange Is the New Black não abre mão do ativismo, mas encara novos desafios
Stella Rodrigues Publicado em 21/06/2017, às 17h59 - Atualizado às 18h14
As meninas estão de volta. A série Orange Is the New Black retornou em 9 de junho para seu quinto ano, na Netflix, e trouxe mais uma leva de dramas variados para as detentas de Litchfield. Dentre elas está a transexual Sophia, vivida por Laverne Cox, uma das atrizes que mais se destacaram desde que o programa estreou.
Desde que te vimos pela primeira vez na TV, muitas mulheres trans foram colocadas sob o holofote. Na Netflix tinha a Jamie Clayton, de Sense8, por exemplo. Que outras séries você acha que estão fazendo um bom trabalho representando a comunidade trans de forma a passar a mensagem certa?
Definitivamente houve uma proliferação de personagens trans na TV, mas ainda precisamos que mais e mais das nossas histórias sejam contadas. Eu não consigo ficar em dia com tanta série boa, mas sou muito fã de Transparent e do que [a criadora] Jill Soloway fez ali, tanto em frente às câmeras quanto nos bastidores. As pessoas trans também precisam de espaço escrevendo, produzindo e dirigindo nossas histórias. Jill está criando a estrutura para que isso seja uma realidade.
Ler sobre sua trajetória é ler uma série “a primeira mulher trans a...” Você abriu muitas portas. Não se cansa de tocar paralelamente ativismo e atuação de maneira tão intensa? Porque por mais que tenha havido muito avanço, ainda é um caminho longo até você poder dar uma entrevista em que não seja relevante perguntar a respeito de violência contra as comunidades trans e LGBT.
É importante para mim lembrar quem eu sou, porque estou aqui e o que é esperado que eu faça. Me deram essa plataforma e sinto que com ela vem uma responsabilidade. Tendo a encarar como uma honra, não como um peso.
Dá para sentir falta dos dias quando você não tinha isso nas costas? Tem algo que você costumava fazer antes e que agora não pode mais?
Eu sinto falta do anonimato mesmo. Adorava simplesmente sentar no parque e assistir às pessoas em Nova York. Agora eu sou a pessoa a que elas querem assistir. Não que eu já não chamasse atenção antes.
Em uma entrevista para a Rolling Stone há alguns anos você mencionou que amava dançar e frequentar karaokês. Ainda faz isso? O que canta?
Faz um tempo que não vou ao karaokê, mas ainda vou sempre que posso. E saí para dançar na semana passada mesmo. Tenho várias músicas que sempre canto no karaokê: “Chandelier”, da Sia. “Titanium”, do David Guetta com a Sia, “Someone Like You”, da Adele. Eu frequentemente tento cantar “The Phantom of the Opera” também, mas geralmente não consigo alcançar as notas mais altas.
O drama jurídico Doubt, que você coestrelava, infelizmente durou pouco – foi cancelado depois de dois episódios. Você está trabalhando em algum outro projeto atualmente, além de Orange?
Estou tentando criar a minha própria série no momento, algo com roteiro. Estou muito animada com a ideia de me envolver mais com o que acontece atrás das câmeras também.
Li que ainda trabalhava em um restaurante depois que a primeira temporada de OITNB estreou. Então sua fama foi “da noite para o dia”, de certa forma. Sei que já era muito ativa na luta pelos seus direitos antes de ser conhecida, mas consegue pontuar o quão mais efetiva consegue ser agora?
Eu era uma performer em um restaurante temático de drags chamado Lucky Chengs logo antes de ser escalada para Orange Is the New Black. Eu certamente estava envolvida e advogando pela causa antes disso, mas agora muito mais gente quer ouvir o que tenho a dizer.
Como as pessoas que não têm acesso a esse megafone podem atuar em suas respectivas causas?
No dia a dia, quando vemos pequenas injustiças e microagressões, podemos intervir de forma amável e desafiar essas circunstâncias. Se há uma causa que realmente te chama para a briga, você deve ir atrás e ver como pode fazer a diferença.
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