“Sexo é um sentimento e uma força que Deus nos deu para aproveitarmos juntos. Mas com amor, entende?”
Pedro Antunes Publicado em 09/09/2014, às 15h59 - Atualizado às 17h17
Lenny Kravitz já disse por aí que era a favor (e praticante) do celibato. Já há alguns anos, ele evita falar sobre o assunto diretamente em entrevistas, mas isso não quer dizer que o artista, que acaba de completar 50 anos, não possa fazê-lo através da música. O novo e décimo álbum dele, Strut, soa devasso e foge do idealismo pregado no trabalho anterior, Black and White America (2011). Nesta entrevista à Rolling Stone Brasil, contudo, Kravitz está mais próximo daquele sujeito que preferia permanecer casto até conhecer a esposa do que do garanhão de barriga tanquinho que estampa a capa do novo disco.
No trabalho anterior, ouvimos uma aproximação com o funk. Desta vez, estamos diante de um álbum bem roqueiro. É isso?
É um disco espontâneo, bem básico nesse quesito de baixo, guitarra e bateria. O espírito dele também é livre.
O trabalho anterior passavaa impressão de ser mais saudosista. O que mudou em você?
Não sou eu quem decide como o disco vai sair. Ele mesmo se decide, entende? Não tenho controle sobre isso e é assim que é. Mesmo que eu tivesse uma ideia preconcebida e pensasse em fazer esse ou aquele disco, não funcionaria.
Lembro-me de você falando que o funk do disco anterior estava nas suas raízes. O rock também? De que forma?
Desde quando era uma criança. Ouvia Jackson 5, Jimi Hendrix, Led Zeppelin. Esse tipo de música simplesmente me comovia quando ouvia no rádio do carro dos meus pais ou nos discos.
Preciso confessar que me surpreendi com o teor de “Sex”, a faixa que abre o álbum.
[Sexo] é vida. É um sentimento e uma força incrível que Deus nos deu para aproveitarmos juntos. Mas com amor, entende? Essa música fala sobre o poder da atração e esse sentimento que arrebata você naquele momento.
Outra força motora que parece surgir neste disco é a fossa, aquele sentimento de coração partido. São as principais fontes de inspiração para você hoje?
Estar na fossa é algo extremamente difícil, mas fortalece você – isso quando você consegue superar isso. É outra emoção forte. Quando falamos de sexo, coração partido, amor, paixão, tudo isso é um poderoso material para composição. E todos nós lidamos com isso na nossa vida cotidiana. Se você é um artista, você pode criar algo belo a partir da sua dor.
Você chegou aos 50 anos, mas não aparenta essa idade. Isso é mostrado inclusive na capa do disco. O quanto você se importa com esse lado físico?
Até faço uma coisa ou outra para tomar conta do meu corpo, mas acho que tem muito mais de genética, basicamente. Algumas pessoas envelhecem de forma diferente das outra. Tenho muita sorte.
Sua filha, Zoë Kravitz, tem hoje 25 anos. Como é a relação entre vocês?
Posso dizer que sou o melhor amigo da minha filha. Ser pai é ter esse amor incondicional. É a relação mais incrível do mundo.
Ela optou por seguir a carreira de atriz e passou por algumas franquias de apelo jovem, como X-Men: Primeira Classe e Divergente. O que você tem achado das escolhas dela?
Estou muito feliz por ela. É sempre ela quem decide, nunca interferi em nada. Zoë está fazendo o que ama fazer e está feliz.
Você interpretou um estilista na franquia de filmes Jogos Vorazes. Existe uma preocupação com a forma de se vestir?
O que eu escolho para vestir sempre reflete algum tipo de ideia. A moda é sempre uma forma de projetar parte da sua personalidade, parte do que você é. Todos nós temos o nosso estilo próprio.
Li que você comprou uma casa no Rio de Janeiro. Tem planos futuros de largar as Bahamas e se mudar para o Brasil permanentemente?
Eu estou planejando passar mais tempo por aí, sim. Amo o Brasil em geral, mas sou apaixonado pelo Rio de Janeiro. Até conheço algumas palavras em português. Mas não falo nada.
Falando em Brasil, como estão os planos de passar por aqui com uma turnê?
Vamos fazer isso em 2015.
Seria no Rock in Rio, como em 2011?
Acredito que não. De repente, faço uma apresentação só minha.
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