Lobão repassa pontos essenciais de sua carreira e supera antigos traumas em sua autobiografia
Por Tiago Agostini Publicado em 13/01/2011, às 16h28
"Foi um psicodrama. Chorei e ri muito enquanto estava escrevendo o livro", conta Lobão sobre o período entre julho de 2009 e abril deste ano em que concebeu a autobiografia Lobão - 50 Anos a Mil. Sentado ao lado de uma bateria no estúdio caseiro nos fundos de sua casa, em São Paulo, o mesmo local onde escreveu a obra, o cantor está inquieto: se mexe na cadeira, anda até o frigobar, coloca a mão no bolso, mexe no computador e desanda a falar por quase duas horas sobre o processo de recordar sua vida. O estúdio é peque- no e simples. "É do tamanho do meu quarto de criança, e com a mesma configuração: uma cama, a bateria e cheio de livros na parede."
A autobiografia surgiu durante uma conversa com o jornalista Cláudio Tognolli, coautor do texto. À época, os dois trabalhavam em um thriller na linha de Vida Bandida, o disco de 1987 gravado na prisão, quando o jornalista sugeriu a biografia. "Ele disse: 'Lobão, está na hora de dar uma carteirada nas pessoas'. Porque eu sempre fui tirado das histórias, fui o melhor amigo do Cazuza e não estou no filme dele." O cantor mergulhou nas lembranças, enquanto Tognolli fazia pesquisa de dados e colhia depoimentos de amigos do cantor. "Passava a manhã inteira escrevendo e, depois do almoço, mesmo que não voltasse, ficava bolando a trama que escreveria no dia seguinte", conta.
O músico teve de enfrentar traumas pessoais variados, como as doenças na infância, a superproteção da mãe, o relacionamento conturbado com o pai, a dificuldade para viver em grupo e até as tentativas de suicídio. Demorou a achar o tom da história. "Poderia ter feito o livro de forma caótica, mas me peguei escrevendo com carinho e cuidado dessas pessoas, e o livro foi uma epifania pura, fui remendando minha vida." Contando com detalhes da infância introspectiva, o cantor espera desfazer a caricatura de "homem do contra" que marcou sua imagem.
As escolhas extravagantes da vida adulta também estão todas lá - e não em forma de arrependimento de alguma delas. "Me chamaram de louco quando saí da Blitz que estava estourando para a carreira solo, mas eu estava me protegendo o tempo inteiro." A imprevisibilidade de sua personalidade parece ser, ao mesmo tempo, um dos seus maiores orgulhos. "Se um futurólogo me analisasse em 1987, ou teria previsto um fim trágico ou uma história bem menos interessante", opina. Aos 53 anos (e há dois e meio morando em São Paulo), Lobão diz estar em paz com ele mesmo e afirma que finalmente achou seu lugar. "Sempre fui um náufrago, passei a vida inteira pensando em voltar a meu lar. Quando terminei o livro, percebi que eu sou meu lar. Onde estiver eu produzo aconchego."
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