(Da esquerda para a direita) Monstro, Lunina, Bruno Ramos e Six: na contramão da música regional - Bruna de Marco

Lulina

Amor e humor com sotaque recifense

Alê Duarte Publicado em 14/08/2007, às 17h36 - Atualizado em 11/09/2007, às 11h36

Nos últimos 25 anos, o ator Jerry Lewis sofreu enfarte, dores crônicas nas costas, câncer de próstata, virose pulmonar, foi internado por causa de esteróides que tomou para se tratar e ainda engordou dezenas de quilos. E nenhuma cantora brasileira deu a mínima bola pra tudo isso, exceto Lulina. "Eu andava muito doente, ficava direto resfriada e vi uma matéria em uma revista que falava sobre o Jerry Lewis. Na hora tive a idéia e escrevi a música. Mostrei pra uns amigos, eles acharam engraçado e decidi gravar", conta a cantora recifense radicada há 4 anos em São Paulo.

A canção "Jerry Lewis" dá uma boa mostra do som de Lunina, que explora letras bem-humoradas com certas doses de fofura que se revelam em melodias simples. Suas influências vão de Velvet Underground, Cat Power e Mutantes a sambas antigos, além de sonoridades do indie rock. "Quando eu dizia que era de Recife, todos esperavam alguma coisa regional, de mangue beat, mas minha música não tem nada disso, apesar de eu escutar bastante." Assim, Lulina contraria uma constante dos músicos nordestinos, que é ter de carregar todo o folclore regional nas cordas.

A carreira começou por acaso. Aprendeu a tocar violão aos 15 anos, usando as famosas revistinhas de cifras. Começou a compor e produzir seus discos de forma caseira, gravando todo ano, sempre acompanhando uma temática quase autobiográfica, como uma espécie de anuário musical. "Vim para São Paulo trabalhar com publicidade. Então alguns amigos ouviram minhas canções e decidimos montar uma banda", explica a cantora, que está em estúdio trabalhando em seu primeiro álbum por uma gravadora "de verdade", a independente Slag Records, com lançamento previsto para o primeiro semestre deste ano. Lulina confessa certo nervosismo, mas não perde o humor até para dar o título provisório ao disco: "Cristalina, já que nunca gravei com tão pouco ruído".

Numa sucessão de acasos, Lulina tem feito cada vez mais shows e aproveitará para lançar seus antigos discos caseiros pelo selo Peligro. "Eu sempre fiz esses discos e entregava pra quem me pedia, mas dava trabalho porque a capa era feita de forma manual." Não é mais. E vale a pena conferir o sotaque da moça, só por acaso.

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