Lena Dunham Dennis Van Tine/Sipa USA/AP Images - Dennis Van Tine/Sipa USA/AP Images

Lena Dunham

A criadora de Girls comenta críticas e revela os planos para a carreira após o fim da série

Brian Hiatt Publicado em 19/03/2017, às 10h38

“Sempre irritei as pessoas”, diz Lena Dunham. Só que ela fez muito mais do que arregimentar todo tipo de críticos nos últimos cinco anos: além de sua autobiografia best-seller (Não Sou uma Dessas, de 2014) e a inteligente newsletter feminista que produz, Lenny Letter, o seriado Girls, criado e protagonizado por ela, tem sido consistentemente hilário e inovador. Lena se prepara para dizer adeus ao trabalho que catapultou sua carreira – a sexta e última temporada estreou em fevereiro.

O que você queria que a última temporada de Girls atingisse?

Sempre quisemos terminar enquanto as pessoas ainda estavam envolvidas com o seriado. Parecia que a coisa mais triste que poderia acontecer era que pensassem “Girls ainda está passando?” É uma espécie de separação intensa e dolorosa de uma família, mas também é uma das experiências criativas mais inspiradoras que você pode ter.

Como você lidou com o desafio de fazer um último episódio? Assistiu a episódios finais de outras séries no processo?

Conversamos muito sobre outros programas que achamos que tinham feito a coisa certa, mas meio que propositadamente não moldamos o nosso a partir de nenhum deles. O nono episódio da temporada é uma espécie de final tradicional, mas aí o décimo é quase como um epílogo em curta-metragem. Fizemos de um

jeito um pouco diferente.

O que você acha do fato de algumas pessoas terem te culpado, de alguma forma, por Hillary Clinton ter perdido a eleição?

Apoiei Hillary Clinton quando muita gente da minha faixa etária estava do lado do Bernie [Sanders], então ouvia merda da direita por ser uma “liberal retardada” e dos jovens por apoiar o que eles consideravam uma candidata corporativa. Foi doloroso quando disseram “a Hillary perdeu porque Lena Dunham é um péssimo exemplo de liberalismo”, mas todos estão chateados e assustados e precisam culpar alguém. É mais fácil me culpar do que, tipo, culpar o George Clooney por não fazer discursos suficientes ou algo assim. Mesmo que eu seja o saco de pancadas para isso, sei onde meu coração está e sei por que senti a necessidade de fazer campanha por Hillary.

Em geral, o que você aprendeu com o jeito como sua amiga Taylor Swift aborda a carreira dela?

Ela é uma figura pública desde os 15 anos. Eu me sentia jovem quando minha carreira começou e já tinha 23, 24 anos. Quando a conheci, ela tinha acabado de fazer 22 e era uma profissional supertarimbada. Observar a forma como ela entende as vicissitudes do ciclo e simplesmente continua fazendo seu trabalho me deixa impressionada. É como espero viver minha vida: não sendo uma escrava da opinião pública, mas sim alguém que continua fazendo coisas independentemente dela.

Você continuará atuando depois de Girls?

Tenho sentimentos conflitantes quanto a isso. Obviamente, se os irmãos Coen disserem “escrevemos este papel para você” ou se Andrea Arnold falar “quero que você venha fazer o papel de uma mãe complexa no norte da Inglaterra”, responderei “claro”, mas não tenho interesse em atuar só por atuar. Realmente comecei por acidente, porque não sabia quem mais poderia fazer esse tipo de arquétipo específico, me diverti muito e tive muita sorte. Mas não acho que meu futuro esteja aí.

Qual o plano para sua vida criativa pós-Girls?

Quero continuar escrevendo. Estou trabalhando em um livro de ficção há dois anos e meio. O nome é Best and Always [Melhor e Sempre] e lançarei no início de 2018. São contos sobre relações entrecruzadas entre homens e mulheres em várias combinações. “Best and always” é algo que [a diretora, roteirista e produtora] Jenni Konner e eu dizemos uma para a outra nas mensagens de texto. Nós duas continuaremos trabalhando na Lenny Letter. Depois vou fazer filmes, espero. Não estou tentando conseguir um baita sucesso de bilheteria, não que eu pense que alguém me ache boa para isso. Mas, por mais que ame meu trabalho, estou um pouco empolgada em deixar outra pessoa ser a garota-propaganda do liberalismo branco. Vai ser uma bela transição se acontecer [risos].

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